Bispo Católico, Monsenhor Viganò, acusa Papa Francisco

A Igreja está envolta nas trevas do modernismo, mas a vitória pertence a Nosso Senhor e a sua Esposa. Queremos continuar a professar a fé perene da Igreja diante dos rugidos do mal que a assedia.

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Cumprindo nosso dever de informar a opinião pública Católica, reproduzimos forte artigo de Sua Excelência, o Mons. Carlo Maria Viganò, publicado por Corrispondenza Romana em 19-12-2019. O Documento constitui um forte ato de acusação ao Papa Francisco e, ao mesmo tempo, de ardente amor à Igreja.

Maria Imaculada Virgem Mãe – Acies Ordinata, ora pro nobis

Eis o que diz o Senhor Deus que criou os céus e os desdobrou,
que firmou a terra e toda a sua vegetação,
que dá respiração a seus habitantes,
e o sopro vital àqueles que pisam o solo: […]
“Eu sou o Senhor, este é meu nome,
a ninguém cederei minha glória, nem a ídolos minha honra”. […]
Tal como um herói, o Senhor avança;
como um guerreiro, ele desperta seu ardor;
lança seu grito de guerra,
como um herói que afronta seus inimigos.
Muito tempo guardei o silêncio,
permaneci mudo e me contive.
Mas agora grito, como mulher nas dores do parto;
minha respiração se precipita.
Vou devastar montanhas e colinas,
secar toda a vegetação,
transformar os cursos de água em terras áridas
e fazer secar os tanques. […]
Retrocederão, cheios de vergonha,

aqueles que se fiam nos ídolos,

e que dizem às estátuas fundidas: “Sois nosso Deus”. […]
Quem então entregou Jacó aos saqueadores,
Israel aos depredadores?
Não é o Senhor contra quem pecamos,
cujas vias não quiseram seguir,
nem respeitar suas ordens.
Então despejou sobre eles sua cólera,
e as violências da guerra;
esta os envolveu de chamas sem que se apercebessem,
e os consumiu sem que dessem atenção. (Is 42, 5-25)

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Dom Carlo Maria Viganò

“Existe no coração da Virgem Maria algo além do Nome de Nosso Senhor Jesus Cristo? Também nós queremos ter em nossos corações apenas um nome: o de Jesus, como a Santíssima Virgem”.

A trágica parábola deste pontificado avança com uma sucessão insistente de encenações. Não se passa um dia sem que do mais alto trono o Sumo Pontífice proceda ao desmantelamento da Sé de Pedro, usando e abusando da autoridade suprema; não para confessar, mas para negar; não para confirmar, mas para enganar; não para unir, mas para dividir; não para construir, mas para demolir.

Heresias materiais, heresias formais, idolatria, superficialidades de todos os tipos: o Sumo Pontífice Bergoglio não cessa de rebaixar obstinadamente a mais alta autoridade da Igreja, “desmitificando” o papado — como poderia dizer seu ilustre companheiro Karl Rahner. Com seu modo de dizer e fazer, sua ação visa desfigurar o Depósito Sagrado e mutilar a Face Católica da Esposa de Cristo. Por meio de dissimulações e mentiras, com seus gestos de ostensiva espontaneidade, mas meticulosamente pensados e planejados, ele se enaltece numa contínua autocelebração narcisística, enquanto a figura do Romano Pontífice é humilhada, obscurecida a do Doce Cristo na Terra.

Sua ação se serve da improvisação magisterial – daquele magistério improvisado, fluido, insidioso como areia movediça – não somente em altos temas à mercê dos jornalistas de todo o mundo, naqueles espaços etéreos que podem evidenciar um delírio patológico de onipotência ilusória, mas no âmbito das funções mais solenes que devem incutir um tremor sagrado e respeito reverente.

Por ocasião da comemoração de Nossa Senhora de Guadalupe, o Papa Bergoglio deu vazão mais uma vez à sua incontida aversão mariana, a qual evoca a da Serpente na história da Queda e no Protoevangelho; profetiza a inimizade radical posta por Deus entre a Mulher e a Serpente; e a hostilidade declarada desta última, que tentará até o fim dos tempos fazer ciladas ao calcanhar da Mulher, para triunfar sobre Ela e sua posteridade. Foi uma agressão manifesta do Pontífice aos sublimes atributos e prerrogativas, que fazem da Imaculada Mãe de Deus o complemento feminino do mistério do Verbo Encarnado, intimamente associada a Ele na economia da Redenção.

Depois de tê-la rebaixado a “vizinha da casa ao lado”, ou a migrante em fuga, ou a simples leiga com os defeitos e as crises de qualquer mulher marcada pelo pecado; depois de reduzi-la a mera discípula, que obviamente não tem nada a nos ensinar; depois de tê-la banalizado e dessacralizado, como as feministas que estão ganhando espaço na Alemanha com seu movimento “Maria 2.0” (com o objetivo de modernizar a Santíssima Virgem para torná-la um simulacro, à imagem e semelhança delas), o Papa Bergoglio enfureceu-se contra a Augusta Rainha e Imaculada Mãe de Deus, que “se mestiçou com a humanidade […] e mestiçou o próprio Deus”. Com um par de gracejos, ele atingiu o coração do dogma mariano e do dogma cristológico a ele associado.

Os dogmas marianos são a chancela aplicada às verdades católicas de nossa fé, definidas nos Concílios de Nicéia, Éfeso e Calcedônia; eles são o baluarte inquebrantável contra as heresias cristológicas e contra o desencadear furioso das Portas do Inferno. Quem os “mestiçou” e os profana mostra que está do lado do Inimigo. Atacar Maria é atacar o próprio Cristo. Atacar a Mãe é levantar-se contra o Filho e rebelar-se contra o próprio mistério da Santíssima Trindade. A Imaculada Theotokos [Mãe de Deus], “terrível como exército em ordem de batalha e com estandartes desfraldados” (acies ordinata), combaterá para salvar a Igreja, destruindo o exército do Inimigo libertado das correntes, que a Ela declarou guerra; e com ele todas as pachamamas demoníacas retornarão definitivamente ao inferno.

O Papa Bergoglio parece não conter mais sua aversão à Imaculada, nem mesmo consegue ocultá-la sob aparente devoção ostentatória; sempre sob os holofotes das câmeras, abandona a solene celebração da Assunção e a recitação do Rosário com os fiéis, que no tempo de S. João Paulo II e do Papa Bento XVI enchiam o Pátio de São Damaso e a loggia superior da Basílica de São Pedro.

O Papa Bergoglio se vale da pachamama para abalar Nossa Senhora de Guadalupe. A entronização desse ídolo da Amazônia no Altar da Confissão em São Pedro não passou de uma declaração de guerra contra a Senhora e Padroeira de todas as Américas; a qual, com sua aparição a Juan Diego, e graças à sua mediação materna, destruiu ídolos demoníacos e conquistou os índios para Cristo e para a adoração ao Verdadeiro e Único Deus. E isso não é uma lenda!

Poucas semanas após o encerramento do evento sinodal, que marcou a instalação da pachamama no coração do catolicismo, descobrimos que o desastre conciliar do Novus Ordo Missae passa por uma modernização adicional, incluindo a introdução do “orvalho” no Cânon eucarístico, em vez da menção ao Espírito Santo, a terceira Pessoa da Santíssima Trindade.

Trata-se de um passo rumo à regressão do culto católico ao naturalismo imanentista, a um Novissimus Ordo panteísta e idólatra. O “orvalho” — uma entidade presente no “lugar teológico” dos trópicos amazônicos, como ficamos sabendo pelos Padres sinodais — figura como o novo princípio imanente de fertilização da Terra, que a “transubstancia” em um Todo panteisticamente interconectado, ao qual os homens são assimilados e submissos para maior glória da pachamama. E eis-nos lançados nas trevas de um novo paganismo, globalista e ecotribal, com seus demônios e suas perversões. Com esta enésima adulteração litúrgica, a Revelação divina decai da plenitude para o arcaísmo; da identidade hipostática do Espírito Santo desliza-se para a evanescência simbólica e metafórica do orvalho, que a gnose maçônica adotou já faz tempo.

Voltemos por um momento, porém, às estatuetas idólatras de rara feiura, e à declaração do Papa Bergoglio no dia seguinte à retirada delas da igreja da Traspontina e seu lançamento no Tibre. Também desta vez, as palavras do Papa têm o mau odor de uma mentira colossal. Ele nos fez acreditar que as figuras foram prontamente exumadas das águas imundas, graças à intervenção dos carabinieri. Fica-se atônito ante o fato de uma trupe do Vatican News coordenada por Tornielli, Spadaro da Civiltà Cattolica, além de repórteres e cinegrafistas da imprensa oficial, não terem registrado a façanha dos mergulhadores e o resgate das pachamamas. É igualmente inverossímil que uma operação tão espetacular não tenha sequer chamado a atenção de transeuntes com seus celulares, para filmar e depois lançar esse furo de reportagem nas redes sociais. Ficamos tentados a apresentar esta dúvida à pessoa que fez tal declaração. Certamente, ainda desta vez, ele nos responderia com seu eloquente silêncio.

Há mais de seis anos estamos sendo envenenados por um falso magistério, uma espécie de síntese extrema de todas as formulações conciliares ambíguas e dos erros pós-conciliares, que se espalharam sem interrupção e sem que a maioria de nós os percebesse. Sim, porque o Vaticano II abriu não apenas a Caixa de Pandora, mas também a Janela de Overton; e o fez de maneira tão gradual, que não percebemos a adulteração introduzida, a verdadeira natureza das reformas, suas dramáticas consequências; e sem mesmo nos vir a suspeita sobre quem estava realmente dirigindo aquela gigantesca operação subversiva, que o cardeal modernista Suenens chamou de “1789 da Igreja Católica”.

Assim, no decurso das últimas décadas, o Corpo Místico vem sendo lentamente drenado de seu sangue vital, por uma hemorragia incontenível: gradualmente dilapidado o sagrado Depósito da Fé; os Dogmas desnaturados; o Culto paulatinamente secularizado e profanado; a Moral saqueada; o Sacerdócio envilecido; o Sacrifício eucarístico protestantizado, transformado em um banquete de confraternização…

Agora a Igreja está esmorecida, coberta por metástases, devastada. O povo de Deus, analfabeto e despojado de sua fé, tateia nas trevas do caos e da divisão. Nas últimas décadas, os inimigos de Deus transformaram progressivamente em terra devastada dois mil anos de Tradição. Com uma aceleração sem precedentes — graças à carga subversiva deste pontificado, apoiada pelo poderoso aparelhamento jesuítico —, um golpe mortal está sendo assestado contra a Igreja.

Com o Papa Bergoglio — assim como com todos os modernistas — é impossível buscar clareza, pois a marca distintiva da heresia modernista é precisamente a dissimulação. Mestres do erro e especialistas na arte do engano, “trabalham para fazer aceitar universalmente o que é ambíguo, apresentando-o por seu lado inofensivo, que servirá como passaporte para introduzir o lado tóxico, que no início era mantido oculto” (Pe. Matteo Liberatore, SJ). Assim, a mentira repetida obstinadamente e obsessivamente acaba se tornando “verdade” e aceita pela maioria.

Também tipicamente modernista é a tática de afirmar o que se quer destruir, mas utilizando termos vagos e imprecisos, favorecendo o erro sem nunca formulá-lo claramente. É exatamente isso o que o Papa Bergoglio faz, com seu amorfismo dissolvente dos Mistérios da Fé, com a imprecisão doutrinária que lhe é própria, através da qual ele “mestiça” e destrói os dogmas mais sagrados, como fez com os dogmas marianos da Sempre Virgem Mãe de Deus.

O resultado desse abuso de poder é o que temos agora diante dos nossos olhos: uma Igreja Católica que não é mais católica; um recipiente esvaziado do seu conteúdo autêntico e cheio de produtos reciclados.

O advento do Anticristo é inevitável, faz parte do epílogo da História da Salvação. Mas sabemos que é o prelúdio do triunfo universal de Cristo e de sua gloriosa Esposa. Aqueles dentre nós que não se deixaram enganar por esses inimigos da Igreja, enfeudados no corpo eclesial, devem unir-se e formar uma frente comum contra o Maligno. Apesar de há muito derrotado, ele ainda é capaz de prejudicar e provocar a eterna perdição de multidões. Mas a Virgem, nossa guia, lhe esmagará definitivamente a cabeça.

Agora é a nossa vez! Sem equívocos, sem nos deixarmos expulsar desta Igreja da qual somos filhos legítimos, e na qual temos o sacrossanto direito de nos sentir em casa; sem que a horda odiosa dos inimigos de Cristo nos faça sentir marginalizados, cismáticos e excomungados.

Agora é a nossa vez! O triunfo do Imaculado Coração de Maria, Corredentora e Medianeira de todas as graças, passa por seus “pequenos”. Certamente são frágeis e pecadores, mas de posição absolutamente contrária à do exército do Inimigo. “Pequenos”, consagrados sem nenhum limite à Virgem Imaculada, são apenas o seu calcanhar – a parte mais humilde e desprezada, mais odiada pelo inferno – que junto a Ela esmagará a cabeça do Monstro infernal.

São Luís Maria Grignion de Montfort se perguntava: “Mas quando ocorrerá este triunfo? Só Deus o sabe”. Nossa tarefa consiste em vigiar e orar, como recomendado ardentemente por Santa Catarina de Siena: “Ai! Eu morro e não posso morrer. Não adormeçais na negligência, fazei tudo o que vos for possível no tempo presente. Confortai-vos no doce amor de Jesus Cristo. Lavai-vos no Sangue de Cristo crucificado. Ponde-vos na cruz com Cristo crucificado. Escondei-vos nas chagas de Cristo crucificado”. (Carta 16)

A Igreja está envolta nas trevas do modernismo, mas a vitória pertence a Nosso Senhor e à sua Esposa. Queremos continuar a professar a fé perene da Igreja diante dos rugidos do mal que a assedia. Queremos velar com Ela e com Jesus neste novo Getsêmani do fim dos tempos; rezar e fazer penitência em reparação pelas muitas ofensas que lhes são infligidas.

+ Carlo Maria Viganò
Arcebispo. tit. de Ulpiana
Núncio Apostólico
19 de dezembro de 2019

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