O Caminho Sinodal está levando a Igreja Católica na Alemanha à beira do cisma. Grupelhos de progressistas radicais, tanto no episcopado quanto no laicato, vêm lutando para estabelecer uma igreja nacional e criar fatos consumados.
A TFP alemã alertou, desde o início das discussões do Caminho Sinodal, por meio de seu presidente Mathias von Gersdorff, para os graves erros no campo da doutrina e da moral que poderiam levar partes da Igreja na Alemanha ao cisma e à heresia.
Além de intervir na discussão doutrinária ao longo dos últimos dois anos, a TFP alemã realizou recentemente duas tomadas de posição públicas.
A primeira deu-se em Aachen, no dia 28 de fevereiro último. Duas semanas antes havia circulado nas redes sociais da diocese a exigência de bênçãos para duplas homossexuais, ilustrada com a foto de dois homens se beijando.
Em reparação por esse escândalo, bem como pelo fortalecimento da fé católica e a conversão da Alemanha, voluntários da TFP e fiéis de várias paróquias de Aachen se reuniram diante da catedral para difundir uma nota de protesto dirigida ao bispo local, Dom Dieser, e rezar um terço público.
Em resumo, a nota de protesto afirma que:
- A realização de cerimônias de bênção para parcerias ditas “de vida alternativa” contraria o “Responsum ad dubium” de 22 de fevereiro de 2021, no qual está explicado — com ênfase para duplas do mesmo sexo — que a Igreja não tem autoridade para dar tais bênçãos.
- A Secretaria de Estado, em sua carta de 21 de julho de 2022 à Conferência Episcopal Alemã, proibiu expressamente qualquer mudança autônoma no magistério e administração eclesiástica.
- A implementação de cerimônias de bênção contradiz expressamente o controverso Caminho Sinodal. Tal se dá porque o texto básico “Relacionamentos bem-sucedidos”, que teologicamente justificaria tais cerimônias, não recebeu a maioria necessária na IV Assembleia Sinodal em setembro de 2022.
- Dom Georg Bätzing, presidente da conferência episcopal alemã, sempre ressalta que a Alemanha não está no caminho do cisma e não percorre “uma via especial”, e que os bispos alemães adeririam às diretrizes e às leis da Igreja. Porém, a implementação de cerimônias de bênçãos de parcerias homossexuais aumenta a suspeita de que tais declarações não passam da tática de protelação, porque em algumas dioceses já estão se dando fatos consumados. Assim, a realização de cerimônias de bênção é uma grave transgressão da fé e da moral católica, constituindo grave agressão à unidade da Igreja.
- Por estas razões, a TFP alemã pedia a Dom Dieser que fizesse todo o possível para garantir que tais cerimônias de bênção não mais ocorressem em sua diocese e explicasse a todos os seus órgãos relevantes (paróquias, centros pastorais etc.) no quê tais cerimônias de bênção contradizem a Moral e o Magistério católico.
A manifestação da TFP no dia 28 de fevereiro, em frente à catedral de Aachen, levou esquerdistas de todo o naipe a se organizarem prontamente. Incomodados com a presença de tantos jovens voluntários da TFP e de católicos conservadores, grupos ligados aos movimentos LGBT, Antifa, feministas e afins promoveram uma ruidosa “acolhida”, que só serviu para demonstrar o que os ativistas infiltrados no Caminho Sinodal Alemão realmente querem introduzir no seio da Santa Igreja: o pecado, o vício e a perversão.
Logo após o terço público, Mathias von Gersdorff, presidente da TFP alemã, pronunciou uma conferência na sede local da Associação Alemã por uma Civilização Cristã (DVCK) sobre o tema: O Caminho Sinodal Alemão e o Projeto de uma Nova Igreja.
A segunda manifestação pública da TFP alemã ocorreu em Frankfurt, no dia 9 de março, quando os bispos e participantes do “Caminho Sinodal” se reuniram para votar as decisões finais, com ênfase no celibato sacerdotal, no sacerdócio feminino e nas bênçãos para parcerias de “vida alternativa”.
Diante do Europa Cap, edifício onde se realizou o encontro, dois grupos bem distintos: de um lado, os católicos conservadores, dos quais faziam parte os voluntários da TFP, a rezarem o terço; de outro, progressistas e ativistas do movimento LGBT.
Lamentavelmente, apesar da discordância de nove bispos, dois terços do episcopado alemão acabaram por aprovar a introdução da “cerimônia de bênção para parceiros, que se amam”…, portanto, para todo tipo de parceria sexual possível.
Na ocasião, foi distribuído um manifesto conclamando os católicos a resistirem a tal resolução, demolidora da moral e da unidade católica, cujo texto é o seguinte:
Santíssima Virgem, S. Bonifácio, S. João Batista, ajudai-nos a lutar pela Igreja e pela Fé católica!
São João Batista foi decapitado por haver increpado a conduta imoral e escandalosa de Herodes. Por isso a ele nos voltamos, no momento mesmo em que repetimos suas palavras aos pastores do rebanho católico que abrem as portas de par em par ao lobo da heresia, do cisma e da imoralidade: Non licet tibi! (Não te é lícito!).
Fazemo-lo não com espírito de revolta, mas de resistência. A mesma atitude que levou Plinio Corrêa de Oliveira, inspirador do nosso movimento, a resistir à política de concessões de setores da Igreja aos regimes comunistas. Nas palavras do famoso pensador católico, a Igreja não é, nunca foi e nunca será um calabouço para consciências retas. Uma autoridade eclesiástica não pode obrigar os fiéis a aceitar o que é obviamente inaceitável.
Nossa resistência, portanto, não é separação, nem rebeldia, nem amargura, nem presunção. Mas ela se dá dentro dos limites da doutrina da Igreja. A essa atitude respeitosa, mas firme, somos levados pelo próprio Direito Canônico, quando prescreve: “Os fiéis, segundo a ciência, a competência e a proeminência de que desfrutam, têm o direito e mesmo, por vezes, o dever de manifestar aos sagrados Pastores a sua opinião acerca das coisas atinentes ao bem da Igreja, e de a exporem aos restantes fiéis, salva a integridade da fé e dos costumes, a reverência devida aos Pastores, e tendo em conta a utilidade comum e a dignidade das pessoas.” (Can. 212, § 3).
Resistimos, pois, e convidamos todos os verdadeiros católicos apostólicos e romanos a fazer o mesmo. Não nos deixemos levar pelo desânimo e pela insegurança diante da revolução interna que ora presenciamos na Igreja. Ela já enfrentou outros ventos e outras tempestades, e saiu ainda mais engrandecida de cada um deles. O Credo, os 10 mandamentos, toda a Bíblia e o Magistério perene da Igreja nos confirmam nesta posição.
Que São Bonifácio nos ajude a ser corajosos em meio à procela. E que a Santíssima Virgem, tão graciosa, maternal e régia, estenda sobre nós o seu manto protetor.