As origens da catedral de Santa Maria, de Lugo, na Galícia, Espanha, são tão antigos que falando com propriedade se perdem na história.
Sabe-se que no tempo da evangelização da Galícia houve no local uma igrejinha que remontava ao século I e que durou até os tempos do bispo Odoario, no século VIII.
Uma velha pedra medieval, hoje na entrada do templo, fala que o prelado iniciou a restauração do prédio preexistente.
Um diploma do rei Alfonso II, datado em 27-III-832, descreve a nova catedral como um edifício de grande beleza. Esse rei, lembrado como o Rei Casto, fiz dela o modelo para a catedral de Oviedo.
No século XII, o bispo Pedro III decidiu substituir a catedral com um prédio religioso maior e mais solene.
Foi assim que em 1129, o mestre Raimundo de Montforte iniciou a construção de um novo templo desta vez em estilo românico. Ele perdura até nossa época com muito importantes acréscimos góticos e de outros estilos posteriores.
A catedral românica foi finalizada em 1273 e foi consagrada a Santa Maria, sob a invocação de “Virgem dos Olhos Grandes” (Virgen de los Ojos Grandes) padroeira da cidade.
A catedral possui o privilégio papal da exposição permanente do Santíssimo Sacramento. O cálice e a hóstia aparecem no escudo da cidade com a frase Hic hoc misterivm fidei firmiter prifitemvr (Acreditamos com fidelidade neste mistério), em referência ao mistério da Eucaristia. A frase foi incluída no próprio escudo do reino de Galícia. Por este fato, Lugo é conhecida como a cidade do Santíssimo Sacramento.
A Virgem dos Olhos Grandes, padroeira da cidade hoje se encontra numa capela anexa especialmente dedicada a ela. E sua festa coincide com a da Assunção de Nossa Senhora: 15 de agosto
O rei de Castela Alfonso X o Sábio lhe consagrou sua cantiga nº LXXVII, na qual descreve a cura de uma mulher que pediu saúde a Nossa Senhora, e a recuperou na catedral aos pés da Virgem dos Olhos Grandes.
A catedral assim resume como num leque todos os estilos da história da Igreja. Desde os primórdios, quando a Galícia estava habitada por povos celtas hoje diluídos na Espanha. Depois, da época gloriosa da conversão pela intercessão das relíquias do Apóstolo Santiago, veneradas em Compostela. A seguir, a era da Reconquista católica contra os mouros e os séculos de catolicidade subsequentes.
A Igreja Católica não é de uma só idade, nem de várias. Ela tem a soma das idades boas do passado, do que há de bom no tempo presente e de todas as belezas, perfeições e formas de santidade que haverá no futuro e que nós não conseguimos sequer imaginar. Pois todas as formas de beleza e santidade estão contidas em Nosso Senhor Jesus Cristo, presente verdadeira, real e substancialmente no Santíssimo Sacramento.
A catedral de Lugo é uma lição eloquente destas verdades.
Video: Cantiga 77: “Daquela que Deus mamou”
Como gostaria de conhecer estes monumentos erigidos em louvor a Deus!!!
A Igreja com esses edifícios magníficos demonstra o cuidado para com o culto Divino. Um local onde por meio da arte o homem louva a Deus e favorece a compreensão dos mistérios da fé. Pena que os edifícios das igrejas modernas nada favorece o culto que se deve prestar a Deus (adoração), Nossa Senhora (hiperdulía) e seus santos (dulia).