Extraímos um pequeno trecho de comentário do Prof. Plinio — sobre a velhice numa civilização católica — onde o homem deveria atingir um auge de sabedoria. É um artigo póstumo sobre o Dr. Antonio Ablas Filho, católico militante, médico em Santos, falecido em 1960.
Civilização em ascensão não teme a velhice
“Quando as civilizações estão em ascensão, os homens procuram ser graves, fortes e profundos. Não temem o envelhecimento, porque não vêem nele um caminhar para os abismos da decrepitude, mas sim para os píncaros da sabedoria e, mais do que isto, para as glórias do Céu.
“Quando as civilizações decaem, os homens procuram, pelo contrário, aparentar uma jovialidade de rapazolas, uma despreocupação de crianções, e a afabilidade invertebrada característica das almas sem princípios e imaturas. A velhice, eles a temem mais do que tudo, porque a terão inglória, marcada pela decrepitude e pelo isolamento, e entristecida pelas sombras da morte além da qual, imaginam eles, nada existe.
“Antonio Ablas Filho, por sua personalidade, era em nossos dias de decadência moral uma figura típica das eras ascensionais. Continha em si, vivas, as tradições de varonilidade da civilização cristã, que florescem hoje ali e acolá como promessas e, mais do que isto, como primícias do Reinado de Maria anunciado por São Luis Grignion de Montfort.” https://www.pliniocorreadeoliveira.info/1960_116_CAT_Um_grande_exemplo.htm
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Velhice, decrepitude somente? Ou apogeu de sabedoria?
Complementando o pensamento do prof. Plinio, em outro artigo: Churchill
“… a velhice, se pode representar a plenitude da alma, é certamente uma decadência do corpo. E, como o homem contemporâneo é materialista e tem os olhos fechados para tudo quanto é do espírito, claro está que a velhice lhe há de causar horror.
Um esplendor da mente que só a velhice pode dar
“Mas a realidade é que, se um homem soube durante toda a vida crescer não só em experiência, mas em penetração de espírito, em bom senso, em força de alma, em sabedoria, sua mente adquirirá na velhice um esplendor e uma nobreza que transluzirá em sua face e será a verdadeira beleza de seus últimos anos. Seu físico poderá sugerir a lembrança da morte que se aproxima. Mas em compensação sua alma terá lampejos de imortalidade.
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“Exemplo memorável do que afirmamos é, em nossos dias (1951), Winston Churchill, a cuja inteligência rutilante de lucidez, a cuja vontade de ferro um grande povo confiou a mais difícil das tarefas, que é reerguer um Império decadente.
“Nossa primeira gravura o apresenta aos 34 anos. É indiscutivelmente um moço bem apessoado, inteligente, de futuro.
“Mas nem seu olhar tem a profundeza, nem o porte a segurança, nem a fisionomia a força hercúlea da fotografia de Churchill em sua velhice, que apresentamos em nosso segundo clichê.
“A mocidade sem dúvida se foi, e com ela a louçania. Mas a alma cresceu enquanto o tempo marcava implacavelmente o corpo. E esta alma é por si só a coluna sobre a qual repousa todo um Império (inglês).
“Isto é – ainda mesmo na ordem meramente natural – a glória e a beleza do envelhecer.
“Quantos e quão mais decisivos seriam esses comentários se quiséssemos considerar os dados sobrenaturais do assunto!” https://www.pliniocorreadeoliveira.info/ACC_1951_012_O_problema_da.htm
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Um Churchill, católico, apostólico, romano, devoto da Santíssima Virgem: “Quantos e quão mais decisivos seriam esses comentários se quiséssemos considerar os dados sobrenaturais do assunto!”
Esses foram Carlos Magno, esse foi São Luis IX, esse foi São Fernando de Castela. Esses foram Anchieta e Nóbrega em solo brasileiro. No campo civil podemos citar os grandes nomes da Insurreição pernambucana — onde brancos, negros e índios se irmanaram para salvar o Brasil (1654) — ou os homens-chave da libertação do Rio de Janeiro (1567) estando o Brasil sob o governo de Mem de Sã. E outros …