Coronavírus, China: NYT publica entrevista de Dr. Li Wenliang: fui intimado a declarar-me culpado

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O médico, Dr Li Wenliang, que foi um dos primeiros a alertar sobre o surto de coronavírus no final de dezembro — foi silenciado pela polícia — morreu na sexta-feira após ser infectado pelo coronavírus, informou o hospital.

Uma sadia reação, de descontentamento, nas redes sociais chinesas

Apesar do rígido controle da internet na China, “a morte do médico Li Wenliang, de 34 anos, desencadeou um derramamento de tristeza e raiva nas redes sociais, com comentaristas nas redes sociais exigindo um pedido de desculpas das autoridades ao Dr. Li e sua família.

A (última) entrevista ao NYT

“Na semana passada, Elsie Chen, uma pesquisadora do Times trabalhando com nossos correspondentes Chris Buckley e Steven Lee Myers, entrevistou o Dr. Li. Ele pegou o vírus de um paciente e foi hospitalizado quando a Sra. Chen o entrevistou em 31 de janeiro e 1º de fevereiro, através da plataforma de mídia social WeChat.

P – Quando percebeu que esse novo vírus era altamente contagioso? Parecia que você não tinha tomado nenhuma precaução quando foi infectado.

Dr Li: Eu sabia quando a paciente com quem entrei em contato infectou a família dela, e fui infectado logo depois. Assim descobri que era altamente contagioso. O paciente não tinha sintomas, então fiquei descuidado.

P – Por que estava tão desconfiado naquele momento? Você já recebeu alguma notícia ou ouviu alguma coisa?

Dr. Li: Porque já havia pacientes sendo tratados quarentena.

P – Foi no final de dezembro?

Dr Li: Sim.

P – Havia outros médicos que compartilharam a informação e lembraram outros para se protegerem dessa pneumonia misteriosa?

Dr. Li: Houve discussões entre nossos colegas.

P – O que todo mundo estava falando? Como eles avaliaram a situação naquele momento?

Dr. Li: Era que o SARS poderia voltar. Precisávamos estar prontos para isso mentalmente. Tome medidas precações.

O Governo podia ter evitado tudo, se houvesse humildade, sinceridade e transparência

P – Olhando para trás o que aconteceu, você acha que a situação seria muito diferente agora se o governo Wuhan não tivesse impedido você de avisar os outros e compartilhar a informação? Você acha que teria sido melhor se a informação tivesse sido mais pública e transparente, para o público e para os médicos?

Dr. Li: Se os funcionários tivessem divulgado informações sobre a epidemia mais cedo, acho que teria sido muito melhor. Deveria haver mais abertura e transparência.

Fui coagido a me reconhecer como culpado

P – Como se sentiu quando a polícia o acusou de espalhar boatos?

Dr. Li: A polícia acreditava que este vírus não foi confirmado era o SARS. Eles acreditavam que eu estava espalhando rumores. Pediram-me para reconhecer que eu era o culpado.

Senti que estava sendo injustiçado, mas tive que aceitá-lo. Obviamente eu estava agindo por boa vontade. Fiquei muito triste ao ver tantas pessoas perdendo seus entes queridos.

(…) Meu filho mais velho tem 4 anos e 10 meses. O mais novo ainda não nasceu, previsto para junho. Sinto falta da minha família. Eu falo com eles por vídeo.

P – Quanto tempo vai levar para se recuperar? O que planeja fazer depois?

Dr. Li: Comecei a tossir em 10 de janeiro. Levarei mais 15 dias para me recuperar. Vou me juntar aos médicos para combater a epidemia. É aí que estão minhas responsabilidades.

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  • Dr. Li faleceu, vítima do coronavírus, na 5a feira. Que Deus tenha misericórdia de sua alma.
  • A repressão na China é uma rotina e uma institucionalização gerada pelo PCCh
  • Embora haja alguns dissidentes declarados na China, esse número diminuiu quando o Partido Comunista, sob o comando de Xi Jinping, reprimiu repetidamente advogados, jornalistas e empresários.Continua o NYT: “Nesta sociedade chinesa, altamente censurada, é raro pessoas comuns fazerem exigências e expressarem abertamente a raiva contra o governo. É ainda mais raro ver oficiais e chefes de grandes empresas demonstrarem emoções que podem ser interpretadas como descontentamento com o Estado”.Depois que as especulações sobre a morte de Li começaram a rodar online na noite de quinta-feira, “a máquina de propaganda do Partido Comunista entrou em ação, tentando controlar a mensagem. Mas não parecia tão eficaz quanto no passado”.
  • Tristeza, furor e luto popular
  • “A enxurrada de mensagens online de pessoas tristes, enfurecidas e de luto foi demais para os censores. O governo até pareceu reconhecer o tamanho da comoção do país enviando uma equipe para investigar o que chamou de “questões relacionadas ao Dr. Li Wenliang que foram relatadas pelo público”, embora sem dar mais detalhes.“Para muitas pessoas na China, a morte do médico trouxe à tona a raiva e a frustração reprimidas pela maneira como o governo lidou com a situação ao não compartilhar informações sobre o novo vírus.
  • “Também pareceu, para os internautas, que o governo não havia aprendido lições de crises anteriores (por exemplo SARS), continuando a anular as críticas e relatórios investigativos online que fornecem informações vitais”.
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  • Infelizmente, mesmo em se tratando de salvar vidas — não se sabe quantas e por quanto tempo — o governo de Xi Jinping procede com censura, intimidação e não transparência.
  • As ajudas internacionais foram descartadas. Até quando o “orgulho” comunista chinês continuará a afirmar que o País é forte e irá vencer (sozinho) o coronavírus?
  • A constância do Pagão brota do orgulho
  • “Santo Agostinho explica do mesmo modo a diferença entre a fortaleza revelada pelos mártires cristãos e a dos infiéis: “A constância do pagão brota do orgulho; a do cristão, da caridade” ( Contra Juliano, I, I ).
  • Como católicos, quanto gostaríamos que o governo chinês fizesse o mea culpa, aceitasse ajuda humanitária e médica internacional, e se abrisse aos horizontes da Caridade cristã, abandonando o orgulho que brota do paganismo — agravado, é claro, pelo materialismo comunista.  À exemplo de Saulo, no Caminho de Damasco!
  • Fonte: https://www.nytimes.com/2020/02/07/world/asia/Li-Wenliang-china-coronavirus.html

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