Essa pintura de Giotto* representa muito bem o episódio pungente que veneramos no Rosário, precisamente no quinto mistério doloroso: “Crucifixio et mors Domini Nostri Jesu Christi” (Crucifixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo).
Notem que Nosso Senhor crucificado está com o corpo lívido, parecendo que já emitiu ou está por emitir seu último suspiro.
Junto à Cruz estão algumas das santas mulheres. Santa Maria Madalena oscula os pés do Divino Redentor. No centro desse grupo de três pessoas, à direita de Jesus, encontra-se Nossa Senhora, vestida com túnica azul. Nesse mesmo grupo, vemos São João Evangelista amparando-A.
A pintura revela o quanto a Santíssima Virgem foi atingida pela dor, mas está de pé. Quer dizer, com força e com determinação para tudo. Ela foi concebida sem pecado original, portanto, por perfeito amor a Deus, foi capaz de frear em alguma medida a sua própria dor para se sustentar vendo seu Divino Filho sendo crucificado. Assim mesmo, manteve-se de pé o tempo inteiro.
Do lado esquerdo da Cruz, à frente, vemos os soldados romanos que disputam a túnica inconsútil do Salvador Crucificado. Aparece também Longino, segurando a lança com a qual ele feriu o lado de Jesus. Ao fundo, percebe-se a multidão que assistia os acontecimentos.
No Céu estão os anjos cantando a glória de Nosso Senhor, mas anjos invisíveis aos olhos dos homens. Entre estes, apenas a dor e a vergonha.
Esta é a pintura da Paixão de Jesus — a crucifixão e morte — segundo Giotto. Para mim, uma das obras-primas da piedade católica.
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* Afresco Crucifixão de Jesus, pintado pelo artista italiano da época medieval, Giotto di Bondone (1267-1337), na Capela degli Scrovegni, Pádua (Itália), entre 1304 e 1306.
**Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 30 de novembro de 1988. Esta transcrição não passou pela revisão do autor. Fonte: Revista Catolicismo, Abril/2023.
Catolicismo, Crucifixão, Paixão de Cristo, Quaresma, Semana Santa