Na ilha-presídio, subjugada despoticamente durante 62 anos pelos irmãos Castro, um inesperado levante popular fez tremer os ditadores que receiam o fim da tirania. Tremem esquerdistas e criptocomunistas do mundo inteiro, que desejam custe o que custar manter Cuba como um polo ideológico onde persiste a utopia marxista-leninista. Tremem também adeptos da “teologia da libertação”, que desejam apresentar Cuba como um “paraíso”, numa fantasiosa situação na qual as pessoas poderiam viver felizes, apesar da extrema miséria.
Inéditos, históricos e maciços protestos tomaram as ruas de diversas cidades de Cuba no mês de julho último. Foram os maiores já ocorridos. Nem mesmo o célebre Maleconazo de 1994 alcançou tais proporções, pois se cingiu apenas à capital, enquanto os recentes atingiram diversas regiões da ilha caribenha. Ademais, eles foram replicados em Miami e algumas capitais dos continentes americano e europeu. Em Washington, por exemplo, os manifestantes escreveram em letras garrafais, no leito da rua, justo em frente à embaixada cubana, a frase “CUBA LIBRE”.
Naquele mês, assistimos a uma autêntica revolta de um povo que geme há seis décadas sob o peso da bota dos carcereiros comuno-castristas. Os cubanos se levantaram para protestar contra o governo, contra a crônica falta de alimentos, pedindo liberdade, remédios e hospitais que não estejam colapsados. Mas Miguel Díaz-Canel, o atual ditador, sucessor dos irmãos Castro, mandou seu recado: “Aqui nenhum verme ou contra-revolucionário dominará as ruas”.
Recado que ecoa o do guerrilheiro comunista Che Guevara [foto]: “Devemos dizer aqui o que é uma verdade conhecida, que explicitamos sempre diante do mundo: fuzilamentos, sim, fuzilamos; fuzilamos e continuaremos fuzilando, enquanto for necessário. Nossa luta é uma luta até a morte. Sabemos qual seria o resultado de uma batalha perdida e também os gusanos[vermes, nome dado em Cuba aos contra-revolucionários] têm de saber qual é o resultado de uma batalha perdida hoje em Cuba”.1
Em algumas cidades da “Ilha-prisão”, outrora conhecida como a “Pérola das Antilhas”, os protestos contaram com dezenas de milhares de manifestantes. Eles se reuniram apesar do medo de sofrer perseguições do regime e do receio do contágio do coronavírus nas aglomerações. Um cubano anticastrista sintetizou com verve o levante: “Nossa fome comeu nosso medo”. Apesar da brutal repressão governamental — bem ao estilo da velha KGB da ex-URSS — os manifestantes enfrentaram a polícia comunista. Nos confrontos houve muitas mortes, centenas de pessoas estão desaparecidas e milhares foram “julgadas” sumariamente e presas. Algumas delas apenas pelo fato de portar cartazes como “Abajo la dictadura comunista!”, “Libertad para Cuba!”, “No tenemos miedo! “Queremos liberdad!”, ou ainda simplesmente por cambiarem o lema fidelcastrista “Patria o muerte” por “Patria y vida”.
Convocação de todos os “revolucionários comunistas”
Como sempre, desde a tomada do poder por Fidel Castro em 1959, Díaz-Canel atribuiu a organização dos protestos aos “mercenários pagos pelo governo dos Estados Unidos”.
Usando as cadeias de rádio e televisão, o atual ditador convocou os filiados do Partido Comunista de Cuba a saírem às ruas para gritar “Viva la revolución y Fidel” e enfrentar os contra-revolucionários: “Estamos convocando todos os revolucionários do país, todos os comunistas, para que saiam às ruas e se dirijam aos lugares onde ocorrerão protestos. Façam isso hoje, desde agora, e em todos esses dias”.2
O que as redes sociais filmaram e mostraram para o mundo livre? Agentes civis e militares — sobretudo da Polícia Nacional Revolucionária (PNR), braço forte do Ministério do Interior da República de Cuba — estrangulando, encarcerando e descendo violentamente o porrete nos manifestantes contrários ao governo. O mundo não cairia em cima do presidente brasileiro caso ele porventura mandasse fazer a milésima parte disso? Mas, como o uso da força foi exercido em Cuba, ninguém fala, ninguém viu…
Esperança de há muito aguardada. Um dia virá…
A feroz repressão conseguiu calar a voz do povo cubano? — Em parte parece que sim, mas rezemos para que voltem a protestar, até obterem a vitória contra o opressor regime marxista-leninista. Devido à censura, ao bloqueio da internet e à falta de comunicação nas redes sociais, ficamos sem termômetro para avaliar com precisão o ânimo atual da população.
Muitos imaginaram — como era o nosso caso — que aqueles fortes protestos poriam fim aos 62 anos do regime comunista. O mesmo nós imaginamos que acontecesse por ocasião da morte de sanguinário ditador (em 25-11-16), muito lamentada pelo ex-presidente Lula da Silva, quando disse que Fidel “foi sempre uma voz de luta e esperança. Seu espírito combativo e solidário animou sonhos de liberdade, soberania e igualdade […]. A bravura de Fidel Castro e o exemplo da revolução cubana inspiravam os que resistiam à tirania. Sinto sua morte como a perda de um irmão mais velho, de um companheiro insubstituível, do qual jamais me esquecerei […]. A morte do comandante Fidel Castro, líder da revolução cubana e uma das mais influentes expressões políticas do século 20, é motivo de luto e dor […]. Hasta siempre, Fidel” (Correio Braziliense, 26-11-16).3
Infelizmente, com o fim do barbudo de Sierra Maestra não tivemos o epílogode um filme de terror do estado policialesco cubano e o início de uma nova era de prosperidade para aquele sofrido povo. Antes da tomada do poder pelos comunistas, Cuba possuía uma vasta classe média, o terceiro maior consumo de proteína no hemisfério ocidental e a segunda renda per capita da América Latina (maior que as da Áustria e Japão). Contava com mais de 50 publicações, em contraste com a única de hoje — o jornal Granma, órgão oficial do Partido Comunista Cubano, que só publica aquilo o que interessa ao regime.3
O fracasso do regime comunista não se deve ao embargo
Lula da Silva teve a desfaçatez de negar o que todo mundo viu pela internet, quando esta ainda não estava inteiramente bloqueada em Cuba: a repressão policial contra as manifestações. Ele escreveu em seu Twitter (13-6-21), em defesa de seus “compañeros” detentores do poder na ilha comunista:
“O que está acontecendo em Cuba de tão especial pra falarem tanto?! Houve uma passeata (sic!). Inclusive vi o presidente de Cuba na passeata, conversando com as pessoas. Cuba já sofre 60 anos de bloqueio econômico dos EUA, ainda mais com a pandemia, é desumano”.
No Twitter seguinte, acresceu cinicamente: “Se Cuba não tivesse um bloqueio, poderia ser uma Holanda. Tem um povo intelectualmente preparado, altamente educado. Mas Cuba não conseguiu nem comprar respiradores por causa de um bloqueio desumano dos EUA”.
Também o ditador venezuelano Nicolás Maduro e inúmeros esquerdistas, tupiniquins e do exterior, bem como diversos órgãos da mídia, disseram disparates análogos. Entretanto, muito ao contrário do propagado por eles, o fracasso do comunismo cubano e a fome generalizada que ali estadeia não se devem ao embargo econômico imposto desde 1962 pelo presidente Kennedy, mas ao próprio sistema comuno-socialista com sua doutrina ateia e igualitária, que só gera depressão, fome e miséria.
Desde a tomada do poder por Fidel Castro, faltam aos cubanos os itens da cesta básica; as filas — onipresentes, em todas as horas, para todas as coisas — se tornaram para eles hábitos “normais”. Calcula-se que cada cubano perde duas horas por dia em filas para ver se consegue algo com suas mal afamadas “libretas de racionamiento”.
Desde 2001 o embargo a Cuba não inclui alimentos e medicamentos, sendo os EUA os maiores exportadores de tais produtos para a ilha. Tampouco existe para Cuba qualquer impedimento de comprar alimentos e tudo mais que queira de outros países. Ela viveu por muitos anos com abundante ajuda da Rússia, da China, do petróleo da Venezuela (quando tinha…) e do Brasil (quando o PT estava no poder…).
Por que então jogar a culpa de sua aguda crise socioeconômica e sanitária, assim como de seus contínuos “apagões” de energia, nas costas do referido embargo? — Para esconder essa evidente verdade: 60 anos de regime comunista não foram suficientes para tornar próspera a ilha dos irmãos Castro (“uma Holanda”, como disse Lula…) ou, pelo menos, independente de outras economias e autossuficiente na produção, pelo menos, das “necessidades básicas” de alimentação.
A própria filha de Fidel Castro, Alina Fernández — que em boa hora rompeu com o seu genitor e passou a viver exilada em Miami —, declarou: “Se tivesse sofrido sanções econômicas reais, o regime cubano já não mais existiria”.5 Ela lamentou que o embargo econômico não seja efetivo, pois há países que furam o bloqueio para ajudar a permanência do governo comunista. Se fosse efetivo, teria colaborado para derrubar aquele regime, abreviando assim as penúrias do povo cubano.
Suspensão do embargo para prolongar a vida de castristas?
A solução para os graves problemas de Cuba é evidente: eleições livres; eliminar os impedimentos ao empreendedorismo da população; permitir o retorno das dezenas de milhares de cubanos que fugiram da tirania; permitir o direito de propriedade privada e a livre iniciativa. Ou seja, sepultar o regime comunista que escraviza o povo naquela masmorra. Mas isso tal regime não pode permitir, pois cessaria a sua própria razão de ser. E por isso teme que uma simples lufada de capitalismo leve consigo a pernibamba ditadura do partido único.
Para os verdadeiros patriotas cubanos é fundamental não haver suspensão do embargo, nem países dando esmolas para Cuba, pois isso só ajuda a prolongar a vida da tirania comunista, a dar sobrevida aos castristas e a manter a ilha engessada para sempre nas trevas de um regime antinatural.
Em meados do século passado, Fidel e seus camaradas — “heróis barbudos”, semelhantes aos Talibãs do Afeganistão — não implantaram a revolução comunista alegando, entre outras baboseiras, que Cuba ficaria independente dos EUA? Agora os castristas (de Cuba, do Brasil e alhures) têm o direito de reclamar do embargo norte-americano? Querem então voltar a ficar dependentes do capitalismo yankee? De um capitalismo que comunistas dizem abominar? Não há vacina que cure tal incoerência! Eles são incuráveis, ordinários e abundantes, inclusive, nas fileiras da igreja progressista, dita católica. E isso desde a base, passando por religiosos, como Frei Betto, até as altas cúpulas.
700 mil filiados do PCC e vigilância de quarteirão
Não se pode esquecer que dos auxílios recebidos do exterior, Cuba destina a maior e melhor parte em benesses aos membros do Partido Comunista. Não é fácil sustentar 700 mil filiados… Os outros 11 milhões da pobre população penam para conseguir sobreviver com as migalhas.
Os 700 mil filiados do PCC fazem parte de um onipresente esquema de “vigilância de quarteirão”. Todo mundo tem medo de todo mundo, pois seu vizinho, seu companheiro de trabalho, seu “amigo” pode ser um delator filiado ao Partido. E o delator é recompensado… Mesmo dentro de um lar, os membros da família desconfiam uns dos outros: Meu parente será um delator? Há delatores infiltrados até mesmo em comunidades das igrejas, espionam os membros de associações religiosas. É a política de espalhar a desconfiança, o medo, o clima de terror, para deixar toda a população aterrorizada e sem reação.
Frei Betto, seu velho realejo e cintos apertados…
Com o título “Cuba resiste!”, Frei Betto — que já enalteceu o estilo de vida no “paraíso” cubano, desprovido de ar-condicionado, de geladeira e de outros luxos e confortos burgueses —, publicou em 14-7-21, no site da “Unisinos”, artigo no qual escreve: “Cuba é uma ilha com poucos recursos. É obrigada a importar mais de 60% dos produtos essenciais ao país. Com o arrocho do bloqueio promovido por Trump (243 novas medidas e, até agora, não removidas por Biden), e a pandemia, que zerou uma das principais fontes de recursos do país, o turismo, a situação interna se agravou. Os cubanos tiveram que apertar os cintos. Então, os insatisfeitos com a Revolução, que gravitam na órbita do ‘sonho americano’, promoveram os protestos do domingo, 11 de julho – com a ‘solidária’ ajuda da CIA”.6
Se depois de 62 anos de regime castrista ainda não conseguiu produzir seus “produtos essenciais”, temos um evidente sinal de que se trata de um governo falido que de há muito deveria ter sido apeado do poder. Repetindo seu velho e desafinado “realejo”, ele joga a culpa pelo fracasso nas costas dos presidentes americanos. “Os cubanos tiveram que apertar os cintos”… Como se fosse possível apertar ainda mais os cintos dos cubanos, que já estão há décadas no seu último furo…
O frade dominicano reproduz a alegação dada pelo chefe do governo, Diaz-Canel, tentando explicar o inexplicável: “Toda essa situação gerou uma situação de escassez no país, principalmente de alimentos, medicamentos, matérias-primas e insumos para podermos desenvolver nossos processos econômicos e produtivos que, ao mesmo tempo, contribuam para as exportações. Dois elementos importantes são eliminados: a capacidade de exportar e a capacidade de investir recursos.”
Frei Betto encerra seu artigo com estas linhas: “É essa fragilidade que abre um flanco para as manifestações de descontentamento, sem que o governo tenha colocado tanques e tropas nas ruas. A resiliência do povo cubano, nutrida por exemplos como Martí, Guevara e Fidel, tem se demonstrado invencível. E a ela devemos, todos nós, que lutamos por um mundo mais justo, prestar solidariedade.”
O comunismo atrofia os anseios da alma humana
Tanto esse frei, adepto da “teologia da libertação”, como outros “teólogos da cubanização”, porventura não sabem que Cuba afundou na miséria devido à aplicação do antinatural igualitarismo comunista? Antinatural, sim, pois o comunismo atrofia os anseios da alma humana para as perfeições criadas por Deus e, consequentemente, para alcançar bens espirituais e materiais. Como resultado, nós temos uma Cuba mumificada no miserabilismo, onde todos são iguais na pobreza. Todos, exceto a Nomenklatura — os camaradas chefes ou filiados ao Partido Comunista, que têm suas regalias.
Teria de escrever outro artigo da extensão deste só para tratar de tais regalias. Não se assuste o caro leitor, darei apenas um exemplo. Em seu livro A vida Secreta de Fidel (2014), Juan Reinaldo Sánchez — que fora por 17 anos guarda-costas de F. Castro, terminando preso, acusado de traição, mas conseguiu fugir para os EUA — registrou que o tirano era, no fundo, capitalista. Que levava uma vida de ricaço, possuindo uma ilha particular, uma reserva pessoal de caça, uma marina com quatro iates, um barco de pesca e 20 mansões. A “Forbes”, revista americana de negócios e economia, em 2005 avaliou o patrimônio de Castro em aproximadamente 550 milhões de dólares, informações que ele negou categoricamente. É claro, pois tudo isso desmascara o barbudo, que se apresentava como pai de uma revolução para tirar o povo da miséria devido à exploração dos capitalistas americanos…
Cuba enquanto sonho utópico do ideal comunista
Apesar do calamitoso descalabro da pobre Cuba, que todo mundo vê, a esquerda empedernida continua negando o óbvio e defendendo o regime. Alguns esquerdistas ainda teimam em dizer que o país é um paraíso da igualdade social. Paraíso da igualdade total na pobreza?! Por que então dezenas de milhares de cubanos fugiram dessa “felicidade” paradisíaca? Incontáveis balseiros, correndo risco de morte e naufrágios em frágeis e improvisadas balsas de pneus [foto abaixo], enfrentaram os perigos do mar, da sede, da fome, dos tubarões para escapar daquele “paraíso”.
Mas os esquerdistas precisam manter o governo comunista em Cuba de qualquer jeito, a qualquer custo, pois ela — mesmo com o permanente pesadelo em que vive sua população — representa para eles o sonho utópico do ideal comunista; utopia da qual necessitam para se manterem vivos. Cuba é o ópio da esquerda. Depois de os esquerdistas verem desmoronar o sistema comunista em tantos países — inclusive na antiga URSS —, na América Latina restou Cuba (de certo modo, também Nicarágua e Venezuela) como única consolação; se até ela deixasse de ser comunista, eles se sentiriam órfãos.
Os atuais e velhos esquerdistas e criptocomunistas foram ensinados desde a juventude de que a tomada do poder pelo comunismo em Cuba constituiu uma vitória contra o imperialismo americano. Se essa “vitória” fracassar, eles, que já estão “entubados”, ficariam sem oxigênio para seus pulmões. Se o regime comunista cubano sucumbir, tanto eles quanto os freis Boffs e Bettos da vida entrariam psicologicamente em agonia.
Plinio Corrêa de Oliveira — fundador da TFP brasileira e o maior paladino pela libertação do povo cubano da masmorra comunista durante o século XX —, em artigo intitulado Cuba e o Submarino, distribuído pela Agência Boa Imprensa em julho de 1992, explica esse fenômeno. Leia-o no final desta matéria.
A voz que adormece e a mão que apaga
Durante os recentes protestos contra o regime comunista, a Conferência dos Bispos Católicos de Cuba agiu como “A voz que adormece e a mão que apaga”. Dito dopolítico francês Aristides Briand (1862-1923), que ele aplicava ao estadista Georges Clemanceau, mas que serve muito bem para exprimir a tíbia atitude da generalidade dos senhores bispos cubanos, que em vez de incentivarem as boas reações do povo, procuraram adormecê-las.
Em vez de saírem em defesa de suas ovelhas, os pastores lançaram um comunicado no qual procuram adormecer a justa indignação delas. Eles falam em diálogo e tolerância para se chegar a um acordo. Acordo com os inimigos da Fé Católica? Acordo com o “comunismo intrinsecamente perverso”, como condenou o Papa Pio XI? Isso equivaleria a um acordo com os lobos vermelhos que investem para escravizar ainda mais o rebanho!
Que o pastor proteja suas ovelhas dos lobos que as atacam
O Papa Francisco — que costuma comentar de tudo de todas as coisas e algo mais — não disse nada de sério, nem pediu o que clamara nos protestos o povo cubano: o fim da opressão comunista.
O já citado jornal (o único) de Cuba, o Granma, em 19-8-21, comemorou as palavras do Papa, por não ter condenado o regime comunista, nem a virulenta repressão organizada pelo PCC.
“Em um comentário, após concluir a recitação dominical do Angelus, o sumo pontífice afirmou que ‘também estou próximo do querido povo cubano nestes momentos difíceis, em particular das famílias que mais sofrem’. Apesar da pressão da extrema direita cubano-americana para que tomasse partido contra o Governo cubano, Francisco disse que pede ‘a Deus que os ajude (aos cubanos) a construir em paz, diálogo e solidariedade numa sociedade cada vez mais justa e fraterna’”.7
Por que tanto silêncio, Papa Francisco?
Uma católica cubana,professora de espanhol e de ética em Miami, María Victoria Olavarrieta [foto], enquanto ocorriam os protestos em Cuba, enviou uma carta ao Papa pedindo-lhe que rompesse o silêncio e condenasse o comunismo.
Em termos respeitosos, mas firmes, ela suplicou ao Pontífice que condenasse as ditaduras cubana, venezuelana e nicaraguense, que tiranizam suas populações, levando muitas famílias a passar fome, fugir de seus países e padecer de numerosas mortes.
Entre várias advertências, a Profª. María Victoria chama a atenção para o fato de o Papa, que é sempre muito loquaz em questões de menor importância, como para felicitar a Argentina pela vitória na Copa América ou para condenar pessoas que jogam garrafas de plástico no mar, por exemplo, não dizer nada sobre o fato de que, além de plástico, nas águas marítimas de Cuba há restos de muitos cadáveres de pessoas que morreram afogadas na tentativa de escapar da tirania comunista.
Maria Victoria afirmou ter escrito ao Papa Francisco com dor na alma porque, como católica apostólica romana, sente demasiadamente o silêncio do Pontífice sobre as recentes manifestações do povo cubano contra a tragédia que se abateu há décadas sobre o seu país. Assim, ela quis falar pelos que não podem fazê-lo: “Hoje quero ser a voz das mães cubanas que estão vendo seus filhos passar fome, que não têm remédio; quero lhe apresentar a dor das avós cujos netos foram fuzilados gritando ‘Viva Cristo Rei!’, a vergonha dos pais que não conseguem sustentar os filhos com o fruto de seu trabalho, e vivem mal, esperando as remessas enviadas por seus familiares do exterior”.
A tradução dessa memorável carta (“O Vigário de Cristo na Terra não deve discriminar suas ovelhas”), publicada no Diário Las Américas de Miami em 16-7-21, já foi reproduzida integralmente neste site,
Abaixo-assinado promovido pela TFP americana
Enquanto o povo cubano saía às ruas pedindo o fim do totalitarismo e era reprimido violentamente, jovens da TFP norte-americana faziam campanha pelas ruas [foto], sobretudo de Miami, coletando firmas para um abaixo-assinado (que está se aproximando das 100 mil assinaturas) dirigido ao presidente Joe Biden. O documento pede que ele ouça o grito do povo cubano e o ajude a se libertar de vez da ditadura comunista. Em breve reproduziremos neste site a matéria a respeito de tal campanha.
* * *
Peçamos à excelsa Padroeira de Cuba, Virgen de la Caridad del Cobre, e a seu Patrono, Santo Antônio Maria Claret (Arcebispo de Santiago de Cuba de 1850 a 1859), que suscitem uma legião de católicos cubanos dispostos a tudo até mesmo ao martírio, se necessário for — como seus antepassados fuzilados no Paredón que caíram bradando “Viva Cristo Rey! Abajo el comunismo!” —, para verem a antiga “Pérola das Antilhas” livre das garras do regime ateu e materialista que tantos danos espirituais e materiais perpetrou nesses longos 62 anos de infortúnio e opressão.
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Notas:
Fonte: Revista Catolicismo, Nº 849, Setembro/2021
1. Soberania e Autodeterminação – A luta na ONU – Discursos históricos. Réplica de Ernesto Che Guevara na 19ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em 11-12-1964. Editora Expressão Popular, 1ª edição, São Paulo, 2007, p. 42.
2. BBC News Mundo, 11-7-21.
3. “Correio Braziliense” (26-11-16), https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/mundo/2016/11/26/interna_mundo,558866/lula-fidel-castro-animou-sonhos-de-liberdade.shtml
4. Cfr. Rodrigo Constantino, Esquerda caviar. Editora Record, 7ª. edição, Rio de Janeiro – São Paulo, 2014.
5. “Folha de S. Paulo”, 11-5-03.
6. Cuba resiste! Artigo de Frei Betto – Instituto Humanitas Unisinos – IHU, 14-7-21.
7. Papa Francisco solidario con el pueblo de Cuba (+Video) › Mundo › Granma – Órgano oficial del PCC, 19-7-21.
CUBA E O SUBMARINO
- Plinio Corrêa de Oliveira
Se há no mundo atual um reduto revolucionário onde a bandeira comunista parece insultar os raios do sol com sua presença, esse reduto é Cuba.
Um pouco por toda parte, os comunistas ficaram estarrecidos e desconcertados com a espetacular degringolada do bloco soviético. Ora, o constatar que a Rússia soviética de repente se pulveriza, representou um baque psicológico espantoso para os comunistas no mundo inteiro.
Entretanto, é um fator de alento para todos eles ver que, na pequenina Cuba, ainda arde uma Tróia comunista, irradiando para as três Américas os seus malfazejos eflúvios eletro-políticos.
A Ilha-prisão das Antilhas, porém, está imersa no caos. Castro parece estar com falta de ar, e a única saída possível para a sua delicada situação é o apoio propagandístico que lhe venha do exterior. Nesse sentido, caravanas faceiras de forâneos não têm faltado para lhe dar o indispensável respaldo.
Alegres próceres da esquerda católica brasileira, como Frei Betto, Frei Boff e quejandos, lá estiveram. Fazendo coro com ecologistas e tribalistas, esses homens-show da Teologia da Libertação entregaram-se à mesma lengalenga de sempre, cujos termos são mais ou menos os seguintes: ‘Em Cuba, vive-se feliz. Lá há miséria, é verdade. Mas qual é a diferença entre miséria e pobreza? E, no total, uma suportável pobreza não será melhor do que o consumismo?’
Não podendo fazer outra defesa da Ilha-cárcere, seus propugnadores entregam-se a essas desajeitadas defesas do miserabilismo. E pouco se incomodam de, por essa forma, concorrerem para que ali se perpetuem as brutalidades, as inclemências e os crimes do comunismo staliniano, fracassado no Leste europeu.
Tudo isso não obstante, o melhor proveito da presente situação cubana para os interesses do comunismo internacional ainda acaba sendo aquele de porta-bandeira.
Só para comparar, afigure-se o leitor um submarino no qual o periscópio, ademais de sua função ótica, exercesse também outra, à maneira de escafandro, sendo responsável pela introdução do ar no interior da nave.
Pois bem, Cuba, de momento, representa o papel desse periscópio hipotético. Em meio à tripulação comunista subaquática, imersa nas águas da miséria, minguada, desanimada e asfixiada à vista do naufrágio do comunismo russo, ela introduz o ar nesses pulmões. De maneira que, se eles ainda respiram, é porque Cuba respira.”
(Fonte: “Agência Boa Imprensa”, julho/1992).