Do “acordo de paz” às guerras civis latino-americanas? Seremos os primeiros?

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Guerrilheiro das FARC num acampamento em Antioquia (Colômbia). PCC quer recrutá-los pela sua experiência em armas pesadas.

O badalado “Acordo de Paz” da Colômbia poderá passar para a História como o ponto de partida da generalização das guerras civis no continente latino-americano.

Membros das Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colômbia (FARC) estão se espalhando pelo continente, oferecendo seus préstimos, experiência bélica e conhecimentos do narcotráfico a países vizinhos.

A maior organização criminosa do Brasil está recrutando, segundo o The Wall Street Journal, pessoal especializado em armas pesadas e técnicas guerrilheiras para expandir seu domínio do tráfico de drogas na América Latina, segundo investigadores colombianos e brasileiros.

Funcionários dos Ministérios de Defesa e Relações Exteriores do Brasil e da Colômbia trocaram informações em Manaus sobre a procura de guerrilheiros na Colômbia praticada pelo bando criminoso Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo.

“O PCC esta oferecendo empregos às FARC”, disse o ministro de Defesa colombiano, Luis Carlos Villegas.

O alistamento do PCC acontece num auge de produção de coca no país vizinho. A produção de cocaína teria crescido 46% entre 2014 e 2015, anos sobre os quais a ONU dispõe dos mais recentes dados.

O PCC visa eliminar intermediários e trazer diretamente a cocaína colombiana para o Brasil, disse Lincoln Gakiya, fiscal de São Paulo que investiga as atividades do PCC há 10 anos.

As autoridades antinarcóticas americanas estimam que o Brasil seja o segundo maior mercado para a droga após os EUA.

Mas o controle dessa sinistra rede não se fará sem inúmeras violências contra outros grupos criminosos e acabará envolvendo as forças de segurança dos países amazônicos.

Falso ‘Acordo de Paz’ na Colômbia pode disseminar guerras civis pelo continente.

O PCC é visto nos EUA como um grupo disciplinado e altamente organizado que possui 21.000 membros no Brasil e está presente no Paraguai.

Seus chefes estão em cárceres que lhes servem sob certo ponto de vista de quarteis-gerais a partir dos quais dirigem seus subalternos espalhados em favelas e regiões periféricas.

O PCC e os grupos criminosos organizados constituem a versão brasileira das FARC.

“O PCC está obsedado com a ideia de obter treinamento militar”, diz Gakiya. “Ele procura metralhadoras calibre .50, que podem derrubar helicópteros e perfurar blindados, e procura recuperar parte da rede das FARC, combatentes veteranos que dominam o fabrico de explosivos”, acrescentou o fiscal.

As chacinas nos cárceres constituem capítulos da montagem dessa narcoguerrilha nascente cujo domínio os grupos delitivos tentam garantir.

Nem todos os combatentes colombianos escolheram a paz; eles se embrenharam na selva rumo às fronteiras com o Brasil, informaram fontes em Bogotá.

A InSight Crime, organização que acompanha os níveis de delinquência, considera que os números dos terroristas inconformados com a paz é muito maior do que diz Bogotá.

As conexões das FARC no Brasil não são novas. Em 2001 as Forças Armadas colombianas prenderam no sudeste do país Luiz Fernando da Costa, o “Fernandinho Beira-Mar”, líder do Comando Vermelho do Rio de Janeiro. O delinquente admitiu ter comprado cocaína das FARC e ajudado essa guerrilha a obter armas.

Motim no cárcere de Alcaçuz, Natal. Bandos criminosos em luta querem recrutar guerrilheiros colombianos mais experimentados.

“Há antecedentes demonstrados de cooperação entre as duas partes”, assinalou Jeremy McDermott, especialista do InSight Crime que acompanha o narcotráfico na Colômbia.

Na vizinha Venezuela, o presidente Maduro nomeou Tareck El Aissami como vice-presidente. Segundo noticiou a UOL, ele é famoso pela organização de grupos armados

No colapso econômico, o presidente Nicolás Maduro discerniu em Tareck um subordinado eficaz. Ele está sendo investigado nos EUA por diversos crimes, entre os quais o de exercer papel fundamental para que o Irã e o grupo islâmico terrorista Hezbollah ganhem espaço na América Latina.

Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, destacou que as relações entre os regimes ditatoriais da Rússia e da Venezuela estão em alta, sobretudo considerando as tendências negativas da economia mundial, informou ainda a UOL.

Delcy Rodríguez, chefe da diplomacia venezuelana, agradeceu a Moscou pelo apoio e recordou que a Rússia é uma grande potência que defende a estabilidade no mundo todo. O regime chavista vem sendo equipado há anos com armamento russo em quantidades que superam as necessidades normais.

Desta maneira, novos campos de conflitos bélicos na América Latina vão se configurando, como consequência direta da falsa “vitória da paz” na Colômbia.

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