Prometemos, no último artigo, que trataríamos de um documentário divulgado pela TFP polonesa que mostra a afinidade e a semelhança de métodos e doutrina entre o comunismo e o nazismo.
Para entendermos a cultura da morte do nazismo e do comunismo é preciso conhecer a sua origem. A matança nos campos de concentração nazistas e comunistas é fruto de uma visão “evolucionista” e de “seleção natural”, inspirada em Darwin. O nazismo queria criar um homem novo que pensasse a agisse de modo diferente do homem atual. O médico nazista Josef Mengele, com suas experiências infames nos campos de concentração, tinha isso por objetivo.
A “seleção natural” já vinha sendo praticada em alguns países. Essa prática era chamada de eugenia. O nazismo apenas continuou e aperfeiçoou aquelas técnicas, classificando os homens em raças, sendo a ariana a mais perfeita.
Josef Mengele – através da seleção nos cruzamentos entre as pessoas mais bonitas, fortes e saudáveis – pretendia criar o homem perfeito, sem defeitos, sem deficiências: o homem novo. O aborto eugênico e até mesmo o controle de natalidade são conseqüências dessa mentalidade, que pretende limitar e escolher quem tem o direito de nascer.
Muitos podem achar estranha esta ligação entre o Nazismo, o Comunismo e o Evolucionismo, mas o próprio Marx dedicou o seu livro “O Capital” a Darwin: “A Charles Darwin, de um autêntico amigo seu”.
Lênin, em sua escrivaninha, tinha a imagem de um macaco sentado numa pilha de livros, entre eles “A Origem das Espécies”, de Darwin, olhando para uma caveira. “Lênin sentava-se nessa escrivaninha e olhava para essa escultura enquanto dava autorização para o assassinato de milhões de seus compatriotas, pois eles eram um obstáculo para o progresso evolucionário”, disse Hugh Owen do Centro Kolbe para o Estudo da Criação.
Owen disse que Margaret Sanger, a fundadora da Federação de Planejamento Familiar e uma proeminente eugenicista, promovia a contracepção com base nos princípios da evolução. “Ela via a contracepção como o sacramento da evolução, pois com a contracepção nos livramos dos fracos e permitimos que só os fortes procriem”, afirmou. Sanger é famosa por ter apoiado a propagação do “controle da natalidade”, um termo que ela inventou, como “o processo de eliminar os fracos”.[i]
O comunismo e sua ditadura do proletariado, com as revoluções e massacres de milhões de pessoas, pretendia criar um “Homem Novo”. O nascimento desse “Homem Novo” era o último objetivo do marxismo. E ele não estava sozinho neste objetivo.
O documentário divulgado pela TFP polonesa, intitulado “A História Soviética”, mostra que o nazismo foi baseado em uma falsa biologia (darwinista). O comunismo, por sua vez, baseou-se em uma falsa sociologia. Os dois sistemas têm a pretensão de serem alicerçados em bases científicas, biológicas e sociológicas.
Ambos os regimes, entretanto, produziram milhões de pessoas assassinadas.
Por que é preciso matar, segundo o comunismo e o nazismo?
“Quando a revolução acontecer haverá sociedades primitivas na Europa [que estarão] dois estágios atrás porque, nem sequer, eram capitalistas ainda”, escreveu Engels. Ele se referia aos bascos, aos bretões, aos escoceses e aos sérvios. Estes povos ele os chamava de “lixo racial”. Tais povos teriam que ser exterminados porque, estando dois estágios atrás na luta histórica, seria impossível trazê-lo ao nível revolucionário atual. Ele falava também da Hungria e da Polônia. Esta não tinha razão para existir, na concepção do filósofo comunista.
Paul Joseph Goebbels, Ministro da Propaganda na Alemanha Nazista entre 1933 e 1945 afirmou: “O Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores, no qual Hitler é patrão e pai, insiste em afirmar que Lênin e Hitler podem ser comparados.” Ele considerava Lênin um grande homem, apenas atrás de Hitler e que a diferença entre o comunismo e a fé de Hitler era bastante pequena, uma guerra de facção. Esta diferença se resolvia num tim-tim entre copos de cerveja.
Bernard Shaw, escritor socialista inglês, defendia a morte dos “parasitas da sociedade” e fez um apelo aos químicos para fazerem um “gás humano”. Após dez anos, foi descoberto o gás Zyklon B que foi utilizado pelos nazistas em seus Campos de Concentração.
Vários socialistas do mundo inteiro criticaram Hitler pelo uso do gás, exceto Bernard Shaw. Eles disseram que Hitler havia distorcido o marxismo. Segundo estes socialistas, enviar pessoas para a câmara de gás, baseado na nacionalidade, era absolutamente indesculpável. A seleção deveria ser feita por classes.
A Rússia de Stalin matava entre 400 e 700 pessoas todas as noites nas prisões. Os corpos eram levados em caminhões, pingando sangue por onde passavam, para serem enterrados em valas comuns nas florestas.
Os líderes locais tinham uma cota de quantas pessoas deveriam matar. Muitos deles, após cumprirem a cota, pediam mais outra cota. As cotas eram de 7 a 8 mil pessoas. Krushev pediu: “Por favor, aumentem a minha cota para 17 mil”.
Devido a essa matança, houve milhões de crianças famintas que perambulavam pelas principais cidades russas e pediam pão e tudo que necessitavam para sobreviverem. Isto se tornou um problema para o governo soviético diante das pessoas que iam visitar aquelas cidades. Stalin “resolveu” o problema: mandou matar todas as crianças acima de 12 anos!
Segundo a historiadora Natalio Lebedeva, “como resultado, entre 1937 e 1941, 11 milhões de pessoas foram assassinadas”.
O Pacto Ribbentrop-Molotov
O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, em 1938, alertou sobre a possibilidade de um acordo entre a Rússia e a Alemanha: “Simultaneamente com o tumulto causado pela tensão germano-tcheca, produziram-se dois fatos importantes […]. O primeiro foi o reatamento das relações diplomáticas entre a Alemanha e a Rússia, que vinham sendo muito regulares e que se tornaram normais. Moscou tem hoje seu embaixador ariano, assim como Berlim o seu embaixador russo […]. Porque a verdade é esta: se bem que Hitler pregue contra o comunismo e se apresente como defensor da civilização europeia contra esse mal, sua atitude em relação ao governo soviético difere fundamentalmente dessa propaganda e, apesar de todos os seus discursos inflamados, ele tem feito muitas ofertas interessadas e amistosas a Moscou”.[ii]
Em 1° de janeiro de 1939, o destacado líder católico, vaticinava de um modo que poderíamos qualificar de profético:
“Efetivamente, enquanto todos os campos se definem, um movimentos cada vez mais nítido se processa. É a fusão doutrinária do nazismo com o comunismo. A nosso ver, 1939 assistirá a consumação dessa fusão”.
Apesar de todas as notícias que a mídia internacional difundia antes da II Guerra Mundial a respeito da visceral incompatibilidade entre nazismo e comunismo, a analogia ideológica e política entre ambos regimes foi sistematicamente denunciada pelas páginas do “Legionário” e confirmada pela assinatura do Pacto Ribbentrop-Molotov em 23 de agosto de 1929.[iii]
O acordo, porém, foi quebrado por Hitler dois anos depois ao invadir a Rússia. Esse fato tem sido usado como argumento pelos esquerdistas para justificar a tese de que os nazistas não são de esquerda. O Prof. Plínio Corrêa de Oliveira desfaz tal argumento nas páginas do “Legionário”:
“Ora, importa sobremaneira notar que o Sr. Hitler não deu uma única vez, à guerra com a Rússia, o carácter de uma luta santa para a restauração da civilização cristã. Evidentemente, essa alegação seria vantajosa aos dirigentes nazistas, o que se comprova pela assiduidade com que em outros tempos o Sr. Hitler se arvorou em novo Constantino. No entanto, tal e tão evidente tem sido a perseguição do nazismo contra a Igreja, que o Sr. Hitler achou imprudente tocar nesta tecla, já muito gasta. Caberia apenas a algum de seus endeusadores nestas longínquas plagas o privilégio de ter uma ingenuidade maior do que o “Fuherer” poderia supor, e, assim, imaginar que é realmente em nome da Religião que ele combate contra a URSS.
“Nem procura o Sr. Hitler insinuar que as suas relações com a Rússia foram um disfarce que lhe permitiria, ulteriormente, atacar mais comodamente os sovietes, ferindo assim pelas costas esse inimigo da civilização ocidental e católica. Muito pelo contrário, o Sr. Hitler procura demonstrar longamente que, depois do pacto Ribbentrop-Molotov, no qual teve ‘o desejo de dar um fim à tensão com a Rússia e chegar, se possível, a estabelecer com a mesma harmonia duradoura’, essa harmonia só foi perturbada pelos manejos desleais dos sovietes. Quanto à Alemanha, jamais pensou em intervir na Rússia e derrubar o comunismo, pois que ela ‘jamais se envolveu na Rússia e jamais lhe desejou levar sua concepção nacional-socialista’.
“Todas as palavras que publicamos entre aspas figuram no próprio texto do chanceler alemão.
“Desiludam-se, pois, os ingênuos e não queiram saber a respeito desta guerra mais do que sabe o Sr. Hitler. A guerra teuto-russa não é uma guerra ideológica”.(Legionário, N.º 459, 29 de junho de 1941). Grifo nosso.
Protocolo Secreto
Num protocolo secreto assinado no Kremlin uma semana antes da guerra começar, Hitler e Stalin tinham concordado em dividir a Europa.
O primeiro ataque foi contra a Finlândia, que resistiu heroicamente. Por causa desse covarde ataque, a Rússia foi expulsa da Liga das Nações. Somente Hitler ficou do lado da Rússia.
Stalin escreveu para Ribbentrop: “A amizade entre a União Soviética e a Alemanha foi selada pelo sangue”.
Molotov, importante político da União Soviética, declarou que lutar contra a ideologia nazista era, na verdade, um crime. Isto foi publicado em todos os grandes jornais soviéticos.
O documentário pergunta: por que lutar contra a ideologia nazista era um crime? E responde: porque o extermínio em massa nos campos de concentração foi baseado naquela ideologia. Se alguém quisesse lutar contra a ideologia por detrás deles acabaria por lutar contra o regime soviético também. Molotov sabia disso. Foi ele quem monitorou pessoalmente o extermínio de 7 milhões de ucranianos através do Holodomor.[iv] Hinmler monitorou o extermínio dos judeus. Ambos os homens concordam que, para o “bem-comum”, alguns grupos devem ser exterminados.
Milhares de judeus foram para a URSS na esperança de serem protegidos por Stalin. Entretanto, foram enviados de volta para a Gestapo como um gesto de amizade.
Foi a NKVD (órgão que controlava a polícia secreta da União Soviética) que ensinou a Gestapo (polícia secreta do Estado nazista alemão) a construir campos de concentração.
O fato dos soviéticos colaborarem com a SS – comenta a reportagem – não é negado pela Rússia. O que continua a ser negado é que esta colaboração era baseada em um acordo secreto.
Também continua a ser negado, por boa parcela da imprensa e da intelectualidade esquerdista, que o nazismo é um regime de esquerda. Fica aqui um conselho aos jornalistas que se dizem historiadores: revejam seus conceitos.
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[i] https://ipco.org.br/darwinismo-e-a-raiz-da-cultura-da-morte/#.XKpYg5hKjIV
[ii] Plinio Corrêa de Oliveira, Alemanha e Rússia trocam carícias, “Legionário”, 28-8-38.
[iii] Juan Gonzalo Larraín Campbell, Revista Catolicismo, Nº 532, Abril/1995
[iv] Sobre o Holodomor, veja o vídeo publicado pelo IPCO no link: https://www.youtube.com/watch?v=AjHF1soOoa8&feature=youtu.be
Nota sobre o documentário:
The Soviet Story (A História Soviética) – é um documentário lançado em 2008 sobre o comunismo na União Soviética e as relações germano-soviéticas antes de 1941 escrito e dirigido por Edvins Snore e patrocinado pela grupo da União para a Europa das Nações (nacionalistas/eurocépticos) do Parlamento Europeu. Snore passou 10 anos coletando informações e dois anos filmando em vários países.
O filme apresenta entrevistas com historiadores ocidentais e russos, como Norman Davies, Françoise Thom e Boris Sokolov, o escritor russo Viktor Suvorov, o dissidente soviético Vladimir Bukovsky, membros do Parlamento Europeu e os participantes, bem como as vítimas do terror Soviético. O filme argumenta que houve uma estreita conexão filosófica, política e organizacional entre os regimes Nazista e Soviético antes e durante as primeiras fases da Segunda Guerra Mundial.
Destaca o Grande Expurgo, bem como o genocídio do Holodomor, o massacre de Katyn, a colaboração da polícia secreta soviética (NKVD) com a Gestapo nazista, deportações em massa na União Soviética e experiências médicas nos Gulags. (Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/The_Soviet_Story)