Embora a maioria dos votantes hispanos se interesse mais por problemas econômicos e de imigração, uma minoria ativa considera relevante o tema da política externa norte-americana com relação à América Latina, e continua pensando que a política de Obama para esta região foi um desastre para a causa da liberdade
1. “Nas próximas eleições, os votantes latinos têm o poder de exercer mais influência, de ser o fator decisivo em maior número de contendas políticas e de emitir mais votos do que nunca antes”, acaba de assinalar Javier Palomarez, presidente e diretor executivo da Câmara de Comércio Hispana dos Estados Unidos. Essa afirmação está longe de constituir um exagero se se considera que nos Estados Unidos, de um total de 308,7 milhões de habitantes, 50,5 milhões são de origem hispana ou latina, representando 16% da população. O número de votantes hispânicos registrados para as próximas eleições é de 14 milhões e representa 11% dos eleitores. Desses 11% de eleitores hispânicos, 57% se inclina pela fórmula democrata, encabeçada por Barack Obama, 28% prefere a fórmula republicana, encabeçada por Mitt Romney e 15% se mantém indeciso, segundo pesquisa realizada pelos canais Telemundo e NBC.
2. São três os Estados nos quais a presença hispânica é especialmente decisiva: Florida, Nevada e Colorado. E pelo fato de que até o momento não exista uma diferença substancial de potenciais votantes do candidato democrata e do candidato republicano, esses votantes hispânicos constituem uma minoria que pode ser especialmente decisiva no resultado eleitoral.
3. Outra constatação que dentro de um quadro disputado não pode ser subestimada: embora a maioria dos votantes hispânicos se interesse mais pelos problemas econômicos e de imigração, uma minoria bastante ativa considera relevante o tema da política externa norte-americana com relação à América Latina, e continua pensando que a política de Obama para esta região foi um desastre para a causa da liberdade. Dessa minoria mais ideologizada de hispânicos, que se opõe à política de concessões de Obama para com Chávez e os Castro, pode depender então o resultado eleitoral no caso em que, como se disse, as intenções de voto continuem parecidas entre ambos os candidatos presidenciais.
4. Aqui entra em cheio o papel dos cidadãos norte-americanos de origem cubana, venezuelana, colombiana, argentina, equatoriana, hondurenha, salvadorenha, nicaragüense, etc., que de uma maneira ou de outra sofreram ou sofrem, direta ou indiretamente, os efeitos chavista e castrista em seus respectivos países.
5. As considerações anteriores, a respeito da influência decisiva da minoria de hispânicos mais politizada, não constituem um mero cálculo no ar, senão que têm fundamento na realidade, especialmente no que se refere ao estado da Flórida. E a atual preocupação da equipe do presidente e candidato Obama se justifica pelo histórico decisivo que a Flórida teve em várias eleições.
6. No ano de 2000, poucos meses antes das eleições presidenciais, o presidente Clinton enviou de volta à Cuba, seguindo sua política exterior concessiva, o balseirinho Elián González [foto acima]. Os Estados Unidos se estremeceram com a brutalidade do gesto presidencial e o epicentro desse estremecimento foi a Flórida, onde reside mais de um milhão de cubano-americanos. As eleições nacionais realizadas pouco depois se definiram precisamente na Flórida. O candidato democrata, Al Gore, perdeu por umas poucas centenas de votos de diferença, obtidos em distritos cubano-americanos, entre o então candidato George Bush que obteve dessa maneira seu primeiro mandato. O próprio Clinton reconheceu que o caso do balseirinho Elián González foi decisivo para esta derrota democrata. Em 2004, para o resultado das eleições presidenciais que favoreceram o candidato republicano, foi decisivo o estado da Flórida, embora nessa ocasião a diferença em seu favor tenha sido bastante folgada, com uma margem de 381 mil votos. Nestas eleições de 2012, os obamistas reconhecem que a Flórida uma vez mais será decisiva.
7. Nestas eleições presidenciais não estão em jogo somente os debates sobre a economia e a imigração, cuja importância obviamente não se desmerece, mas também existem temas ideológicos subjacentes que preocupam um setor do eleitorado mais reduzido, porém influente. Essa minoria percebe a importância de que os Estados Unidos tenham uma política externa articulada com relação à América Latina: frear as esquerdas regionais, porque disso depende em boa medida o futuro dos próprios Estados Unidos. Nesse sentido, a comunidade cubano-americana da Flórida tem, novamente, uma enorme responsabilidade histórica diante dos Estados Unidos, de Cuba e da América Latina. Responsabilidade histórica, hoje compartilhada pelas comunidades de outros recém nomeados que sofreram e sofrem nas mãos de governantes de esquerda.
8. Esses cubano-americanos e latinos, votantes da Flórida e de outros estados com fortes contingentes hispânicos, têm que fazer todos os esforços eleitorais que estejam em suas mãos para evitar uma vitória de Obama. Isso constituirá uma ajuda decisiva ao país que os acolheu e, no caso dos cubano-americanos, trata-se também de uma obrigação moral com relação à causa da liberdade em Cuba.
9. As próximas eleições presidenciais norte-americanas contêm um paradoxo no que diz respeito aos votantes de origem hispano-americana. Durante décadas, os sucessivos candidatos presidenciais norte-americanos, e os respectivos governos de todas as tendências, salvo as honrosas exceções, ignoraram a América Latina. De repente, os atuais candidatos presidenciais abrem seus olhos e percebem que o continente ignorado entrou nos próprios Estados Unidos. E o fez de uma maneira tal, que os votantes de origem latina podem ter esse papel eleitoral decisivo.
10. Não somente o futuro dos Estados Unidos, senão o das Américas, passa então a depender, em boa medida, dos votantes de origem hispânica e para onde estes inclinem a balança dessa grande nação. Finalmente, é interessante se perguntar em que medida determinados temas religiosos e morais levantados pelos ativos movimentos pró-vida, que estão suscitando interessantes debates em setores do público dos Estados Unidos, poderão também influir na votação desse contingente hispânico-latino dos Estados Unidos.
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Editorial anterior sobre o tema: Estados Unidos: eleições presidenciais, América Latina e Cuba (Destaque Internacional, ano 14, nº 363, 27 de agosto de 2012). (O exemplo mais desastroso da aposta obamista em prol dos pseudo-“moderados” foi o apoio de Obama ao então presidente Lula, do Brasil, a quem chegou a elogiar como um modelo de aliado confiável).
Destaque Internacional – Ano XIV – nº 365 – 17 de setembro de 2012. Editorial interativo. Responsável: Javier González. São bem-vindas sugestões, opiniões e críticas. E-mail: destaque2016@gmail.com. O presente texto pode ser difundido livremente, inclusive sem citar a fonte.
Tradução: Graça Salgueiro
a politica de obama foi um desastre para as liberdades em todos os continentes e não só para o sul america, ou america latina. mas o mais prejudicado foi o povo norte-americano, porque ele foi traidor ao seu voto em 2008. Ele apesar de ser afro-mericano não revelou ter o mnimo respeito pelo seu povo da mesma descendencia, ao confundir a luta do seu povo pela igualdade de direitos, com as taras sexuais.
SERÁ QUE PRECISAMOS MORAR NOS USA PARA APRENDERMOS VOTAR? COMO JÁ O SABIAMOS ANTIGAMENTE???