Renata Cafardo
23 Novembro 2018 | 14h41
O Estado de São Paulo
O futuro ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, divulgou carta nesta sexta-feira em que diz que fará uma gestão focada em valores tradicionais e preservação da família, o que para ele é o desejo da sociedade brasileira.
“Pretendo colocar a gestão da Educação e a elaboração de normas no contexto da preservação de valores caros à sociedade brasileira, que, na sua essência, é conservadora e avessa a experiências que pretendem passar por cima de valores tradicionais ligados à preservação da família e da moral humanista.”
Segundo ele, a solução para que a educação brasileira tenha “destaque no contexto internacional” é uma política educacional que “olhe para as pessoas”. Por isso, Rodriguez defende dar mais força aos municípios, “onde elas
residem”.
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Rodríguez foi indicado nesta quinta-feira à noite pelo presidente eleito Jair Bolsonaro, depois de ele ter desistido do nome do diretor do Instituto Ayrton Senna, Mozart Neves. A bancada evangélica reagiu à primeira escolha de Bolsonaro e ele acabou indicando um profissional de perfil conservador e que defende políticas como a Escola sem Partido.
O novo ministro tem 76 anos, nasceu na Colômbia e veio para o Brasil nos 80. É atualmente professor de uma instituição privada, a Universidade Positivo, em Londrina. Ele foi professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e é emérito da Escola de Comando e Estado Maior do Exército.
Veja a carta na íntegra:
Tive a honra de ser nomeado Ministro de Educação pelo presidente eleito Jair Messias Bolsonaro. O motivo que me levou a apoiar a candidatura à Presidência da República do candidato Bolsonaro foi simples: ele externou a opinião da grande maioria do povo brasileiro, explicitada no desejo de ver consolidada uma nova forma de fazer política, longe das velhas práticas clientelistas e da tradicional negociação de cargos por benefícios pessoais.
No cenário político que antecedeu as eleições, o candidato Jair Bolsonaro afinou-se com o desejo da grande massa dos setores populares, que estava cansada da república dos favores. As passeatas que percorreram ruas e praças Brasil afora, desde 2013, tinham como cerne a motivação de buscar uma nova forma de administrar o Brasil: em benefício dos cidadãos, que pagam impostos, colocando em função deles as instituições republicanas, corroídas pela corrupção em larga escala revelada pela Operação Lava Jato. O candidato Bolsonaro explicitou esse desejo dos eleitores no seu slogan: “Menos Brasília e mais Brasil”.
Quero deixar claro que o meu desejo é cumprir a contento o ideal proposto pelo nosso presidente eleito. A legislação e a gestão da Educação devem ir ao encontro das expectativas da sociedade. Devem levar em consideração primordialmente a dignidade das pessoas envolvidas, tanto os alunos quanto suas famílias, tanto os professores quanto os administradores. A instrumentalização ideológica da educação em aras de um socialismo vácuo terminou polarizando o debate ao longo dos últimos anos.
Pretendo colocar a gestão da Educação e a elaboração de normas no contexto da preservação de valores caros à sociedade brasileira, que, na sua essência, é conservadora e avessa a experiências que pretendem passar por cima de valores tradicionais ligados à preservação da família e da moral humanista. A preservação de um pano de fundo de respeito à pessoa humana é fundamental. Não à discriminação de qualquer tipo. Não à instrumentalização da educação com finalidade político-partidária. Sim a uma educação que olha para as pessoas, preservando os seus valores e a sua liberdade.
Precisamos recolocar a nossa Educação Básica, Superior, Profissional e Tecnológica em patamares que nos posicionem em destaque no contexto internacional. Assistimos a uma desvalorização da figura dos professores, notadamente no Ensino Fundamental e Médio. Ora, essa situação negativa deve ser revertida mediante uma política educacional que olhe para as pessoas. O sistema educacional deve olhar mais para as pessoas ali onde elas residem: nos municípios. O Estado brasileiro, desde Getúlio Vargas, formatou um modelo educacional rígido que enquadrava todos os cidadãos, olhando-os de cima para baixo, deixando em segundo plano a perspectiva individual e as diferenças regionais.
Tocqueville frisava que o município é a escola primária da democracia. É o município que deve ser o foco na organização da nossa legislação educacional, olhando para as diferenças regionais e levando em consideração os interesses dos cidadãos onde eles residem. “Menos Brasília e mais Brasil”, apregoou o candidato presidencial eleito durante a campanha. Pretendo tornar realidade esse ideal.
Brasil acima de tudo, Deus acima de todos.
Ricardo Vélez Rodríguez, Ministro da Educação Indicado
Fonte: O Estado de São Paulo