Esaú, Jacó e os predestinados devotos de Maria. Corrigir um defeito do brasileiro

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São Luís Grignion de Montfort afirma que a devoção à Nossa Senhora é sinal de predestinação.

Vejamos os comentários do Prof. Plinio, ao Tratado da Verdadeira Devoção a Nossa Senhora, focalizando hoje Esaú e Jacó:

O Patriarca Isaac abençoa Jacó

“Quando aludimos aos predestinados, não queremos dizer, de nenhum modo, que uma pessoa que tenha grande propensão para Esaú não seja chamado a ser Jacó. Dá-se até quase o contrário. Na vida espiritual, as mais belas batalhas são ganhas contra os defeitos dominantes. E quando os possuímos, somos chamados por Nosso Senhor Jesus Cristo a sermos exímios na virtude oposta. Portanto, se quisermos conhecer esta virtude, devemos saber qual é o nosso defeito dominante. A virtude oposta será a preponderante.

“Se se tem, portanto, uma tendência muito grande, um ímpeto muito forte para as coisas que caracterizam Esaú, deve-se ver nisso um chamado muito forte para o combate a esses defeitos. Nascerá então um Jacó.

“O que marca o predestinado é o fato, não de ter alguém este ou aquele temperamento – porque entre todos os temperamentos encontramos predestinados – mas o de ter correspondido às graças necessárias para ver estas coisas, para ter uma particular devoção a Nossa Senhora e compreender, com isto, qual o dever a cumprir, e animosamente caminhar nessa trilha.

“Filho, dá-me o teu coração” 

“O ponto crucial em que a exposição de São Luís Grignion termina, e com o qual pomos fim a esta série de comentários, é este: há os que vivem ao léu, e outros que lutam contra seu fundo mau. São duas famílias espirituais completamente diferentes. Se quisermos estar na linha de nossa salvação, de nossa predestinação, devemos pertencer a esta segunda família. É a guerra a esse maldito “laissez faire, laissez passer” (deixar fazer, deixar passar, ou seja indolência – n.d.c.), por onde a alma se deixa levar preguiçosamente nas águas da fantasia e da “espontaneidade”. Este é o ponto capital.

“Se vivermos dispostos a lutar com grande coragem nessa batalha, não há o que não nos esteja prometido. Caso contrário, tudo estará perdido, não seremos filhos da promessa; para nós estarão cerrados os Céus. É neste sentido que os Céus se cerram para aqueles que não os querem abertos. Não há homem a quem os Céus não se abram, desde que correspondam à graça de Deus, que jamais falta a ninguém ao longo de toda a vida.

Um defeito do brasileiro: viver ao léu de si mesmo

“O hábito mais “delicioso” para o qual nós brasileiros temos tendência é viver ao léu de si mesmo. É a substância do gozo da sua vida. E nada há mais desagradável do que transformar-se de barco à vela em lancha a motor, e navegar contra a correnteza. Eis o ponto que divide os filhos da luz dos filhos das trevas.

“O programa que daí se depreende é todo de atitude interior. Nosso Senhor nos pede o que de mais nobre nos poderia pedir, mas também o que de mais penoso poderia haver.

“Há uma imagem de Nosso Senhor com o Coração na mão, dizendo ao fiel prostrado aos Seus pés: “Filho, dá-me o teu coração”. Não representa isto mero sentimentalismo, nem significa dá-lo fisicamente. Seria muito fácil se pudéssemos fazer uma grande operação toráxica, tomar o coração e dá-lo a Nosso Senhor, dizendo: “Toma-o, mas deixa-me viver ao léu”. Mas Nosso Senhor quer precisamente que deixemos de correr ao léu, ao léu da nossa fantasia, de nosso capricho, ao léu dos acontecimentos.

“Governar-nos debaixo da Sua Lei, eis o que Nosso Senhor deseja de nós. Isto é dar-se a Nosso Senhor. É penoso, mas é lindo, como tudo que é penoso e que conduz a Nosso Senhor. Tem a beleza da Sua Cruz.

“E nós, da geração-nova, temos uma padroeira que maravilhosamente nos ensina, de forma atraente e cheia de ternura, a maneira excelsa de conseguir tal força de alma, apesar de nossa extrema fraqueza e impotência: Santa Teresinha do Menino Jesus. Trilhando a sua “pequena via“, chegaremos certamente a este enorme grau de perfeição na virtude. Esta a sua doce e suave promessa.” https://www.pliniocorreadeoliveira.info/DIS_1951_comentariosaotratado10.htm#.XsSJsmhKiUk

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