Pela primeira vez, os EUA vão processar agentes estrangeiros engajados na ciberespionagem. A Justiça americana indiciou cinco oficiais do exército chinês por piratear os sistemas informáticos de seis empresas americanas que trabalham em setores estratégicos como o nuclear, metais e energia solar, informou Le Figaro.
Esses oficiais chineses são “membros da Unidade 61398 do Terceiro Departamento do Exército de Libertação do Povo” e poderiam ganhar penas de até 15 anos se forem presos fora da China.
A acusação da Justiça emprega termos como “furto do século XXI”, “ciber-ameaças”, etc. “A gama de segredos e informações sensíveis roubada é importante e exige uma resposta agressiva”, declarou o ministro da Justiça americano, Eric Holder.
Os cinco trabalharam entre 2006 e 2014 a partir de Xangai, usando instalações militares do serviço de informações. A existência da Unidade 61398 foi denunciada em 2013.
Ela foi localizada por uma empresa de segurança na Internet – a Mandiant, que apontou um prédio de 12 andares na periferia de Xangai onde trabalham centenas e até milhares de empregados do exército vermelho. Finalidade: espionar.
Os cinco chefes de hackers do exército chinês teriam roubado planos nucleares da empresa Westinghouse, enquanto essa caiu bobamente no conto de negociações com uma estatal chinesa para construir uma central atômica.
Porém, o governo americano faria bem se estendesse a investigação à irresponsabilidade dessas empresas que entabulam conversações e negócios com a China.
A espionagem e a contrafação chinesa são um segredo de Polichinelo, não justificando que empresas tão importantes se ponham na mira dessa intrusão.
No caso, o dano material foi enorme. Segundo o “Washington Post”, poderá custar entre 24 e 120 bilhões de dólares à economia americana.
Há um ano o Pentágono reconheceu que ciberpiratas chineses haviam penetrado em sistemas americanos que hospedavam planos de mais de 30 tipos de armas.
Ofensivo, Pequim respondeu acusando os EUA de “fabricar” acusações “infundadas e absurdas” para danificar “a cooperação e a confiança mútua” – resposta de praxe que nada responde.
Washington pode ficar aguardando na chuva, porque esses oficiais nunca serão deportados nem julgados em território americano.
O Wall Street Journal sublinhou que talvez por isso a Justiça americana publicou – fato raro – as fotos dos suspeitos, consciente de que não serão atingidos.