A católica paquistanesa Asia Bibi permaneceu presa por quase 10 anos, sob a acusação de blasfêmia contra Maomé, crime punido com a morte no país. No último mês de outubro a Suprema Corte paquistanesa decidiu inocentá-la, e seu drama parecia ter chegado ao fim. Mas não foi o que ocorreu.
Asia Noreen, mais conhecida como Asia Bibi, nasceu na pequena aldeia de Ittan Wali, no nordeste do Paquistão. Casou-se com Ashiq Masih, com quem teve duas filhas, somando-se estas a outros três filhos do casamento anterior. Constituíam a única família católica na localidade, e Asia era constantemente instigada pelos vizinhos muçulmanos a aceitar o islamismo.
Em junho de 2009, durante o trabalho de colheita no campo sob um calor escaldante, Asia aproximou-se de um poço para beber água. Um conhecido, ao ver a cena, disse que ela, por ser cristã, estava tornando a água impura. Iniciou-se uma acalorada discussão, durante a qual outros muçulmanos exigiram que ela renegasse a fé e aceitasse o islã. Ela retrucou: “Jesus deu a vida para me salvar. O que fez Maomé por mim?”1
Nos dias seguintes, Asia Bibi e os outros membros da família sofreram contínuas agressões e provocações dos habitantes do povoado. Ela foi presa e condenada à morte no início de 2010, sob a acusação de ter violado o Código Penal paquistanês, que pune blasfemadores com execução por enforcamento. O juiz da sentença ofereceu-lhe a conversão ao islamismo para livrar-se da morte. Ela rejeitou a proposta com firmeza: “Prefiro morrer como cristã a sair da prisão como muçulmana”.2
Assassinatos e ameaças de maometanos
Anistia Internacional e a Human Rights Watch saíram a público em defesa de Asia Bibi. A Federação Pró-Europa Cristã promoveu em 2016 um abaixo-assinado por sua libertação, resultando na entrega de 100 mil assinaturas ao presidente da República do Paquistão.
Durante todo esse período, grupos de muçulmanos não cessaram de agir. Em 2011, o governador de Punjab, Salman Taseer, que havia se pronunciado em defesa de Asia, foi assassinado por um membro de sua própria segurança particular. O mesmo destino teve o Ministro das Minorias, Shahbaz Bhatti, único cristão membro do gabinete paquistanês. Como se opunha à lei contra a blasfêmia, ele foi morto a tiros em uma emboscada feita por um grupo de muçulmanos. O advogado de Asia, temendo por sua vida, fugiu para a Holanda.
O processo chegou por fim à Suprema Corte do Paquistão. Após inúmeras protelações, os juízes decidiram no último mês de outubro inocentar Asia Bibi, por falta de provas.
Uma onda de protestos da ala radical islâmica paralisou o país por três dias. Levando cartazes onde se via uma fotografia de Asia e uma corda, os manifestantes exigiam a morte da cristã como vingança a Maomé. Atemorizado, o governo prometeu abrir um recurso na Suprema Corte para rever a decisão. Entretanto, Asia foi retirada da prisão e levada para local secreto em território paquistanês.
A partir de então, seus parentes passaram a ser perseguidos e ameaçados pelos muçulmanos, que os forçaram literalmente a fugir de casa em casa. Joseph Nadeen, que cuida de duas filhas de Asia Bibi desde 2010, declarou à “ACI Digital”: “Estamos com medo. Nos últimos dias, os islamistas dispararam contra a porta da nossa casa. Estamos recebendo ameaças constantemente, e em mais de uma ocasião nos perseguiram.”4
Europa refém do ativismo maometano radical
Os familiares de Asia Bibi apelaram aos Estados Unidos e à Itália, entre outros países, para lhes concederem asilo, garantindo assim sua segurança. O governo do Reino Unido antecipou-se, recusando o pedido. De acordo com o “The Guardian”,5 algumas indicações sugerem que o governo teme uma reação contrária por parte dos muçulmanos ingleses provenientes do Paquistão, sendo este o provável motivo da recusa.
Nessa atitude britânica pode-se perceber uma curiosa contradição presente no mundo europeu. Segundo afirmam certos órgãos da mídia e alguns representantes governamentais, todos os tipos de imigrantes islâmicos devem ser aceitos na Europa, desconsiderando assim qualquer perigo gerado, por exemplo, pela entrada de potenciais terroristas muçulmanos em território europeu. Por outro lado, porém, uma família refugiada católica não pode ser aceita na mesma Europa, porque isso representaria um perigo!…
Mesmo abstraindo-se da questão pessoal, o caso ilustra bem a perseguição aos católicos e as contradições sobre os atuais movimentos migratórios na Europa. De longa data, a Europa parece estar refém e aprisionada. É necessário que os movimentos ideológicos de boa orientação atuem decididamente para libertá-la desse cárcere de submissão ao islamismo.
Qual será o futuro dessa católica corajosa?
Asia Bibi continuava em lugar sigiloso até o fechamento desta edição. Esteve prisioneira durante longos anos, e não há garantias de sua libertação definitiva. Seu futuro ainda se mostra incerto.
A propósito de toda essa temática, recomendamos a leitura da recente obra lançada pela TFP norte-americana: Islam and the Suicide of the West (O Islã e o suicídio do Ocidente), de autoria de Luiz Sergio Solimeo, colaborador de Catolicismo. A versão digital em inglês pode ser obtida gratuitamente em: http://www.tfp.org/islam-and-the-suicide-of-the-west-origins-doctrines-and-goals-of-muhammads-religion/
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Notas:
- https://www.religionenlibertad.com/mundo/19833/se-dispara-en-todo-el-mundo-la-preocupacion-por-la-salud.html
- https://www.elmundo.es/elmundo/2011/06/18/internacional/1308411548.html
- https://www.acidigital.com/noticias/islamistas-atentam-contra-vida-de-filhas-de-asia-bibi-42623
- https://www.theguardian.com/world/2018/nov/21/asia-bibi-family-being-hunted-house-to-house-in-pakistan
De pleno acordo, a Europa está sendo refém do islamismo. Quando vão surgir os líderes europeus que acordarão do sono e se lembrarão de que são descendentes de Cruzados? Costa Marques