O progressismo forjou igrejas, imagens, ritos contrários ao caráter hierárquico e sacral da Santa Igreja. O que é a Sacralidade? Qual a relação com o Sagrado? Objetos para uso temporal (fora da igreja) podem ser sacrais?
O Prof. Plinio nos dá uma aula tornando acessível o conceito de sacralidade e sua importância fundamental na sociedade espiritual e temporal.
A sacralidade, em si, é a qualidade que tem um ser, que deixa transparecer seu caráter sagrado.
Exemplos
Por exemplo um objeto: Vamos dizer, a patena usada na distribuição da comunhão. É um objeto sagrado, evidentemente. Tem também alguma sacralidade.
Como objeto sagrado, a gente tocando nele ou olhando para ele desperta em nós considerações de caráter religioso, de veneração, de adoração, de submissão, elevação a Deus, aos seus anjos e a seus santos.
A sacralidade é a qualidade por meio da qual se manifesta o caráter sagrado de um objeto.
Tomando dois objetos, por exemplo: a Imagem Peregrina de Nossa Senhora da Fátima, — que chorou diversas vezes em Nova Orleans –, e uma imagem comum, dessas que se encontram em casas comerciais de objetos religiosos, essa Imagem Peregrina tem muito mais sacralidade do que tem uma imagem comum. Transparece nEla, muito mais o caráter sagrado.
Outro objeto que, de si, não é muito sagrado, é um objeto quase inteiramente comum, é a lamparina do Santíssimo Sacramento que permanece acesa nas capelas.
Quando a gente entra numa capela, num oratório, qualquer coisa, está escuro e está só acesa a lamparina vermelha clássica, que se mantém sempre acesa junto ao Ssmo. Sacramento, quando isto acontece, se tem a impressão de sacralidade que provém daquela luz que enche sozinha com sua lâmpada discreta, pode encher sozinha os espaços de uma capela vasta.
Quando se entra, por exemplo, numa noite de luar numa igreja com vitrais, sendo que o luar transparece através dos vitrais, na capela do Ssmo. a lâmpada está acesa, estes vários jogos de luz dão uma impressão muito grande de sacralidade. Quer dizer, a igreja é um edifício sagrado, a capela do Ssmo. ainda mais. O Ssmo. é o próprio Deus presente em Corpo, Sangue, Alma e Divindade.
O máximo da sacralidade é a Sagrada Hóstia mas, na Sagrada Hóstia Deus se oculta no Ssmo. Sacramento e ocultando-se não se pode dizer que sempre a gente tem uma sensação religiosa olhando para uma Hóstia. Às vezes a gente tem uma graça especial e tem-se a impressão de sacralidade, outras vezes não tem. Porque a intenção de Deus é de não se manifestar de um modo sensível no Ssmo. Sacramento mas, a Hóstia num ostensório bonito e incensada com um turíbulo, aquele incenso difunde uma certa fumaça, um odor especial no edifício sagrado. Esta fumaça, este odor, com a presença do Ssmo. dão a impressão de sacralidade muito viva.
Então temos uma definição do sagrado, que eu dei logo no começo. Depois tem descrições de como é a sacralidade, o que é que ela é, e como é que ela é. Concorre para dar uma noção de sacralidade.
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A sacralidade nos santos
A sacralidade é muito acentuada também, quando a gente trata com pessoas virtuosas. São pessoas sagradas. Por exemplo, um padre, mas um bom sacerdote. Tratando com uma freira santa, que se consagrou a Deus, você tratando com eles tem uma impressão de sacralidade. O padre quando é ordenado sacerdote é todo ele consagrado como se fosse um altar. De maneira que a gente conversando com um bom padre, a gente tem uma sensação de uma respeitabilidade extraordinária. A mesma coisa pode ser com uma boa religiosa. Vamos dizer, por exemplo, o Cura d’Ars, Santa Terezinha do Menino Jesus e também pessoas do laicato, quando elas tem uma virtude relevante.
Por exemplo, a fotografia do Santo Pierre Toussaint, pode dar uma impressão de sacralidade. Ele era um cabelereiro, um homem de classe muito humilde mas, havia alguma coisa nele que o tornava venerável.
Naturalmente sua vida interior intensa, que dava a impressão de sacralidade. Fazia com que fosse conselheiro de numerosas senhoras da alta sociedade de Nova York.
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Esta sacralidade você nota muito numa santa recente: Não sei se vocês já tem fotografia de Santa Teresa dos Andes.
Se prestarmos atenção em fotografias bem tiradas dela, percebemos que ela é uma menina muito bem educada, de um meio muito fino. Mas isto é secundário.
O importante é a impressão que a gente tem de uma criatura angélica. É sacralidade que ela tinha por ser uma santa.
Exemplificando com a Sacralidade da Civilização Cristã
Os objetos que não são destinados diretamente ao culto, mas são destinados ao serviço da Igreja, da sociedade espiritual que é a igreja e na sociedade temporal, que é a Cristandade — Cristandade é o conjunto das nações de civilização cristã católica — certos objetos muito significativos do culto e da luta pela civilização cristã, têm muita sacralidade.
Por exemplo aquelas armaduras de guerreiros medievais.
Aquela viseira, aquela espécie de couraça especial para a cabeça, couraça para o peito, para o abdômen.
Braçadeira de metal, perneira de metal, o cavalo todo revestido de metal.
O cavaleiro tem sua lança na mão, pronto para disparar contra os inimigos da cristandade.
Num museu de objetos medievais se vê o seguinte dístico em baixo: armadura de um cavaleiro das cruzadas.
A gente tem a impressão de cristandade, de sacralidade.
Uma outra coisa que dava muito a impressão de sacralidade era a tiara que usavam os papas. Vocês viram, com certeza, fotografias da tiara.
Por exemplo, no meu livro sobre a Nobreza (Nobreza e elites tradicionais análogas), na fotografia de capa, aquela tiara é chamada o triregno e representa os três reinos: O reino de Roma, porque Roma era um reinado, porque o papa era o rei. Depois o reinado sobre a Igreja e em cima o reino dos céus. O trirregno emite uma impressão de sacralidade muito grande.
Quando a gente vai a lugares como Lourdes ou Assis, na Itália, toda a cidade de Lourdes e a cidade de Assis, emitem uma impressão de sacralidade, que a gente tem vontade de oscular cada pedra na rua.
Você vê então, o que é sacralidade, sacralidade a serviço da igreja – eu falei do turíbulo, do ostensório, da lâmpada, etc –, sacralidade a serviço da Cristandade.
Tem também a sacralidade da coroa dos imperadores da Áustria. Eu tenho até uma fotografia estupenda desta coroa. Uma sacralidade extraordinária.
A Áustria era a continuadora do Sacro Império Romano Alemão, que foi ungido pela Santa Sé para defesa da Cristandade. A coroa da Áustria era mais bonita, mas sobretudo mais sagrada do que as coroas dos outros povos. (*)
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A sacralidade, em si, é a qualidade que tem um ser, que deixa transparecer seu caráter sagrado.
As igrejas construídas sob o influxo do progressismo já não têm sacralidade. A arte moderna, porque rejeita o pulchrum, a ordenação, as regras de harmonia não é apta a produzir objetos sacrais.
(*) Extratos de uma reunião do Prof. Plinio respondendo à perguntas sobre o conceito de sacralidade, anos 90.
A INOCÊNCIA PRIMEVA E A CONTEMPLAÇÃO SACRAL DO UNIVERSO https://www.pliniocorreadeoliveira.info/Livro%20da%20Inocencia/2008_IP_01_Sumario_Capa.htm
[…] A sacralidade, em si, é a qualidade que tem um ser, que deixa transparecer seu caráter sagrado. A Sacralidade pode ser percebida nos objetos, no homem, na civilização. https://ipco.org.br/formacao-introducao-a-sacralidade-nos-objetos-nos-santos-na-cristandade/ […]