Formação (R-CR): A Marcha rápida e a marcha lenta da Revolução

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Vimos, no Post anterior, em que consiste A Marcha da Revolução.

Hoje, veremos, uma explicação de como a Revolução precisa dos radicais de esquerda e dos “moderados”.

2. OS APARENTES INTERSTÍCIOS DA REVOLUÇÃO
Considerando a existência de períodos de uma calmaria acentuada, dir-se-ia que neles a
Revolução cessou. E assim parece que o processo revolucionário é descontínuo, e portanto não é
uno.
Ora, essas calmarias são meras metamorfoses da Revolução. Os períodos de tranqüilidade
aparente, supostos interstícios, têm sido em geral de fermentação revolucionária surda e profunda.
Haja vista o período da Restauração (1815-1830) (13).

3. A MARCHA DE REQUINTE EM REQUINTE
Pelo que vimos (14) se explica que cada etapa da Revolução, comparada com a anterior, não
seja senão um requinte. O humanismo naturalista e o protestantismo se requintaram na Revolução
Francesa, a qual, por sua vez, se requintou no grande processo revolucionário de bolchevização do
mundo hodierno.
É que as paixões desordenadas, indo num crescendo análogo ao que produz a aceleração na
lei da gravidade, e alimentando-se de suas próprias obras, acarretam conseqüências que, por sua
vez, se desenvolvem segundo intensidade proporcional. E, na mesma progressão, os erros geram
erros, e as revoluções abrem caminho umas para as outras.

4. AS VELOCIDADES HARMÔNICAS DA REVOLUÇÃO
Esse processo revolucionário se dá em duas velocidades diversas. Uma, rápida, é destinada
geralmente ao fracasso no plano imediato. A outra tem sido habitualmente coroada de êxito, e é
muito mais lenta.


A. A alta velocidade
Os movimentos pré-comunistas dos anabatistas, por exemplo, tiraram imediatamente, em
vários campos, todas ou quase todas as conseqüências do espírito e das tendências da PseudoReforma: fracassaram.


B. A marcha morosa

Lentamente, ao longo de mais de quatro séculos, as correntes mais moderadas do
protestantismo, caminhando de requinte em requinte, por etapas de dinamismo e de inércia
sucessivas, vão entretanto favorecendo paulatinamente, de um ou de outro modo, a marcha do
Ocidente para o mesmo ponto extremo (15).


C. Como se harmonizam essas velocidades
Cumpre estudar o papel de cada uma dessas velocidades na marcha da Revolução. Dir-se-ia
que os movimentos mais velozes são inúteis. Porém, não é verdade. A explosão desses extremismos
levanta um estandarte, cria um ponto de mira fixo que fascina pelo seu próprio radicalismo os
moderados, e para o qual estes se vão lentamente encaminhando. Assim, o socialismo repudia o
comunismo mas o admira em silêncio e tende para ele. Mais remotamente o mesmo se poderia dizer
do comunista Babeuf e seus sequazes nos últimos lampejos da Revolução Francesa. Foram
esmagados. Mas lentamente a sociedade vai seguindo o caminho para onde eles a quiseram levar. O
fracasso dos extremistas é, pois, apenas aparente. Eles colaboram indireta, mas possantemente, para
a Revolução, atraindo paulatinamente para a realização de seus culposos e exacerbados devaneios a
multidão incontável dos “prudentes”, dos “moderados”, e dos medíocres.”

***

Nos interstícios elas são muito fracas. Nos interstícios da Revolução as cristalizações são muito pequenas, porque são os períodos em que a Revolução anda muito devagar, com muito cuidado etc. As cristalizações são fortes quando a Revolução dá grandes passos. Nos interstícios elas são muito fracas.

Entendemos, também, porque existe a esquerda radical e a moderada.

13 Cfr. Parte I, cap. IV.
14 Cfr. nº 1, C, supra.
15 Cfr. Parte II, Cap. VIII, 2.

Veremos, no próximo Post, as dificuldades e objeções suscitadas por esses tópicos.

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