As recentes manifestações populares em Hong Kong, — as maiores desde que a cidade foi devolvida à China em 1997 em decorrência do acordo com a Inglaterra — contra o projeto de Lei “para permitir que suspeitos sejam extraditados à China continental”, vêm mais uma vez, confirmar que o acordo com países comunistas (no caso, a China) são “farrapos de papel” que eles rasgam quando lhes for conveniente.
Segundo informe da REUTERS, 10 de junho, o “projeto de lei desencadeou uma oposição excecionalmente ampla de empresários e advogados normalmente pró-establishment a estudantes, figuras pró-democracia e grupos religiosos que temem a erosão da autonomia legal de Hong Kong e a dificuldade de obter até mesmo proteções judiciais básicas na China continental”.
O principal alvo dos cartazes do protesto é a executiva-chefe de Hong Kong, Carrie Lam, defensora da lei de extradição e que conta com todo apoio de Pequim.
O acordo entre o Reino Unido e a China (1997), sobre Hong Kong, incluía “garantias de que sua autonomia e liberdades, incluindo um sistema de justiça independente, seriam protegidas”.
“Mas muitos (em Hong Kong) acusam a China de uma ampla interferência em muitos setores, como impedir reformas democráticas, limitar as liberdades, interferir em eleições locais e ainda pelo desaparecimento de cinco vendedores de livros sediados em Hong Kong, a partir de 2015, que se especializavam em obras críticas dos líderes chineses. Mais tarde todos ressurgiram detidos na China, e alguns apareceram em confissões aparentemente forçadas transmitidas em Hong Kong”.
Lições da História: consequências da détente de Nixon
Pareceria estarem sepultadas no passado as consequências geopolíticas, financeiras e psicológicas da viagem de Nixon à China em 1972 — mas elas retomam agora, toda sua atualidade face à pressão continua que a China faz sobre Hong Kong.
Escreveu o Prof. Plinio em 1972: “O recente restabelecimento de relações entre Londres e Pequim é uma decorrência do comunicado de Xangai (acordo entre EUA e China). Uma vez que a América do Norte restabeleceu contatos esporádicos com a China vermelha, a Inglaterra, sempre pragmática, resolveu ir ainda mais longe. Daí seu restabelecimento de relações regulares com os mandarins comunistas”(1) que teve como consequência, em 19 de dezembro de 1984, um acordo sobre a devolução de Hong Kong à China.
Os 6,3 milhões de habitantes de Hong Kong não haviam sido questionados sobre suas preferências, em outras palavras, não houve consulta popular.
Segundo o acordo, o sistema econômico e o padrão de vida serão mantidos por 50 anos a partir da data da devolução (1997) e a parte administrativa foi deixada a cargo da própria Hong Kong.
A estratégia da China: um território e dois sistemas
Essa é também a pressão que a China faz sobre Taiwan – que até então tem resistido às imposições de Pequim – de um território e dois sistemas.
Auguramos que a população de Hong Kong saiba fazer a pressão necessária para que o governo local retroceda em seu “projeto de lei de extradição” que é tão desejado por Xi Jinping em sua política de dominação.
1 https://pliniocorreadeoliveira.info/FSP_720319_Inoculando.htm#.XQAMCohKiUl
https://br.reuters.com/article/worldNews/idBRKCN1TB1FW-OBRWD
[…] Nosso site ja postou em 11 junho um artigo sobre as gigantescas manifestações em Hong Kong contra a ilegal intromissão da China. (*)https://ipco.org.br/gigantescas-manifestacoes-em-hong-kong-contra-a-influencia-chinesa/#.XQWwx7xKguU […]