Guerra Mundial: “sim, pode acontecer de novo”, diz editorialista do The New York Times

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Paraquedistas poloneses, americanos e canadenses treinam na Polônia com os olhos postos na Ucrânia
Paraquedistas poloneses, americanos e canadenses treinam na Polônia com os olhos postos na Ucrânia

Roger Cohen, editorialista do influente The New York Times, abordou um problema que tira o sono dos observadores mais atentos e influentes. Poderíamos estar no início de uma Terceira Guerra Mundial?

Cohen é cauteloso. Ele observa a deformação psicológica inoculada nos ocidentais pelo excesso de otimismo das últimas décadas e constata que, antes da I Guerra Mundial, a Europa e o mundo civilizado nadavam em análogo otimismo.

Nunca a Europa tinha vivido um tempo tão longo e tão pacífico como o da Belle Époque que culminou no malfadado 1914. Acreditava-se que o enriquecimento dos países e a multiplicação dos intercâmbios comerciais afastaria a hipótese de um conflito geral. Afinal, a guerra destruiria a prosperidade de todos e, portanto, ninguém quereria.

Pregava-se que a humanidade caminhava para uma reconciliação universal, que eventuais atritos ficariam restringidos no espaço e se resolveriam com tratados diplomáticos e/ou comerciais. Mas, diz Cohen, pensando naquele ano, “o inimaginável pode acontecer”. E, acrescenta, quase aconteceu na recente anexação da Crimeia pela Rússia.

Também pareceu que o inimaginável nunca aconteceria quando um jovem nacionalista servo, Gavrilo Princip, assassinou o herdeiro da Coroa Austro-Húngara em Sarajevo, no dia 28 de junho de 1914.

Tudo fazia crer que o crime se resolveria a nível local. Mas os eventos se sucederam em cascata.

Em quatro anos, os grandes impérios centrais tinham ruído, milhões de homens tinham perecido nas trincheiras, e a Europa jazia em meio a destroços fumegantes.

Hoje Vladimir Putin encarna o fervor nacionalista que serviu de faísca em 1914. E a violência do separatismo ucraniano alimentado por Moscou mostra a periculosidade do irredentismo nacionalista ateado pelo chefe do Kremlin.

Cohen não é católico ou não o diz, mas a I Guerra Mundial inaugurou o ciclo de catástrofes mundiais contra o qual Nossa Senhora advertiu em Fátima caso os homens não fizessem penitência dos maus costumes.

Ela não foi ouvida, a Rússia espalhou seus erros por todo o mundo, desencadeou a II Guerra Mundial aliada à Alemanha nacionalista de Hitler e, agora, parece estar soprando um incêndio universal a partir da Ucrânia.

A Polônia se prepara para o pior. Parada militar em Varsovia, agosto 2014.
A Polônia se prepara para o pior. Parada militar em Varsovia, agosto 2014.

Cohen, porém, acha possível que a agressão russa à Ucrânia se estenda a nações vizinhas como a Polônia e os Países Bálticos. A NATO teria que despachar tropas e jatos de guerra que teriam como contrapartida um acirramento da belicosidade russa.

As peças do dominó estão dispostas para uma ir derrubando a outra em série e nem os EUA ficaria imune.

Cohen sublinha: “o inimaginável pode acontecer. Aliás, quase aconteceu agora na Crimeia”.

No Pacífico os atritos entre a China e o Japão raspam o conflito. Um ultimato pode acontecer. Na fronteira da Estônia, a Rússia concentra quantidades anormais de tropa.

Uma faísca, uma advertência mal ouvida por alguma das partes e a Terceira Guerra Mundial começa, observa Cohen.

Tudo isso pode não acontecer. Mas, paz não é igual a pacifismo. Se os campos europeus estão semeados de caveiras é porque o continente olhou para a guerra com repulsão e achou que nunca aconteceria.

O sistema internacional não parece especialmente estável e está menos previsível que em 1914.

O pacifismo europeu não tem contrapartida em Moscou ou Pequim, menos ainda nas potências islâmicas.

Obama exibe preocupante fraqueza. Os EUA acredita em sua enorme superioridade material militar, mas não exibem a determinação de usá-la como outrora.

A Rússia viola os tratados e Obama fica em lamentações verbais. Seu otimismo parece invencível. Parecido com o de 1914 que acabou na carnificina de Stalingrado e nas explosões nucleares em Hiroshima e Nagasaki.

Um realismo bem colado na realidade, que alguns podem confundir com o pessimismo, talvez teria sido melhor para a paz e para a sobrevivência de milhões de homens.

9 COMENTÁRIOS

  1. Não creio que a Rússia tenha força econômica e infraestrutura para empreender uma grande guerra com as potências ocidentais. Mas Putin conhece a fraqueza política e a indeterminação dos seus adversários. É um jogador. Um jogador que até aqui, acertou a cor e o número na roleta do cassino das relações internacionais. É inteligentíssimo nesse ponto. Sabe se aproveitar da hesitação do outros. Mas vai chegar uma hora em que as potências ocidentais, apesar do inicial isolacionismo dos EUA – um atitude que ele teve em ambas as guerra incialmente – vai ruir e todos vão chegar a conclusão de que Putin só pode ser detido mesmo com o uso da força. E aí o próprio Putin terá nas mãos aquilo que ele não queria, para o qual a Rússia não se encontra em condições: uma guerra com a maior potência militar do planeta, capaz de travar cinco guerras convencionais em diferentes pontos do globo terrestre ao mesmo tempo. Uma coisa é certa: se acontecer, não vai durar muito tempo. E nem sobrar grande coisa do mundo que conhecemos. Oremos pela Paz.

  2. Otimismo é irrefreável no coração humano.
    Mas, a haver uma grande guerra, e porque estamos numa era atômica, poderá não sobrar pedra sobre pedra, para que alguém possa clamar vitória.
    E o Brasil, de costas viradas para a Europa, está apoiando Putin na sua caminhada para uma nova era soviética e exportando soja e carne quase exclusivamente para a Rússia e China. Sendo assim, também estaremos inclusos nessa pretensa guerra mundial.
    Sejamos otimistas!

  3. É preciso, que estejamos atentos para estes acontecimentos atuais. Uma vez que a Voz da Mãe de Deus não foi ouvida pela maior parte dos homens. Nós só podemos esperar por um grande castigo. Deus quer punir os pecados dos homens, através da guerra, dos danos materiais e sobretudo, pela punição aos pecados que estão aí bradando os céus.Vamos fazer cada um de nós, a nossa parte. Ou seja: Procurando cumpri com exatidão, os Mandamentos da Lei de Deus e da Santa Igreja.
    Joelson Ribeiro Ramos.

  4. Putim no seu projeto de reconstruir a antiga “União Soviética” vai avançando até encontrar resistência! Se deu bem na crise da Crimeia, partiu agora para novos objetivos, se ainda não incorporou uma parte da Ucrânia, vai fazer isto no futuro, é uma questão de tempo! A pergunta que eu faço é a seguinte: foi dado a Ucrânia, o apoio financeiro e de armamento militar adequado para ela enfrentar um inimigo tão poderoso como a Rússia? Acredito que não! O ocidente vive mergulhado em crise financeira, este tipo de despesa
    ele quer distância! Sua guerra é com as estatísticas! Putim sabe disto, conhece a fragilidade dos adversários e implementa sua política com base nisto!

  5. Concordo plenamente com o autor, pois o estado de latência em que se encontra todo o globo está se agravando, o próprio universo nos inspira advertência e controle de visão para o que nos propõe vir. Moscou, Gaza, Jerusalém, Polônia etc, estamos numa perigosa situação mais sutil que em 1914. Nos advirtamos quanto aos ventos que nos sopram cuidado com sua tradução.

  6. Concordo plenamente com o autor, pois o estado de latente beligerância, está se agravando a medida que Moscou se sente mais a vontade para atuar no seu afã de impor sua hegemonia.
    Estamos numa situação muito mais perigosa, a meu julgamento, que em 1914. Porque o equilíbrio foi quebrado a partir da eleição de Obama nos Estados Unidos.

  7. A observação de faceta por faceta da realidade que estamos vivendo é deveras preocupante, sobretudo o estado atual da Santa Igreja Católica. O conjunto dos fatos que constatamos , dia-a-dia, aponta para a iminência da eclosão daquilo que o Cohen – articulista do NYT – vê.
    Agradeço ao sr. Dufaur por mais essa preciosa informação.

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