Há 70 anos, um discurso de indelével memória

4
O IV Congresso Eucarístico Nacional — de 4 a 7 de setembro de 1942 — foi um marco na história do Catolicismo no Brasil

No grandioso congresso Eucarístico Nacional de 1942, observou-se um entusiasmo religioso ímpar, fruto da vitalidade do Movimento Católico em cuja liderança estava Plinio Corrêa de Oliveira. E desse evento guardam saudosa recordação todos os que a ele assistiram presenciando manifestações como a da foto acima e a do final. Sobretudo de seu encerramento, realizado no centro da capital paulista, no Vale do Anhangabaú tomado por uma multidão — mais de 500.000 pessoas, vindas de todo o Estado e de diversas partes do Brasil. Este número, impressionante mesmo para nossos dias, o era incomparavelmente mais para a pequena cidade de São Paulo do início da década de 40, cuja população não passava de 1.500.000 almas.

Nesse brilhante encerramento, coube a Plinio Corrêa de Oliveira [foto] fazer o discurso de saudação oficial às autoridades civis e militares. O público entusiasmado ovacionou o orador, na ocasião Presidente da Junta Arquidiocesana da Ação Católica.

Ocupava a presidência de honra desse evento o Núncio Apostólico e Legado Pontifício, D. Bento Aloisi Masella, tendo à sua direita o Interventor Federal Dr. Fernando Costa, representando o Presidente da República. Presentes aproximadamente 60 Arcebispos e Bispos, numeroso clero, autoridades, representações de outros Estados e de alguns países da América do Sul.

A seguir alguns tópicos desse memorável discurso:


“No curso já quatro vezes secular da História do Brasil, jamais se reuniu assembléia mais solene e ilustre que esta. No momento em que a vida nacional caminha para rumos definitivos, quis a Divina Providência reunir em pleno coração de São Paulo os elementos representativos de tudo quanto fomos e somos, de todas as glórias de nosso passado e de nossas melhores esperanças para o futuro. […]

“Senhores, é hoje o dia 7 de setembro. A data é expressiva, e estou absolutamente certo de que um imenso clamor se levantará neste glorioso dia, transpondo os limites do Estado e do País, para notificar ao mundo inteiro que, como um só homem, o Brasil se ergue contra o imperialismo nazista pagão que trama sua ruína e parece ter chamado a si, exatamente como seu sósia vermelho de Moscou, a diabólica empreitada de destruir a Igreja em todo o mundo.

As montanhas do Brasil parecem convidar o homem às supremas afoitezas dos heroísmo cristão

“Contra os inimigos da Pátria que estremecemos, e de Cristo que adoramos, os católicos brasileiros saberão mostrar sempre uma invencível resistência. Loucos e temerários! Mais fácil vos seria arrancar de nosso céu o Cruzeiro do Sul, do que arrancar a soberania e a Fé a um povo fiel a Cristo, e que colocará sempre seu mais alto título de ufania em uma adesão filialmente obediente e entusiasticamente vigorosa à Cátedra de São Pedro. […]

“Talvez não fosse ousado afirmar que Deus colocou os povos de sua eleição em panoramas adequados à realização dos grandes destinos a que os chama. E não há quem, viajando por nosso Brasil, não experimente a confusa impressão de que Deus destinou para teatro de grandes feitos este País, cujas montanhas trágicas e misteriosas penedias parecem convidar o homem às supremas afoitezas do heroísmo cristão, cujas verdejantes planícies parecem querer inspirar o surto de novas escolas artísticas e literárias, de novas formas e tipos de belezas, e na orla de cujo litoral os mares parecem cantar a glória futura de um dos maiores povos da Terra.

“Os mares parecem cantar a glória futura de um dos maiores povos da Terra”

“Quando nosso poeta cantava que nossa terra tem palmeiras onde canta o sabiá, e as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá’, percebeu, talvez confusamente, que a Providência depositou na natureza brasileira a promessa de um porvir igual ao dos maiores povos da Terra.

“E hoje, que o Brasil emerge de sua adolescência para a maturidade, e titubeia nas mãos da velha Europa o cetro da cultura cristã que o totalitarismo quereria destruir, aos olhos de todos se patenteia que os países católicos da América são na realidade o grande celeiro da Igreja e da Civilização, o terreno fecundo onde poderão reflorir, com brilho maior do que nunca, as plantas que a barbárie devasta no velho mundo. A América inteira é uma constelação de povos irmãos. Nessa constelação, inútil é dizer que as dimensões materiais do Brasil são uma figura da magnitude de seu papel providencial.

*          *          *

“Tempo houve em que a História do mundo se pôde intitular ‘Gesta Dei per Francos’. Dia virá em que se escreverá ‘Gesta Dei per brasilienses’ — as ações de Deus pelos brasileiros.

“A missão providencial do Brasil consiste em crescer dentro de suas próprias fronteiras, em desdobrar aqui os esplendores de uma civilização genuinamente católica, apostólica, romana, e em iluminar amorosamente todo o mundo com o facho desta grande luz, que será verdadeiramente o ‘lumen Christi’ que a Igreja irradia. Nossa índole meiga e hospitaleira, a pluralidade das raças que aqui vivem em fraternal harmonia, o concurso providencial dos imigrantes que tão intimamente se inseriram na vida nacional, e mais do que tudo as normas do Santo Evangelho, jamais farão de nossos anseios de grandeza um pretexto para jacobinismos tacanhos, para racismos estultos, para imperialismos criminosos. Se algum dia o Brasil for grande, sê-lo-á para bem do mundo inteiro.

“’Sejam entre vós os que governam como os que obedecem’, diz o Redentor. O Brasil não será grande pela conquista, mas pela Fé; não será rico pelo dinheiro tanto quanto pela generosidade. Realmente, se soubermos ser fiéis à Roma dos Papas, poderá nossa cidade ser uma nova Jerusalém, de beleza perfeita, honra, glória e gáudio do mundo inteiro. […]

*          *          *

“Em um Brasil imensamente rico, vereis florescer um povo imensamente rico, vereis florescer um povo imensamente grande, porque dele se poderá dizer:

“Bem-aventurado este povo sóbrio e desapegado, no esplendor embora de sua riqueza, porque dele é o reino dos Céus.

“Bem-aventurado este povo generoso e acolhedor, que ama a paz mais do que as riquezas, porque ele possui a Terra.

“Bem-aventurado este povo de coração sensível ao amor e às dores do Homem-Deus, às dores e ao amor de seu próximo, porque nisto mesmo encontrará sua consolação.

“Bem-aventurado este povo varonil e forte, intrépido e corajoso, faminto e sedento das virtudes heroicas e totais, porque será saciado em seu apetite de santidade e grandeza sobrenatural.

“Bem-aventurado este povo misericordioso, porque ele alcançará misericórdia.

“Bem-aventurado este povo casto e limpo de coração, bem aventurada a inviolável pureza de suas famílias cristãs, porque verá a Deus.

“Bem-aventurado este povo pacífico, de idealismo limpo de jacobismos e racismos, porque será chamado filho de Deus.

“Bem-aventurado este povo que leva seu amor à Igreja a ponto de lutar e sofrer por ela, porque dele é o reino dos Céus”.
_________
Transcrito de “O Legionário” de 7-9-1942 — Órgão oficioso da Arquidiocese de São Paulo. A íntegra desse memorável discurso encontra-se disponível em:

http://www.pliniocorreadeoliveira.info/Disc_Congr_Eucar_42.htm


4 COMENTÁRIOS

  1. É gente temos que juntar os cacos da Igreja devastada pela infiltração da maçonaria. Me alegra os muitos blogs e sites católicos na internet, se não fosse esses, eu não seria católico hoje. Meu grupo de amigos é a mesma história: convertidos pelos sites e blogs na internet, rezemos pela conversão e formação doutrinária do clero, pois, se depender da maioria destes estamos literalmente fritos.

  2. Rocha :

    Que saudade de um tempo que eu não vivi. Um tempo em que se respirava Igreja e não “ecumenismo”. Tenho tanta saudade dessa não vivência, que desejo dedicar minha vida ardentemente ao bom combate em favor da restauração desse tempo!

    Bendito seja DEUS e viva a Santa Igreja!!!

    Com sua licença, faço minhas suas palavras.Meu coração chega a doer, por não ter visto um tempo mais SANTO que este em que vivemos.Misericórdia do teu povo Brasileiro meu senhor JESUS, hoje tão sem rumo e tão precisado de vós.

  3. O irmão aqui é uma ROCHA da atualidade. Nestes tempos modernos são destes que precisamos, com seus testemunhos, mesmo sendo de um tempo em que não viveram. Lembro-me dos movimentos da Igreja, Congregações Marianas, Filhas de Maria, Cruzadas Eucarísticas para crianças, Apostolados de Oração, mobilizando-se em realizações dos Congressos Eucarísticos Nacional. Não só de saudades vive a Igreja. Ainda temos esperanças de retornos à Fé simples de nosso povo.

  4. Que saudade de um tempo que eu não vivi. Um tempo em que se respirava Igreja e não “ecumenismo”. Tenho tanta saudade dessa não vivência, que desejo dedicar minha vida ardentemente ao bom combate em favor da restauração desse tempo!

    Bendito seja DEUS e viva a Santa Igreja!!!

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui