“O hábito não faz o monge”, mas …

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Informa O Globo que o TRT do Rio vai fazer uma licitação para comprar togas para seus 242 juízes1. O uso obrigatório do paramento, que teria origem na Roma antiga, foi reforçado pelo ministro corregedor Ives Gandra Filho, do TST, com base numa decisão do Conselho Superior da Justiça do Trabalho de 2008 e na Lei 5.010/66.

É uma boa notícia para o Rio. O corregedor sustenta que o uso da vestimenta passa “confiança e respeito” na Justiça. Estamos tão necessitados! E acrescenta:

O juiz decide sobre a vida, a liberdade e a propriedade das pessoas. Quando se trata desses valores, o ato é solene. O advogado usa terno e gravata, e o juiz (sem a toga) parece um técnico de informática. Numa correição em Porto Alegre, Gandra Filho conta ter encontrado uma jovem juíza usando uma roupa “provocante” e um juiz trabalhando de camisa polo e calça jeans. “A pessoa olha e diz: “É na mão dessa pessoa que está a minha vida?” E começa a duvidar da Justiça. A roupa provocante não condiz com a função de juíza.”

Mas os trajes são apenas uma parte de nosso assunto. Dr. Plinio acrescenta: “Com os trajes, também a linguagem, os gestos, os ritos, são elementos que têm grande importância cultural e pedagógica para o bem comum dos povos. É uma ‘liturgia’ social natural que se exprime na ordem e no fausto”.

O traje deve estar de acordo com quem o usa, e com a circunstância em que é usado”, nota o mesmo Dr. Plinio. Com efeito, o modo de ser de um homem se exprime na fisionomia, no porte, no trato e também nos trajes, cuja mudança ao longo da História está  ligada à mudança das personalidades e dos tipos humanos2“. A sociedade, por assim dizer, – afirmou Pio XII – fala com o traje que veste; com o traje revela suas secretas aspirações e disto se serve, pelo menos em parte, para edificar ou destruir o próprio porvir“.3

Falar com o traje que veste: se é correto, ele diz bem da pessoa. Caso contrário, mesmo sem a conhecer, já se a fica conhecendo.

E que dizer da batina dos padres? E da ausência dela? Leia-se este texto, de Dr. Plinio: “A Igreja Se mostra santa, precisamente porque com igual perfeição, com a mesma sobrenatural genialidade, sabe organizar e estimular a pratica das virtudes que esplendem na vida obscura do Monge, e da que refulgem no cerimonial sublime do Papado”.4

Ora, com muita razão, diz o povinho: o hábito não faz o monge, mas ajuda

1 Ancelmo Gois, em 5-12- 2013.

2 Plinio Corrêa de Oliveira, Indumentária, hierarquia e igualitarismo, in “Catolicismo”, n° 133, janeiro de 1962. Cfr. também O hábito e o Monge, in “Catolicismo”, n° 62 (fevereiro de 1956).

3 Pio XII, Discorso di Gran Cuore, 8-11-1957, in Discorsi e Radiomessaggi (Tipografía Vaticana, Cidade do Vaticano, 1959) vol. XIX, p. 578.

4 FSP, 20-3-1969.

8 COMENTÁRIOS

  1. O nosso corpo é o templo do Divino Espírito. Nós precisamos ter uma vestimenta católica para poder honra-lo. Vejamos as vestimentas de Nosso Senhor, Nossa Senhora dos santos, como vestiam bem diante das pessoas. A nossa vestimenta deve cobrir o nosso corpo decentemente para não fazer os demais pecar. Hoje vemos escandalosamente as vestimentas sobretudos femininas, expostas ao pecado, e fazendo os demais pecar.
    Joelson Ribeiro Ramos.

  2. Infelizmente vemos tantos padres usando bermudas, sem camisa, não se dando o menor respeito,, quando chega na hora da celebração da santa Missa, vestem na moda vamos embora, os trajes santos da celebração, como se fosse uma bermuda, ou outro traje ordinario. Como esses sacerdotes querem o respeito devido as pessoas consagradas a Deus? Como podemos ter certeza se a pessoa ali paramentada é realmente um sacerdote de Deus? Que confiança eles podem nos transmitir? Sem falar de muitos erros doutrinarios e teologicos transmitidos em suas homilia, pois se não tem seriedade em se portar como um sacerdote de Deus, não tem seriedade em estudar e transmitir com fidelidade a Palavra de Deus

  3. Muito pertinente nos dias de hoje em que não se consegue mais distinguir as pessoas investidas de autoridade das pessoas comuns do povo, não somente pela indumentaria mas também pelo comportamento social das ditas pessoas, que parecem menosprezar a importância da aparência compatível de seu comportamento com a autoridade de que estão revestidas!

  4. Seria interessante também que reativassem as cadeiras dos juízes visigodos da península ibérica. Essa cadeira era feita com a pele de juízes corruptos condenados e executados.

  5. É importante a atitude e apresentação perante as pessoas com as quais deve-se tratar especialmente o aspecto pessoal quando em se tratando de alguém que representa uma autoridade e uma hierarquia. O valor desse hábito não está na qualidade da prenda senão no respeito à função que exerce e demonstra a retidão da função tudo deve ser estar de acordo com o ato que está realizando.

  6. Corretíssimo o posicionamento do jurista Ives Gandra.

    Isso nos faz lembrar a célebre frase do Imperador Júlio César, que em razão de um boato e, sem provas da infidelidade de sua mulher, mas condenando-a ao ostracismo intra palaciano, disse:

    “Não basta que a mulher de César seja honrada, é preciso que sequer seja suspeita”.

    Mas, na versão mais conhecida por nós, é assim:
    “NÃO BASTA À MULHER DE CÉSAR SER HONESTA, TEM QUE PARECER HONESTA”!

    – De igual forma ao magistrado e a outros segmentos, inclusive o religioso, NÃO BASTA TER AUTORIDADE, LEGAL OU MORAL, TEM QUE PARECER, INCLUSIVE NA INDUMENTÁRIA.
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    Aliás, a respeito da vida cristã, por exemplo, o Apóstolo São Paulo, recomendava: “Abstende-vos de toda a aparência do mal.”
    1 Tessalonicenses 5:22
    Isto é, não basta não praticar o mal, tem que parecer não praticá-lo também.

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