Noite de frio intenso em Belém. A cidade se encontrava envolta no burburinho preparatório do recenseamento convocado por César. Em vão, um casal discreto procurava acolhimento nas hospedarias, nem mesmo entre os parentes próximos, porquanto José e Maria desejassem lugar digno para o Natal do Criador do Céu e da Terra.
A natureza já se regozijava. Dela se exalava um perfume de agradável odor, ao passo que os corações dos homens de Belém se cerravam para Aquele que os enriqueceriam com Suas dádivas. Enquanto a noite avança, o incansável casal se depara ao longe com uma estrebaria, além de desconfortável, sem qualquer aconchego.
O egoísmo e a dureza daquela gente fechavam as portas e os corações para o santo casal que, vigilante, aguardava o desejado das nações, o Rei dos reis, Aquele que viria tirar os pecados do mundo e beneficiar a humanidade inteira. Chega a noite ao seu ápice e o Sol do sol brilhou aos olhos extasiados de Maria e de José.
Enquanto todos dormiam, os Anjos despertaram os pastores na imensidão dos campos para lhes anunciar a grande alegria, extensiva a todo o povo: “Hoje vos nasceu, na cidade de David, o Salvador, que é o Cristo, o Senhor. E este é o sinal para vós: achareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura”.
Natal, dia de alegria, de paz e de harmonia. Natal em que comemora o nascimento do Menino Jesus. Natal, dia de festa, de bênçãos e de calor humano. Natal cuja atmosfera se ilumina pelas graças d’Aquele que se uniu à natureza humana para trazer a Si a humanidade inteira. O Salvador veio ao mundo para a redenção de todos.
Natal lembra bem estar, paz, inocência, brancura de alma. Deus-Menino, o pão da vida, vem à sua cidade que quer dizer a casa do pão. “Eu sou o maná que desci do Céu, que vossos pais comeram e, contudo morreram, mas quem comer deste pão viverá eternamente”. A Eucaristia e o Natal são um prolongamento de Cristo entre nós.
Não há lugar onde se consagre o pão que sua substância não se transforme em Cristo. Qual lírio do campo, na manjedoura Jesus é adorado pelos anjos, pelos pastores e pelos reis. É o mesmo Deus de nossos sacrários. No instante mesmo em que o Anjo comunicava aos pastores a grande nova, toda a Milícia Celeste se uniu a ele em louvor a Deus, cantando: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens de boa vontade”.
De boa vontade são aqueles que vivem em estado de graça, na amizade divina e no cumprimento de decálogo. Glória a Deus nas alturas é o que Cristo veio trazer à Terra ao fundar e instituir a Santa Igreja Católica, que é a Sua Igreja. Os céus se alegram e a terra inteira triunfa, pois Jesus veio a nós. E continua a vir no santo sacrifício da Missa.
O nascimento do Filho de Deus em Belém foi previsto pelo profeta Miqueias. Na Palestina, subjugada pelos romanos imperava Roma na pessoa de César Augusto, que depois de ter vencido os inimigos se encontrava em grande paz. Ambicioso, decretou um recenseamento em todo o império, indo todos se alistar na sua cidade de origem.
Da Casa de David, José e Maria foram a Belém. Viagem de quatro dias. Deus Pai dispôs as coisas para que o santo casal se dirigisse ao lugar onde a humanidade inteira procura hoje representar nas casas, nas igrejas, nos lares e nas cidades, o Presépio. Não apenas para prolongar, mas para perpetuar o grande acontecimento.
Ali, onde Maria deu à luz o divino Filho sem perder a virgindade, sem dor, num êxtase de elevação e nobreza. Maria tornou-se mãe do Filho de Deus conservando-se intacta através de um verdadeiro milagre. Sendo mãe, não deixou de ser virgem. Virgem antes, durante e depois do parto.
Nossa Senhora percebeu não haver lugar para o seu Filho no coração empedernido daquele povo. A não ser uns poucos tocados pela graça como os Reis Magos e os pastores. Peçamos na noite de Natal ao Menino Jesus para sermos homens de boa vontade, unidos à Sagrada Família, aos reis Magos e aos pastores.
Assim, glorificaremos a Deus.
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Pe. David Franciquini Sacerdote da Igreja do Imaculado Coração de Maria – Cardoso Moreira-RJ.