Atração pelo esguio, pelo ascético, voltada para o Céu
Tendo em primeiro plano o belo cruzeiro, a fotografia captou a igreja num ângulo muito feliz e poético. O elemento indispensável da paisagem nordestina está presente — as palmeiras, que parecem apostar corrida com as torres, sem conseguir superá-las. O nome da igreja diz tudo: Nossa Senhora dos Prazeres dos Montes Guararapes.*
A fachada apresenta uma nota que a distingue de outras igrejas do tempo colonial. Com certa frequência, os templos religiosos da época destacavam o horizontal, não o esguio. Nesta se encontra esse aspecto, para mim de grande mérito, visando ao esguio, ao mais elevado.
Ela é um pouco estreita em relação à sua altura. As janelas também são de altura um pouco maior que a comum, e isto é muito louvável. Os ornatos junto ao teto, no centro e nas torres, se voltam especialmente para cima, para o céu. Dir-se-ia que há no edifício uma procura do esguio, do ascético, daquilo que busca o Céu e as realidades superiores às desta Terra.
O conjunto esguio da igreja é muito propício a recordar as batalhas de Guararapes, que se travaram nas proximidades em defesa da fé católica. Lembra a ascese dos heróis naquele combate religioso contra o invasor holandês.
Excertos de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 22 de maio de 1985. Esta transcrição não passou pela revisão do autor. Fonte: Revista Catolicismo, Nº 823, Julho/2019.
* A igreja foi construída no século XVII, em ação de graças pelas vitórias alcançadas em 1648-49, nas guerras contra os invasores holandeses. Está localizada no município de Jaboatão dos Guararapes, região metropolitana do Recife (PE). Nela se conservam imagens barrocas de grande valor histórico e obras de arte dos séculos XVII e XVIII, além dos restos mortais de João Fernandes Vieira e André Vidal de Negreiros, heróis da Batalha de Guararapes.