Improvisação, aventura e caos

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FOLHA DE S.PAULO – SEXTA-FEIRA, 19 DE JULHO DE 2013

Dom-Bertrand
Dom Bertrand de Orleans e Bragança

O Brasil vive um momento de incertezas que parece rumar para a improvisação, a aventura e quiçá o caos. Em todo o mundo, grupos revolucionários de diversos matizes de esquerda buscam ressurgir das cinzas de suas falidas ideologias e capitanear anseios ou descontentamentos populares investindo contra “tudo o que aí está”.

Iludindo incautos, visam uma democracia direta das ruas, pela qual minorias de ativistas radicais imponham à sociedade e às autoridades (acuadas ou coniventes) um difuso despotismo, contrário à propriedade privada, destruidor da família, propugnador de estilos de vida alternativos e com notas crescentes de militância anticristã. Movimentos como o Occupy Wall Street ou os chamados Indignados na Espanha são disso exemplos recentes.

Os 20 centavos foram o estopim para que, no Brasil, grupos desse naipe (como o Movimento Passe Livre, originário dos fóruns sociais mundiais) articulassem mobilizações que rapidamente degeneraram em agressões e atos de violência.

Sem representatividade social, foram, porém, erigidos em “voz das ruas” por considerável parte da mídia e escolhidos como interlocutores oficiais, num jogo de prestidigitação político-ideológica.

Entretanto, a realidade no Brasil é sempre mais complexa do que a imaginam certos profissionais do caos. Tais ondas de choque vieram de encontro a um difuso, calado, mas autêntico e profundo descontentamento que, de há muito, fermenta na opinião pública. O que mudou, em boa medida, a conformação das manifestações de rua.

Em nossa cambaleante democracia, os reais anelos do “homem da rua” são ignorados pelo mundo político, e os debates sobre temas de interesse nacional, bem como os processos eleitorais são reduzidos a cambalachos de bastidores.

Imaginando equivocadamente que a opinião pública anseie por instituições e leis acentuadamente progressistas, sucessivos governos foram arrastando o Brasil para uma esquerdização dissolvente. Tal esquerdização foi somando fatores de inconformidade no Brasil real, nesse Brasil em ascensão, que labuta e produz, que quer ser autenticamente brasileiro, em continuidade com seus valores e seu passado.

Por ocasião da Constituinte, em 1987, Plinio Corrêa de Oliveira alertava para o divórcio que se gestava entre o país legal e o país real: “Quando as leis fundamentais que modelam as estruturas e regem a vida de um Estado e de uma sociedade deixam de ter uma sincronia profunda e vital com os ideais, os anelos e os modos de ser da nação, tudo caminha para o imprevisto. Até para a violência (…)”.

Por um fenômeno mais psicológico do que ideológico, a imensa maioria de nossos conterrâneos quer segurança e não aventuras. Mas a determinação do governo parece ser a de incrementar o processo de esquerdização autoritária. Propagandisticamente, pode dar certo distorcer a realidade, mas no fundo das mentalidades só se agravará o divórcio entre o país legal e o país real.

DOM BERTRAND DE ORLEANS E BRAGANÇA, 72, é trineto de dom Pedro 2º, príncipe imperial do Brasil, segundo na ordem de sucessão, diretor nacional do Movimento Paz no Campo.

4 COMENTÁRIOS

  1. São paulo em sua segundo carta ao discípulo Timóteo, descreve nossa realidade, quanto ao comportamento dos homens.
    Cap. 3, 18.
    1. Nota bem o seguinte: nos últimos dias haverá um período difícil.
    2. Os homens se tornarão egoístas, avarentos, fanfarrões, soberbos, rebeldes aos pais, ingratos, malvados,
    3. desalmados, desleais, caluniadores, devassos, cruéis, inimigos dos bons,
    4. traidores, insolentes, cegos de orgulho, amigos dos prazeres e não de Deus,
    5. ostentarão a aparência de piedade, mas desdenharão a realidade. Dessa gente, afasta-te!
    6. Deles fazem parte os que se insinuam jeitosamente pelas casas e enfeitiçam mulherzinhas carregadas de pecados, atormentadas por toda espécie de paixões,
    7. sempre a aprender sem nunca chegar ao conhecimento da verdade.
    8. Como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes homens de coração pervertido, reprovados na fé, tentam resistir à verdade.
    quem tem ouvidos para ouvir que ouça.
    Paz e bem. Salve Maria!

  2. D. Bertrand, foi por demais feliz na análise da atual situação política nacional. É um conjunto orquestrado pelo partido que preside a nação.
    Ong’s bancadas pelo (des)governo. Prática utilizada em 1.917 na Europa(Rússia), provocando a agitação das massas por “esmolas”/centavos.
    REFLEXÃO: até hoje na história do planeta, não houve “movimento de massa espontâneo”. O único que se teve alusão, ocorreu no pós primeira
    guerra mundial, e dele surgiu um LÍDER chamado Adolph Hitler, e resultou em sessenta milhões de mortos.
    _____________________________________________________________________

    As pessoas “levadas” às manifestações, certamente lutam contra a corrupção, buscam melhor qualidade de vida, educação, saúde, transporte, alimentação e trabalho dignos, porém, novamente foram utilizadas como massa de manobra por um grupo sem caráter, amoral e aético.

    SEMPRE LEMBRANDO QUE COMUNISMO E MISÉRIA ANDAM DE MÃOS DADAS COM A ENGANOSA MÍDIA, E QUE , AINDA HÁ AVE RARA QUE NÃO VOA,

    PAZ E BEM À TODOS DO BEM.

  3. Esse Editorial da Folha de São Paulo é uma leitura precisa do que está sendo feito e articulado nas ruas por uma minoria de esquerda radical onde está sendo afrontada a Constituição e o Estado de direito com a conivência de alguns meios de comunicação e até do Judiciário ( como o caso da invasão da Câmara de Vereadores de Porto Alegre). O mais triste de tudo isso, é que não vemos lideranças corajosas q

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