IN MEMORIAM

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Faleceu em São Paulo, na manhã do dia 31 de maio, o Dr. Miguel Beccar Varela (1940–2024). Nascido em ilustre família argentina, desde os bancos escolares dedicou-se com notável zelo ao apostolado contra-revolucionário, inicialmente no movimento Cruzada, depois na Sociedad Argentina de Defensa de la Tradición, Familia y Propiedad e, por fim, auxiliando durante décadas o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, do qual foi destacado discípulo, em trabalhos particularmente de natureza intelectual.

Além de ter sido por muitos anos presença insigne na chamada Comissão Médica, foco intenso de produção intelectual na TFP brasileira, destacou-se também em diversas áreas como palestrante assíduo, diligente e procurado. Antes de se estabelecer estavelmente no Brasil, o Dr. Miguel, ainda nos anos 70, formou grupos de jovens na Colômbia e ajudou o apostolado em outros países, especialmente no Equador.

Com destemor, posições claras e firmes, traços marcantes de sua personalidade, realizou proveitosa e perigosa viagem às Filipinas e ao Vietnã do Sul ainda em guerra, de onde trouxe preciosas informações.

Ao lado de Plinio Corrêa de Oliveira, Miguel Beccar Varela nos anos 1970.

Foi coautor do livro El Nacionalismo, una incógnita en constante evolución, publicado em 1970 pela Comissão da Estudos da TFP argentina, livro sereno, fundamentado e demolidor, que mostra como tal corrente conseguiu atrair e cooptar para posições revolucionárias o que havia de melhor no país.

No momento doloroso em que seus amigos e admiradores lhe dão, reverentes e agradecidos, o último adeus, é de justiça ressaltar que se a opinião pública fosse mais arguta e amadurecida, as teses contidas naquele estudo teriam repercussão decisiva nos acontecimentos atuais, em especial da América Latina. Por sua importância, El Nacionalismo, uma incógnita en inconstante evolución justificaria uma existência.

 Como médico, o Dr. Miguel estudou ainda a doutrina e a terapia freudiana, confrontando-as com os ensinamentos da doutrina católica e de scholars de nomeada internacional. Dedicou-se também, como intelectual católico, ao estudo de São Boaventura, de quem foi devoto e grande conhecedor.

Modesto, despretensioso, ar fidalgo, olhar bondoso, relacionamento jovial, com indiscutível brilho solar, tornava a virtude atrativa, enquanto sua figura deixava ver os encantos da ordem temporal cristã. Praticou em grau exímio o apostolado da exemplaridade, por tantas facetas, o maior de todos.

Deixa memória imorredoura de abnegação, estudo, seriedade e enorme coragem moral.

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Fonte: Revista Catolicismo, Nº 883 – Julho/2024.

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