Se bem que esses dois Papas tenham vivido em épocas diferentes, são celebrados pela Santa Igreja no mesmo dia.
São Sotero era napolitano, e nasceu, segundo todas as probabilidades, em fins do século I ou princípios do II. Os seus méritos o elevaram ao sólio pontifício no ano de 161, por morte de Santo Aniceto. Eram os tempos do imperador Marco Aurélio (161-180), em cujo reinado muito sofreu a Igreja.
Pois ocorrera que, em Roma, grande número de cristãos, seguindo o papa Calisto, tinham sido condenados pelo ímpio Imperador por causa de sua fé, às minas da Sardenha, privados assim de toda liberdade.
São Sotero, ascendendo ao papado, procurava socorrê-los, e sua caridade pode ser conhecida pela carta que lhe escreveu então São Dionísio, bispo de Corinto: “Derramaste a tua beneficência sobre os irmãos, enviando a muitas igrejas esmolas e socorrendo todos os pobres, especialmente os que trabalhavam nas minas. Em toda parte renovas a generosa caridade dos teus antecessores, socorrendo os que padecem em Cristo”.
Este zelo e caridade coroou-os com o martírio, do qual não temos pormenores, mas do qual não se pode duvidar, pois em todos os martirológios ele vem mencionado entre os que selaram com o sangue o testemunho de Cristo.
Segundo o Martirológio Romano, São Caio foi Papa e mártir no tempo de Diocleciano. O Liber Pontificalis diz que ele foi obrigado a esconder-se por algum tempo nas profundidades da catacumba de São Calisto. Numa primeira redação, o Martirológio diz que ele descansou como confessor; num segundo texto, acrescenta que foi coroado com o martírio.
Entretanto, para os historiadores modernos, permanece a primeira hipótese, ou seja, a de que ele faleceu em completa paz, pois não existe nenhum monumento autêntico de seu martírio. O título de mártir pode advir somente dos trabalhos que teve que passar no princípio do reinado de Diocleciano.
A veneração com que os antigos cristãos olhavam para seu sepulcro, prova certamente que ele morreu em odor de santidade. O que aliás, é confirmado pelo título de confessor que lhe dá o Liber Pontificalis.
Nesse sentido, foi encontrada uma inscrição de uma defunta dama ainda da Igreja Primitiva, que exprimia o desejo de ser enterrada no cemitério de São Calisto, junto a São Caio: ad Domnum Caium. Este termo Senhor (Domnum) designa nas catacumbas, os mártires e confessores ilustres, junto aos quais, por devoção, tinham desejo de repousar os cristãos que não adquiriam a coroa do martírio.
São Caio morreu, segundo diz seu epitáfio encontrado fragmentariamente no dito cemitério, a 22 de abril do ano de 296. As atas lendárias de Santa Susana o indicam como irmão do senador Gabínio, e parente de Diocleciano. O que unicamente parece certo é que vivia junto à casa de Santa Susana e de seu pai Gabínio.
Santos Sotero e Caio foram inscritos no calendário romano bastante tarde. Mas a devoção dos fiéis a ambos é antiquíssima, sobretudo a São Caio.