De momento, somam mais de 120 os diplomatas russos expulsos dos EUA e de 18 países da União Europeia, além da Ucrânia, do Canadá, da Noruega e da Austrália em represaria pela tentativa de assassinato do ex-espião russo Sergueï Skripal e de sua filha Iulia.
Há outros 144 em vista, inclusive acreditados na NATO, de acordo com a France Press.
Só os EUA expulsaram 60, 12 dos quais seriam espiões ativos na ONU. Também fechou o consulado russo em Seattle que estaria perto demais de uma base de submarinos atômicos.
A Rússia revidou expulsando outros 60 diplomatas americanos e fechando o consulado dos EUA em São Petersburgo.
A primeira ministra britânica Teresa May declarou Moscou “culpado” do crime. A chancelaria russa respondeu se tratar de “uma grosseira provocação” e começou as retaliações expulsando 60 diplomáticos dos EUA e fechando o consulado americano em São Petersburgo.
Teresa May falando diante do Parlamento denunciou “um uso ilegal da força pelo Estado russo contra o Reino Unido” e qualificou “trágica” a recusa de explicações por parte de Putin.
O Conselho de Segurança da ONU convocado por Londres, reconhecendo a mão russa emitiu uma condenação “especialmente débil” como é de praxe nesse organismo quando se trata das esquerdas.
O secretário geral da ONU Antônio Guterres também fez uma condena meramente verbal e sem consequências.
A NATO e o presidente americano Donald Trump pediram retaliações pelo uso de “armes odientas em violação flagrante das normas internacionais”, mas não iriam muito mais longe.
O veneno usado, o Novitchok, foi preparado pela KGB na época soviética. Um de seus inventores, Vil Mirzayanov, que vive nos EUA, disse à France Press que só a Rússia o possui.
Vil Mirzayanov explicou que qualquer um que for exposto “ainda que a pequenas partículas desse gás nervoso letal vai desenvolver sintomas nos próximos anos”, escreveu “Clarin”.
“Foi concebido para produzir danos irreparáveis no corpo humano e não tem cura”, acrescentou. Segundo ele, Sergei e sua filha Julia Skripal “ficarão inválidos se sobrevivem e vão precisar assistência médica pelo resto da vida”.
O Novitchok foi elaborado num laboratório num complexo militar soviético no Uzbequistão. Foi feito para não ser detectado pelos inspetores internacionais e testado nas proximidades de Ustiurt, violando tratados assinado por Moscou.
Agora foi usado pela primeira vez.
Há décadas que a KGB e agora a FSB estão elaborando novas armas químicas, escreveu o jornal “Le Parisien” da França.
A célula de pesquisa de venenos tóxicos foi instituída em 1921 por Lenine para combater “os inimigos do poder soviético”.
E as fórmulas assassinas foram testadas em dezenas de “execuções” dissimuladas de crise cardíaca, suicídios ou depressões de dissidentes e opositores.
No livro “A era dos assassinos”, publicado em 2002, Alexandre Litvinenko, ex-agente dos serviços de Putin assassinado em 2006 em Londres, afirma que o laboratório dos venenos do Kremlin foi reativado nos anos 1990.
Litvinenko teve uma morte lenta e dolorosa envenenado por um agente do Kremlin com uma substância altamente radioativa, o polônio 210.
Da mesma maneira que hoje Skripal, a morte cruel dada a Litvinenko, traz uma mensagem para todos os opositores: “A FSB odeia os traidores”, segundo disse o antigo general da KGB Oleg Kalouguine.
“Le Parisien” faz uma longa e pormenorizada lista das perversas fórmulas desenvolvidas e aperfeiçoadas pelos serviços de Putin.
A tensão se assemelha a outras da Guerra Fria e seria contornável com diplomacia. Mas a Rússia atiçou o atrito anunciando ter testado um novo míssil balístico intercontinental, como informou a “Folha de S.Paulo”.
O Ministério da Defesa russo, disse ter testado o desempenho no estágio inicial de voo do míssil do Sarmat (segundo a denominação russa) ou Satã 2 na denominação ocidental. O teste ocorreu na base de Plesetsk, no noroeste da Rússia, testou.
O Sarmat deve substituir o Voyevoda, o míssil mais pesado do mundo, da era soviética, conhecido como “Satã 1”.
Ao apresenta-lo, Vladimir Putin comemorou que o míssil não pode ser interceptado e pode atingir alvos em qualquer lugar do mundo.
O líder russo ufanou-se de que a nova versão de “Satã” pode carregar mais ogivas nucleares que o antecessor e é mais difícil de interceptar.
O nome foi inspirado pela capacidade alardeada pelo Kremlin de que um só, dotado de muitas ogivas atômicas, pode destruir um estado das dimensões do Texas, ou um país do tamanho da França.