A Liga Eleitoral Católica, (LEC), foi a maior e mais eficaz organização do laicato católico no Brasil, e teve como consequência a mobilização do eleitorado em todo o País com vistas a obter garantias constitucionais para o bom exercício do Ministério da Igreja Católica.
Em decorrência da Revolução de 32, Revolução Constitucionalista, em que São Paulo se levantou contra a ditadura Vargas, o governo federal convocou uma Constituinte. Assim descreve, em artigo para o Legionário, o Prof. Plinio, na época o mais jovem e mais votado deputado constituinte:
Liga Eleitoral Católica — A postos!
“Acaba de surgir em São Paulo a Liga Eleitoral Católica. Bafejada pela simpatia e aprovação das autoridades eclesiásticas, e desenvolvendo uma atividade rigorosamente conforme às diretrizes da Santa Sé, constitui ela a expressão mais eloqüente do desejo dos católicos de que o Brasil não seja mais um país em que se adore Deus apenas no segredo do íntimo dos corações ou no recesso dos lares, mas em todos os campos da atividade humana.”
Lembramos, a proclamação da República, 1889, estabeleceu a separação Igreja-Estado. Suprimiu as capelanias militares, o ensino religioso católico nas escolas entre outras medidas laicistas. O artigo do Prof. Plinio soa como uma trombeta convocatória: “de que o Brasil não seja mais um país em que se adore Deus apenas no segredo do íntimo dos corações ou no recesso dos lares, mas em todos os campos da atividade humana.”
“Os acontecimentos que se desenrolaram, e que todos nós conhecemos, colocaram o Catolicismo em tal situação que, do futuro pleito eleitoral, apenas um resultado não podemos esperar: a manutenção do atual estado de coisas.
“Ou o Catolicismo conseguirá vencer nas urnas, e fazer progredir resolutamente o País no caminho de sua restauração religiosa,
ou o socialismo extremado se apoderará do Brasil, para fazer dele a vítima dos numerosos Calles (*) e Lenines que pululam nos bastidores de nossa política, sequiosos de “mexicanizar” e “sovietizar” a Terra de Santa Cruz.
“Ou o espiritualismo se afirma nas eleições, na sua expressão mais elevada e mais genuína, que é o Catolicismo, ou vencerá o
materialismo, na sua forma mais violenta e mais nefasta, que é o comunismo.
“Ora, de que depende o resultado do pleito de maio? Depende dos votos do eleitorado brasileiro.
“O eleitorado brasileiro, portanto — e tanto vale dizer os católicos brasileiros — têm em suas mãos os destinos espirituais do Brasil, e talvez os do mundo” (“O Legionário” 15-01-1933).
Dilema: Catolicismo ou comunismo. Os Católicos atenderam ao pedido de mobilização
A LEC elegeu uma bancada de constituintes católicos combativos que ocoou a voz da Igreja na Magna Assembléia. Quais foram os frutos? É matéria que ainda pretendemos tratar em outro artigo.
Trechos da entrevista publicada pela “Folha da Manhã”, 9 de fevereiro de 1933:
“Não foi sem dificuldades que vencemos a aglomeração formada à porta do posto de alistamento da “Liga Eleitoral Católica”. Graças, finalmente, à intervenção de um dos rapazes que presta o seu concurso aos trabalhos que ali se vêm efetuando, conseguimos palestrar com o Sr. Plinio Corrêa de Oliveira, secretário daquela entidade.
“Estamos satisfeitíssimos com o sucesso que vai alcançando a nossa iniciativa. E, não só na Capital, como nas demais cidades paulistas, o seu êxito, pode-se dizer, é, desde já, completo.
“A fim de facilitar os nossos trabalhos, subdividimos o interior do Estado em várias zonas, cada qual com a sua sede localizada na cidade principal da região. Isso facilitou, imenso, a irradiação rápida da ação da Liga, por todo o nosso hinterland (interior).
“Contribuiu, ainda como fator preponderante da rapidez dessa irradiação, o concurso que nos tem sido prestado pelas associações católicas, disseminadas por todo São Paulo. Instituições essas de que, conforme o Anuário da Cúria Metropolitana, fazem parte 129.000 pessoas. Dizendo melhor, a Liga limitou-se aos serviços de sua mobilização, concitando-os, depois, a promover a propaganda e o alistamento eleitoral.
“Aliás, Henry Ford incluiu, entre as três mais poderosas organizações do Mundo, a Igreja Católica.
“Para fazer uma idéia do que têm sido nossas atividades, bastará observar que temos alistado, diariamente, em média, 200 pessoas. Duzentas pessoas que protestam solidariedade à Liga, assumindo o compromisso de seguir as nossas diretrizes.
“Pelos cálculos que fizemos, disporemos, nos próximos pleitos eleitorais, de 129.000 eleitores.
“As diretrizes que pretendemos realizar? Infelizmente, algumas delas têm sido mal interpretadas. É preciso desfazer tais confusões. A Liga foi criada para defender, em toda a extensão, o catolicismo, usando, para a consecução dessa finalidade, todas as armas, uma vez que lícitas.“
“Assim nos distritos em que todos os candidatos aceitem os ideais preconizados pelo nosso programa, deixaremos, ao eleitorado católico, plena liberdade de escolha. […]
“Estamos-nos organizando para a guerra, a fim de que não sejamos perturbados para que a nossa paz não seja destruída.” https://www.pliniocorreadeoliveira.info/ENT_19330209_LEC.htm
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Pretendemos em próximo artigo mostrar a eficácia da Liga Eleitoral Católica na Constituinte e nos destinos do Brasil.
Dela afirmou Paulo Brossard, ex ministro da Justiça: “A LEC foi a organização extrapartidária que na história do Brasil exerceu a maior influência política eleitoral” (Jornal de Minas (Belo Horizonte), 3 de Julho de 1986. Sobre a influência da LEC, e em particular sobre o artigo que punha o Estado “sob a protecção de Deus”, cfr. também Thales de AZEVEDO, “A religião civil brasileira. Um instrumento político”, Editora Vozes, Petrópolis, 1981, pp. 79-87.).
[…] tivemos, no Brasil, o sucesso espetacular da Liga Eleitoral Católica que reverteu o indiferentismo religioso, aprovou o ensino religioso, proibiu o divórcio e […]