Em meio ao “dilúvio de males” que atualmente inunda a Terra, podemos tocar com as mãos um “pedaço” do Céu. Trata-se de Lourdes, um dos maiores centros de peregrinação do mundo, onde se realizam inúmeros milagres e maravilhas da graça, por intercessão d´Aquela que ali afirmou: “Eu sou a Imaculada Conceição”.
Para o centenário das aparições de Nossa Senhora em Lourdes, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira escreveu artigo especial publicado na revista Catolicismo (edição de fevereiro/1958 ).
Seguem trechos dessa matéria para rememorarmos Lourdes neste ano em que se completam 161 anos das aparições.
Primeiro marco do ressurgimento contra-revolucionário
“A 11 deste mês de fevereiro, transcorrerá o centenário da primeira das aparições de Lourdes.
“O fato, na singeleza de suas linhas mais essenciais, ninguém o ignora. Em 1854, pela Bula Ineffabilis, o grande Papa Pio IX [quadro ao lado] definia como dogma a Imaculada Conceição de Nossa Senhora. Em 1858, de 11 de fevereiro a 16 de julho, Nossa Senhora aparecia 18 vezes, em Lourdes, a uma filha do povo, Bernadette Soubirous [foto abaixo], declarando ser a Imaculada Conceição. A partir dessa ocasião, tiveram início os milagres. E a grande maravilha de Lourdes começou a brilhar aos olhos de todo o mundo, até nossos dias. O milagre confirmando o dogma, eis em resumo a relação entre o acontecimento de 1854 e o de 1858.
Século XIX: problemas análogos aos de nosso século
“O que, entretanto, é menos conhecido pelo grande público é a relação desses dois grandes fatos com os problemas dos meados do século XIX, tão diversos dos de hoje, mas ao mesmo tempo tão e tão parecidos com eles.
“Ao definir o dogma da Imaculada Conceição, o Papa Pio IX despertou em todo o orbe civilizado repercussões ao mesmo tempo díspares e profundas.
“De um lado, em grande parte dos fiéis, a definição do dogma suscitou um entusiasmo imenso. Ver um Vigário de Jesus Cristo erguer-se na plenitude e na majestade de seu poder, para proclamar um dogma em pleno século XIX, era presenciar um desafio admiravelmente sobranceiro e arrojado ao ceticismo triunfante, que já então corroía até as entranhas a civilização ocidental […].
“Mas, para glorificar ainda melhor sua Mãe, Nosso Senhor fez mais. Em Lourdes, como estrondosa confirmação do dogma, fez o que nunca antes se vira: instalou no mundo o milagre, por assim dizer, em série e a título permanente. Até então, o milagre aparecera na Igreja esporadicamente. Mas em Lourdes, as curas mais cientificamente comprovadas e de origem mais autenticamente sobrenatural se dão, há cem anos, a bem dizer a jato contínuo, à face de um século confuso e desnorteado […].
Hora de castigo – hora de misericórdia
“Estamos vivendo uma terrível hora de castigos. Mas esta hora também pode ser uma admirável hora de misericórdia. A condição para isto é que olhemos para Maria, a Estrela do Mar, que nos guia em meio às tempestades.
“Durante 100 anos, movida de compaixão para com a humanidade pecadora, Nossa Senhora tem alcançado para nós os mais estupendos milagres. Esta piedade se terá extinguido? Têm fim as misericórdias de uma Mãe, e da melhor das mães? Quem ousaria afirmá-lo? Se alguém duvidasse, Lourdes lhe serviria de admirável lição de confiança. Nossa Senhora há de nos socorrer”.