Na sequencia de nossa meditação a respeito dos erros do comunismo veremos hoje o princípio de identidade, princípio de contradição, o movimento.
A Doutrina Católica é diretamente contrária ao comunismo e, por sua vez, a seita comunista nega todo o ensinamento da Santa Igreja.
Vejamos hoje trechos da Pastoral Contra o Comunismo de D. Geraldo Sigaud.
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a. Princípio de identidade
A inteligência humana contempla o universo e descobre uma lei do ser, universal e evidente. A inteligência é ferida pela luz interna que esta lei possui, e que subjuga o intelecto humano. Quer o homem queira, quer não, basta que ouça o enunciado desta lei, e nela medite, para que sua inteligência se veja obrigada por uma necessidade irresistível a reconhecer que esta lei é verdadeira. Esta lei, ou melhor, este princípio ontológico é o princípio de identidade: cada ser é idêntico a si mesmo.
Este princípio é a base de todo o pensamento humano, e não pode ser negado nem posto em dúvida. A inteligência não o cria, mas o reconhece como verdadeira. Ele está subjacente em toda afirmação, em toda negação. Sua expressão é o verbo ser.
b. Princípio de contradição
Com idêntica evidencia a inteligência vê a verdade de outro princípio, ligado ao primeiro pelo laço do ser: o princípio de contradição. Uma coisa não pode ser e não ser sob o mesmo ponto de vista. Basta a inteligência refletir sobre este princípio, para ver com irresistível perfeição a sua verdade. A inteligência de novo não cria este princípio. Ele existe independente de nós, ele preside o universo. Se uma coisa possui uma qualidade, não pode, sob o mesmo ponto de vista, não a possuir.
c. Valor dos conhecimentos — Teoria marxista
Neste ponto está a radical diferença entre a metafísica católica e o marxismo. Para o marxista não há verdades abstratas universais. Nós não conhecemos a natureza íntima das coisas, e isto por dois motivos.
Primeiro, porque nossa inteligência é um fenômeno da matéria, as ideias não passam de secreções da massa encefálica. Não têm valor objetivo, não reconhecem a essência real e universal das coisas.
As ideias são criadas pelo cérebro. Seu valor é pois relativo. Uma vez que o cérebro evolui, pode ser que aquilo que me parece hoje verdadeiro, amanhã pareça errado a um cérebro cuja massa encefálica é mais aperfeiçoada do que a minha.
Segundo: porque nada há no mundo de estável em sua essência. Aqui entra a teoria marxista sobre o movimento.
d. O movimento
* Doutrina católica
Com exceção de Deus, todo ser é limitado, portanto sujeito a mudanças. A filosofia chama estas mudanças de movimento (em latim: motus), dando a este termo um sentido mais amplo do que o simples movimento local. Assim, a passagem da vontade do estado de indecisão para a resolução é um «motus», um movimento. Todo ser criado se muda, move-se. No movimento porém nós distinguimos um elemento estável, e outro que se muda. O sujeito do movimento é o mesmo no início, durante e no fim do movimento. Portanto, o movimento não o atinge em toda a extensão de seu ser, mas só sob um ou outro aspecto. Há um elemento estável no qual se verifica a mudança. Se uma criança cresce, a mudança se opera no campo do peso, tamanho, órgãos, faculdades. Mas a essência humana é a mesma, e a pessoa é a mesma.
* Teoria marxista
O marxismo contradiz a doutrina católica radicalmente. Diz ele: nada existe de estável no universo. Só existe matéria, mas a matéria está em contínua mudança, em contínuo movimento. De modo especial o ser vivo, orgânico. Não há dois momentos em que ele seja idêntico a si mesmo. Se tomarmos espaços maiores, por exemplo, em relação com o corpo humano, de sete em sete anos ele se mudou completamente. Se falo hoje com um homem, e daqui a dez anos nós dois nos encontrarmos, serão dois corpos completamente novos (com exceção de umas partes mortas dos ossos) que se encontrarão. Não seremos mais nem o «eu» nem o «ele» de hoje.
«O descanso é relativo, o movimento é absoluto» (Politzer, «Princípios Fundamentais da Filosofia», edição francesa, p.24).
O marxismo considera que nada «é», tudo está sob todos os pontos de vista num perpétuo «vir-a-ser».
e. Princípio de identidade e de contradição rejeitados — Teoria marxista
Por conseguinte, os seres não são. Estão continuamente vindo-a-ser, devenindo. O ser não é idêntico a si mesmo. O ser é o que ele não é, e não é o que ele é.
Dentro de cada ser há uma contradição imanente. Em cada ser há ele e o contrário dele. Em cada qualidade há ela e o contrário dela.
A existência da contradição dentro do ser é a causa da continua mudança do ser.
«A Dialética é a teoria que mostra como os contrários podem ser e são habitualmente idênticos, em que condições são idênticos convertendo-se um no outro, porque o espírito humano não deve considerar estes contrários como mortos, paralisados, senão como vivos, condicionados, moveis, convertendo-se uns nos outros» (Lenine, apud Jean Ousset, «El Marxismo-Leninismo», p. 93).
Em lugar de procurar conhecer a natureza íntima das coisas e os desígnios de Deus a respeito dos homens, em lugar da filosofia, da metafísica e da teologia, o marxismo se interessa somente pela evolução do animal chamado homem, e pelo estudo dos fatores econômicos que provocaram o aparecimento dos outros fatores — sociais, religiosos, culturais, políticos — que determinaram o rumo que tomou a vida dos povos. A História materialista é a única ciência que interessa a respeito do homem. Tudo o que a filosofia e a teologia ensinam são quimeras.