Segue o texto da XIV Estação de uma antológica Via Sacra composta em 1943 por Plinio Corrêa de Oliveira. Naquele ano ela foi publicada no jornal Legionário, e em 1970 reproduzida pela revista Catolicismo.* Os leitores que desejarem obter a íntegra dessa Via Sacra a encontram disponível em: Catolicismo n° 231, março de 1970.
XIV ESTAÇÃO
Jesus é depositado no sepulcro
V. Adorámus te Christe et benedícimus tibi.
R. Quia per sanctam Crucem tuam redemísti mundum.
Ao mesmo tempo que as pesadas lajes do sepulcro velam o Corpo do Salvador aos olhares de todos, a fé vacila nos poucos que haviam permanecido fiéis a Nosso Senhor.
Mas há uma lâmpada que não se apaga, nem bruxuleia, e que arde só ela plenamente, nesta escuridão universal. É Nossa Senhora, em cuja alma a fé brilha tão intensamente como sempre. Ela crê. Crê inteiramente, sem reservas nem restrições. Tudo parece ter fracassado. Mas Ela sabe que nada fracassou. Em paz, aguarda Ela a Ressurreição. Nossa Senhora resumiu e compendiou em Si a Santa Igreja nesses dias de tão extensa deserção.
Nossa Senhora, protetora da fé. É este o tema da presente meditação. Da fé e do espírito de fé, ou seja, do senso católico. Hoje, a muitos olhos, as possibilidades de restauração plena de todas as coisas segundo a lei e doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo parecem tão irremediavelmente sepultadas quanto aos Apóstolos parecia irremediavelmente sepultado Nosso Senhor em seu sepulcro. Os que têm devoção a Nossa Senhora recebem d´Ela, entretanto, o inestimável dom do senso católico. E, por isto, eles sabem que tudo é possível, e que a aparente inviabilidade dos mais ousados e extremados sonhos apostólicos não impedirá uma verdadeira ressurreição se Deus tiver pena do mundo, e o mundo corresponder à graça de Deus.
Nossa Senhora nos ensina a perseverança na fé, no senso católico e na virtude do apostolado destemido — “Fides intrepida” — mesmo quando parece tudo perdido. A Ressurreição virá logo. Felizes dos que souberem perseverar como Ela, e com Ela. Deles serão as alegrias, em certa medida as glórias do dia da Ressurreição.
[Pai Nosso / Ave Maria / Glória ao Padre].
V. Miserére nostri Dómine. R. Miserére nostri.
V. Fidélium ánimae per misericordiam Dei requiéscant in pace. R. Amen.
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* Em 1951, o Prof. Plinio compôs uma segunda Via Sacra. Esta foi publicada na edição de Catolicismo de março/1951. Disponível no seguinte link: http://catolicismo.com.br/Acervo/Num/0003/P04-05.html