Na crise do mundo hodierno, missão primordial para enfrentar o caos
Fonte: Editorial da e Revista Catolicismo, Nº 875, Novembro/2023*
Os ventos pestíferos das revoluções, sobretudo a partir da que eclodiu na França em 1789, espalharam pelo mundo uma balbúrdia que confunde todos os conceitos referentes às elites e às desigualdades sociais.
Na Revolução Francesa — que, segundo expressão atribuída a Churchill, dividiu a França em duas partes por um “rio de sangue” — as calúnias contra a nobreza foram largamente disseminadas por espíritos revolucionários (quase diríamos “demoníacos”) para difamar e responsabilizar a classe nobiliárquica e as elites por tudo quanto de pernicioso acontecesse doravante no mundo. E tachar, ao mesmo tempo, de “apego, inimigo do progresso”, o amor às tradições.
Aqueles ventos revolucionários provocam estragos até hoje, fazendo incontáveis de nossos contemporâneos acreditarem nas calúnias e colaborarem para difundi-las ainda mais, intoxicando o mundo de igualitarismo, vulgaridade, luta de classes e caos generalizado. Os miasmas de tais ventos penetraram na Igreja, onde a pregação do clero progressista favorece a utopia comunista segundo a qual a igualdade é um bem supremo e a desigualdade um malefício para todos.
Refutando tudo isso — mostrando a beleza da ordem hierárquica estabelecida por Deus, os maravilhosos frutos que ela produziu na civilização, e que a tradição não é prejudicial ao progresso, mas fator de melhor desenvolvimento —, Plinio Corrêa de Oliveira lançou em 1993 o livro Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e Nobreza romana.**
Ancorado no pranteado Pontífice, em outros grandes autores e em exemplos históricos, o livro — tão bem ilustrado que parece um álbum —mostra também o crime moral, cultural e social praticado pelos revolucionários, de fora e dentro da Igreja, visando a demolição da Cristandade.
O autor faz um apelo à nobreza e às elites tradicionais análogas para que, mesmo vivendo num regime republicano e democrático, voltem a cumprir a missão que desempenhavam outrora, como fermento e não como mera poeira do passado, e sejam caldo de cultura para o surgimento das condições propícias à restauração da civilização cristã.
Celebrando o 30º aniversário dessa obra-prima — último legado escrito que o Prof. Plinio nos deixou —, Catolicismo a escolheu para ser rememorada na matéria de capa de sua edição deste mês.
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