Não deixa de ser curiosa a maneira como os meios de comunicação costumam tratar das modas. Via de regra, eles se utilizam de uma linguagem evasiva como “Você já conhece as tendências da moda?”; “Fique de olho nos desfiles e descubra qual será a tendência…”; “Tendências que vão bombar no próximo verão…”.
O dicionário define tendência como uma disposição natural que leva algo ou alguém a se mover em direção a outra coisa ou a outra pessoa. Afirma-se também que os estilistas se baseiam em tendências universais.
Como nos encontramos num processo revolucionário várias vezes secular, todo ele feito por etapas, que tem por origem última em determinadas tendências desordenadas; lutando por realizar-se, elas começam sempre por modificar as mentalidades, as expressões artísticas e os costumes.
Com efeito, tais tendências têm muito de natural, mas considerando o processo revolucionário como o descreve Plinio Corrêa de Oliveira na sua obra-prima Revolução e Contra-Revolução, elas podem ser facilmente induzidas, o que facilita a compreensão de onde elas vêm e para onde vão.
Afinal, quem dita tendências na moda? — As grandes grifes mundiais, ou seja, agentes revolucionários, com desígnios escusos, na pretensão de abalar convicções, costumes, modos de ser e de agir das pessoas que ainda prezam e vivem valores herdados da civilização cristã.
Ainda que tais grifes quisessem apenas vender, mas o que é a publicidade moderna senão a exploração de um ou mais vícios capitais? Com tal objetivo, tais agentes avaliam o panorama das psicologias das almas, com suas tendências, contando sempre com o mecanismo dos vícios e das tendências desordenadas.
Com que objetivo? — Destronar Nosso Senhor e colocar Satanás em um trono; liquidar a boa ordem das coisas e preparar os gostos, os pendores, os humores para os vícios. Modificar o estado temperamental, para que as pessoas vão se habituando à cacofonia, ao mau gosto, a tudo quanto é desordenado; estimular os hábitos imoderados e tendenciosos na maneira de se vestir, cores extravagantes sem harmonia e beleza, bem como a minimização das vestes rumo à nudez.
Trata-se de uma ofensiva que, muitas vezes, tenta transtornar a ordem espiritual, com desregramentos morais, para assim golpear a boa ordem no âmbito temporal. Ofensiva satânica visando atacar a glória de Deus, tentando destruir a ordem espiritual e temporal, sugerindo concessões ao mal.
Tudo isso é feito por meio de devotados agentes que atuam de maneira inversa à dos evangelizadores que edificaram a civilização cristã. É deprimente notar o descaso com que as modas indecentes vão penetrando e se avolumando rumo ao nudismo, em detrimento dos modos de se vestir do passado. [bons exemplos na foto ao lado].
Mais triste ainda é o desdém, a indiferença e a omissão cada vez maiores por parte daqueles que deveriam ser o sal da terra e a luz do mundo, que permitem pessoas indecorosas nos recintos sagrados e até mesmo aproximarem-se da mesa eucarística.
Tudo isso leva crer na existência de uma ação junto àqueles que deveriam ser o baluarte da fé e da ortodoxia a fim de conduzi-los a um pacto com o mundo, permitindo a contaminação dos ambientes católicos com os erros modernos ao cerrar os olhos para o uso de roupas masculinas pelas mulheres, alegando que não se deve incomodar com essas “ninharias”…
Porventura, não sabem eles, com base em Santo Ambrósio e São Tomás de Aquino, ser o próprio Deus quem vestiu as aves e os animais, com penas e pelos? E que Ele mesmo diferenciou o sexo de cada um?
Assim, Deus pôs no homem um princípio inteligente e volitivo, estabeleceu a diferenciação entre homem e mulher e que cada um deve regrar seus atos de acordo com essa diferença, vestindo-se convenientemente, conforme a natureza de cada sexo.
Diz Santo Ambrósio: “Não se conserva a castidade quando não se guarda a distinção dos sexos”. Isto faz parte de um princípio, estabelecido pelo próprio Deus, que tem como base a própria natureza racional do homem e da mulher.
Lemos nas Escrituras que é abominável o homem que se veste como mulher e a mulher como homem, porque é a transgressão da própria natureza.
Faz parte da boa ordenação das coisas que o homem ao atingir um grau de civilização e de progresso se dignifique em toda a sua plenitude na maneira de se vestir, nos hábitos comportamentais condizentes ao seu fim nesta Terra, qual seja conhecer, amar e servir a Deus, preparando-se para a vida eterna.
O que as ditas modas introduzem é uma depravação do próprio homem em sua dignidade de ser racional e ontológico. Prepara-o para todas as aberrações conduzindo-o ao caos, visto que semelhante conduta reflete a negação do próprio Deus.
Quando nossos primeiros pais, por desobediência a Deus, pecaram no Paraíso terrestre, esconderam-se confusos e envergonhados devido à nudez. Deus Pai, com a sua bondade, teceu-lhes vestes e os cobriu, como quem cobre as aves de penas, e os animais de pelos, e os campos de vegetação.
No ambiente de permissivismo moral, a distinção de um sexo do outro, vai se atenuando de tal forma que hoje se chega a fazer justificação da Ideologia de Gênero, escancarando a negação da evidência que a natureza se encarregou de estabelecer entre homem e mulher.
Afirma São Tomás de Aquino:
“Que o vestuário exterior deve corresponder à condição da pessoa, de conformidade do uso comum. Por isso, em si mesmo é pecaminoso uma mulher trazer trajes viris ou inversamente. Sobretudo por que pode ser causa de lascívia. O que a lei antiga expressamente proibia, porque os gentios usavam desses travestimentos pela superstição da idolatria.”
O igualitarismo constitui uma das características dominantes de hoje. Em nome da igualdade vai se impondo ao homem o sentimento anticristão. A igualdade entre os sexos representa uma das inúmeras manifestações de igualitarismo que leva a negação de Deus e da religião, afastando as pessoas de sua própria identidade.
Uma instrução da Santa Sé, de 12-1-1930, afirma:
“Muitas vezes, dada a oportunidade, o Sumo Pontífice reprovou e condenou acerbamente a maneira insolente de se vestir que se vai introduzindo entre as senhoras e jovens católicas.
Esse modo de vestir, não só ofende o decoro feminino e a modéstia, mas, o que é mais grave, causa sério prejuízo a essas mesmas mulheres. E pior, leva miseravelmente outros homens à condenação eterna.
Nada mais lógico e forçoso que os bispos, assim como convém aos ministros de Cristo, como se fossem uma só voz, oponham toda barreira a essa audácia e libertinagem da moda, suportando com serenidade e coragem as zombarias e insultos que receberem de espíritos malévolos por essa tomada de posição.
Os párocos e pregadores, nas ocasiões que se oferecerem, conforme recomenda São Paulo, ‘insistam, expliquem, increpem, exortem’ para que as mulheres usem vestes que irradiem o pudor e que sejam o ornamento e defesa da virtude; e admoestem aos pais para que não deixem suas filhas usar vestes indecorosas.
Os pais conscientes da obrigação gravíssima que têm de cuidar, em primeiro lugar, da educação religiosa e moral dos filhos, fomentem, em seu espírito, por todos os meios, quer pela palavra, quer pelo exemplo, o amor da virtude, da modéstia e da castidade”.