Muitos? Ou poucos (leitores)?

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    politicos-de-aldeia-die-dorfpolitiker-1877Esta fotografia e o presente comentário terão muitos ou poucos leitores? É o que Catolicismo se pergunta, entregando à apreciação do público o quadro do pintor alemão Wilhelm Leibl.

    Die Dorfpolitiker (Os políticos de aldeia) é o título da pintura que apresenta o conciliábulo entre notáveis de uma aldeia alemã no início deste século (XX).

    Como se vê, a conversa em que estão engajados começou de há muito. No instante em que o pintor surpreendeu o grupo, havia um silêncio meio feito de reflexão e meio de cansaço.

    Todos se calam. Não de um silêncio amuado, nem de um silêncio que exprime o desejo de dar por terminado o conciliábulo. Muito pelo contrário, eles estão aí sentados compreendendo que, com intervalos destes, a reunião ainda pode demorar muito tempo dentro da tranquilidade geral da aldeia.

    Eles estão debatendo temas locais, e a opinião comum a que chegarem será aceita por todos os habitantes da cidadezinha. Pois esta gente sabe discordar para concordar.

    Sendo de um primitivismo cultural que confina com o analfabetismo, talvez alguns deles não saibam escrever e nem sequer ler, mas todos sabem – cada qual a seu modo – observar, refletir, discordar e por fim concordar.

    Pela tranquilidade do ambiente, percebe-se que sairá um acordo sólido, estável, produzindo contentamento geral na aldeia.

    Opinião pública?

    Sim, porque começa por ser opinião. Basta examinar cada fisionomia para se ver que cada um tem, a seu modo, opinião formada e, muito mais do que isso, um hábito de formar opiniões. Essa opinião não é pré-fabricada por um jornal com tiragem de milhares de exemplares cotidianos, mas cada um tem dentro de si um linotipo interior em que acaba compondo as suas próprias frases que não serão escritas, que serão depois dadas na reunião.

    Um lê, os outros olham, todos refletem. Bastaria haver distribuição de um pouco de cerveja entre os presentes para que o colóquio se animasse, e desabrochasse em pouco tempo o acordo.

    * * *

    Perguntas para o leitor brasileiro:

    Entretém-se ele em fazer uma interpretação como esta, de personagens, atitudes, idéias e resoluções?

    Deseja ele que Catolicismo, de quando em quando, publique alguma outra matéria deste gênero?

    Ou prefere que ela desapareça de nossas páginas?

    (*) Os negritos são deste site.

    • Publicado originalmente na revista “Catolicismo” Nº 535 – Julho de 1995.

    4 COMENTÁRIOS

    1. Lembro-me de um periódico católico denominado MENSAGEIRO DA FÉ, que circulava no período da minha infância, de que minha avó materna era assinante e cabia a mim ir buscá-lo mensalmente na agência dos correios da então aldeia de Biritinga, hoje sede de município do sertão da Bahia. O MENSAGEIRO DA FÉ, além de tratar de temas da nossa Religião, também abordava temas de ciência, arte, literatura ficcional e tantos outros assuntos relevantes. Naquele tempo eu estava sendo iniciado na leitura e na escrita, e com que curiosidade e interesse – apesar da pouca idade – examinava o jornal entre a agência dos correios e a nossa casa. Depois minha avó lia-o e comentava com a família. Aí eu ia gradativamente me inteirando dos fatos. Lembro-me ainda das várias dimensões críticas comentadas lá em casa por ocasião do Concílio do Vaticano II, veiculadas por aquele jornal. Não sei se a Igreja ainda publica para o grande público católico um periódico de tão grande valor.

      José Plínio de Oliveira
      (Serrinha-Bahia)

    2. De fato, nós brasileiros pouco ou nunca paramos para analisar o nosso quadro social. Portanto, iniciativas como a da Catolicismo são sempre bem-vindas, convidando-nos a pararmos e refletirmos.
      Parabéns pelas sempre ótimas matérias0!

    3. Gostei ! Boa aula excelente orientação, um excelente aprendizado para a personalidade individual que todo cidadão de bem deveria ter, pensando justamente no futuro da Nação e o valor que opinião tem para saber discernir e não cair em conluios nefastos para as gerações futuras. Para bens !!

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