No nevoeiro do relativismo

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SDP diversos

“Permita-me acrescentar, Dr. Plinio, que algo em seus artigos me entristece. É a certeza que o sr. sente a respeito de tudo quanto afirma. É uma certeza tão categórica, tão compacta, tão absoluta, que causa mal-estar. Aos que pensam como o sr., porque a certeza deles é bem menor que a sua. Aos que não têm certeza nenhuma, porque sentem as certezas do sr. como pontiagudos desafios. E aos que do sr. discordam… destes então nem se fale.”

Assim foi que os leitores da “Folha de S.Paulo” ,[1] puderam começar a acompanhar a curiosa troca de cartas entre Plinio Corrêa de Oliveira e uma leitora.  Não carece de atualidade nem a carta, nem sobretudo a resposta.

Mas vejamos antes o que se deve entender por relativismo. Para este, não existem certezas. Nem verdades absolutas. A verdade, o bem e o mal variam sempre de acordo com a pessoa e as circunstâncias de tempo e de lugar (Wiki). Ninguém nunca pode dizer: isto é assim, e não é de outro jeito.

Um exemplo desta postura encontramos numa enfermiça e famosa canção: “imagine que não exista nenhum paraíso, É fácil se você tentar. Nenhum inferno abaixo de nós, sobre nós apenas o firmamento. Imagine todas as pessoas vivendo pelo hoje…”.[2]

É fácil demais, não é? Se basta imaginar, qualquer um pode concluir o que quiser… É o tal nevoeiro do título. Mas isso é válido? Útil? [3]

Dr. Plinio responde à leitora:

“Se toda verdade é relativa, e sobre ela pesa a hipoteca de uma dúvida; se deve ser tolerada toda opinião diversa à que se tem, pergunto-lhe:

“Por que a sra. não admite que, em rigor de lógica, seu relativismo também é relativo, e que deve pesar a hipoteca de uma dúvida sobre sua convicção quase fanática, de que não há certezas válidas ?

 “Se lhe pareço intolerante, a sra. há de achar lógico que eu não tolere certas posições doutrinárias. Eu é que não compreendo como a sra., que se gaba de tolerar tudo, não me tolere a mim (e aos incontáveis brasileiros que a sra. reputa intolerantes). Sua tolerância tem mão e não tem contramão. A sra. tolera só os que, como a sra., são tolerantes. E me acusa de só tolerar os que pensam como eu…

“A sra. e suas opiniões ficam de fora desse alto cume central do pensamento — que é o centrismo em sua opinião — porque são intolerantes.

“Esse cume, do qual a sra. nos exclui com tanta certeza e intolerância, não tenho vontade de o galgar. Porque não reconheço nele um cume.

Cume é certeza. A dúvida é abismo.”

 


[1] “Folha de S. Paulo”, 29.10.77.

[2] “Imagine”, de John Lennon.

[3] O autor desta infeliz canção teria dito uma vez que ela era “o Manifesto Comunista em sua mais pura essência”.

 

4 COMENTÁRIOS

  1. Exatamente fruto dessa marcha relativista é que a impunidade triunfa, pois não se pode algemar alguém, não cumpre a pena enquanto não esgotar todos os recursos, o infrator mal acaba de ser detido o direitos humanos já está lá para soltá-lo, enfim estamos vivendo em tempos de casa de maria joana

  2. ESSA INTERPELADORA SENHORA SERIA DO PT?
    Se não é, seria uma de suas eleitoras e defensoras – tem tudo – uma reedição das muitas existentes por aí de Marilena Chawi e outras cooptadas pelas ideologias marxistas, as quais têm uma visão apenas sob a ótica da viseira ideológica: a verdade sou eu e apenas quem compartilhar comigo, daí, de os comunistas serem bitolados e quererem impor à força suas ideologias que não prestam e têm que usar métodos subversivos para vingarem.
    Aliás, pior ainda, para eles e associados, nem verdade absoluta existe: a ética deles é o oportunismo, como disse o satanista Marx: Nada há de absoluto, definitivo e sagrado!
    Comunismo e drogas alucinógenas são sinérgicos e a prova disso é que onde se instalam logo sucedem desagregações entre pessoas e grupos, miseria, destruição e morte.

  3. Já não sabem onde atacar é triste que essa Sra. seja tão relativa ou esta (mais uma)é um arauto da confusão e anarquia acho que deve continuar em seu relativismo e se dedicar a um analise profundo do relativo não é sua “pedagogia” que pode ditar ensinamentos e menos ainda sugerir, suas palavras são ocas.

  4. A essa afirmação de que “tudo é relativo”, segue-se que ela mesma – a afirmação – também é relativa.
    Ademais, o “tudo” é absoluto e, o “relativo” é contingente, e ambos se excluem, por óbvio.
    Se não fosse pelo Sr. Dr. Plínio, teria perdido a Fé Católica.
    Lembro-me bem do SDP ter dito em certa ocasião: ” a dúvida é um estado doentio”.

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