Neste quadro de Nossa Senhora de Czestochowa(*) notamos duas partes bem distintas: a pintura propriamente dita — o rosto e as mãos de Maria Santíssima, a face e as mãos do Menino Jesus — e a parte de bordados e tecidos, de um luxo extraordinário.
O rosto d’Ela é muito notável, de uma tonalidade escura, protegido contra a luz difusa que aumenta a profunda impressão de recolhimento. Uma fisionomia de quem não está prestando atenção em realidades externas, mas sim numa realidade interna: uma meditação enquanto segura o Menino-Deus em seus braços. Ela não está olhando para nada; está com uma fisionomia absorta; nenhum fato externo está influenciando o seu temperamento. Ela está colocada numa esfera mais alta, numa posição de oração.
O Menino Jesus aponta para Ela, como quem diz: “Se quereis qualquer coisa de Mim, pedi à Minha Mãe. Vede o estado de dependência voluntária em que Me coloquei em relação a Ela. Vede como Eu desejei fazer-Me uma criança nos braços d’Ela. Para que Ela seja medianeira e a glória passe por meio d’Ela, como a graça também. Então, olhai para Ela”.
Notem a posição calma e nobre da mão bem feita, com os dedos longos e finos; uma mão aristocrática sem ter, entretanto, nada de pretensioso.
Este quadro lembra um ícone — embora seja uma imagem de rito latino, recorda as imagens do rito católico oriental — de riqueza extraordinária, toda a indumentária d’Ela lembra também o fausto oriental.
Sabe-se historicamente que as marcas no rosto da imagem foram produzidas no século XV por hereges, que lhe deram espadagadas por ódio à fé, deixando-a marcada com duas cicatrizes.
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(*) Na colina de Jasna Gora (Montanha Branca), em Czestochowa (Polônia), venera-se o belo quadro de Nossa Senhora de Czestochowa, pintado, segundo a tradição, pelo Apóstolo São Lucas. Sua coroação como Rainha e Padroeira da Polônia ocorreu há 300 anos, após vitória miraculosa que salvou o país.
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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 9 de setembro de 1972. Sem revisão do autor.