Festividade celebrada pela Santa Igreja no dia 16 de julho
Por maior que seja o nosso apreço ao escapulário e à nossa profissão na Ordem Terceira do Carmo, é de capital importância que nossa consagração interior seja por nós reputada o elemento capital da nossa vida carmelitana.
[Essa é] uma verdade que deve ser propagada com grande zelo, pois assim se evita o inconveniente de que numerosas pessoas levem uma vida carmelitana completamente desviada do seu espírito, do seu sentido mais verdadeiro e profundo.
A característica do apostolado dos leigos — portanto dos Terceiros Carmelitanos também — consiste em desenvolver-se no século, em agir no seio da sociedade civil, para promover a salvação das almas por todos os meios lícitos, inclusive pela impregnação do espírito da Igreja em todos os valores próprios à esfera temporal.
Não se trata, portanto, para nós de evitar as coisas do século enquanto tais, não se trata de fugir para uma Tebaida ou para o recesso sagrado de uma Ordem estritamente contemplativa, nem de vivermos a vida conventual numa Ordem consagrada ao apostolado externo.
Trata-se para nós, isto sim, de estarmos dentro do século e de ordenarmos para Deus os valores do século, que foram criados para Ele e dos quais se deve exigir que Lhe deem glória. Trata-se de comunicar a esses valores o seu verdadeiro caráter cristão.
Em tais condições, é preciso termos uma ideia exata de como a consagração a Nossa Senhora se realiza no século. Mas falar do século apenas em tese é dizer pouco. Cumpre tomar em consideração como a sociedade temporal vive em nossos dias, e as peculiaridades da época em que estamos. Fazendo-o, devemos ter em mente os elementos positivos bem conhecidos, mas não devemos esquecer o elemento negativo.
Quem é o príncipe deste mundo? Qual é o inimigo ao qual nós não devemos servir? Qual é aquele outro “senhor”, que também nos pede que nos consagremos a ele, e que é incompatível com a Senhora Excelsa a quem asseguramos servir?
Sem que recusemos a este “senhor” toda forma de serviço e vassalagem, sem que o combatamos sempre e por toda parte, nossa consagração a Nossa Senhora não será verdadeiramente plena.
____________
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, publicada na edição de maio de 1959 na revista O Mensageiro Carmelitano.
Fonte: Revista Catolicismo, Nº 871, Julho/2023