Lemos todos os dias nos jornais casos de prisões de polít icos e empresários envolvidos em corrupção. Trata-se de uma crise, que não é só política, mas sobretudo moral que degrada assim as instituições e atinge a administração pública em todos os setores.
As delações premiadas da Operação Lava Jato, por sua vez, revelaram que em diversas obras públicas estavam relacionadas com pagamentos de propinas na forma de doações para políticos envolvidos no maior esquema de corrupção que já houve na história do Brasil. Enquanto isso, alguns edifícios públicos eram completamente abandonados.
Em Brasília, por exemplo, o Teatro Claudio Santoro, projetado por Oscar Niemeyer, está praticamente em ruínas. Ele foi construído a partir de 1960 e inaugurado em 1981, “Após reparos que custaram R$ 41,5 mil, em dezembro, o Governo do Distrito Federal abriu aos turistas só o foyer de uma das salas e elaborou um plano de recuperação em cinco etapas. Só a primeira custará R$ 38 milhões, dinheiro que começou a ser captado”, revela artigo publicado pela Folha de S. Paulo.[i]
A poucos quilômetros dali encontra-se abandonado o bloco “O” da Esplanada desde dezembro de 2015, quando o Ministério da Defesa o desocupou e o repassou para o Ministério do Planejamento.
A União gasta mensalmente cerca de R$ 48,5 mil com vigilância e energia do esqueleto de nove pavimentos. Segundo a Assessoria do Planejamento, o prédio será repassado ao Ministério da Fazenda, “que o ocupará e se incumbirá de sua recuperação”.
Em dezembro de 2014, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiros, do PT, inaugurou um centro administrativo localizado a 27 quilômetros de Brasília. Este centro é considerado hoje o maior elefante branco da capital. A sua construção envolve um contrato bilionário. Assim, revela o site G1: “O contrato da Secretaria de Planejamento do DF com o Centro Administrativo não coloca a soberania nacional em risco, mas é de interesse da população do DF porque envolve grandes cifras de dinheiro público. O valor global da Parceria Público-Privada (PPP) é estimado em R$ 6 bilhões. Esse valor deveria ser repassado pelo governo ao Centrad como pagamento pela gestão do complexo de prédios em Taguatinga, em parcelas mensais de R$ 12,6 milhões ao longo de 22 anos. O Centrad diz ter investido R$ 1 bilhão no local, somando investimento próprio e empréstimos captados em bancos.”[ii]
Apesar destas somas vultosas empregadas em obras muitas vezes faraônicas, sem nenhuma utilidade, o governo alegava não ter recursos para a manutenção do Palácio de São Cristóvão, que era mais do que um simples edifício, mas o símbolo de uma época em que os governos, ou melhor, os reis e príncipes, realmente se preocupavam com o bem comum de seus súditos.
Lula costumava usar a expressão “nunca antes na história deste país…” referindo ao período em que o PT governou como se fosse o melhor período da história do Brasil. Seria mais adequado inverter esta expressão e dizer: nunca depois do golpe de 1889, na história desse país, o brasileiro viu a verdadeira ordem e progresso.
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[i] https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/09/de-teatro-a-ministerio-brasilia-tem-cemiterio-de-predios-publicos-vazios.shtml
[ii] https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/governo-do-df-e-consorcio-mantem-futuro-do-centro-administrativo-sob-sigilo.ghtml