O Intelectual Filosofesco

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SR. N., que valor instrutivo têm as suas intermináveis descrições e comentários em “Ambientes, Costumes, Civilizações”? O conhecimento de um ser se adquire estudando-lhe a definição. O mais é perfumaria. Se “Catolicismo”, em vez de perder espaço com esta secção publicasse um pequeno curso filosófico, claro e metódico, rico em definições precisas, daria a seus leitores noções completas, e inteiramente suficientes, sobre o que lhes cumpre saber.

Meu caro intelectual, filosofesco por certo, porém não filósofo: nada melhor do que uma boa formação filosófica. Mas, cursinhos de filosofia em jornal são por natureza maus cursinhos, de má filosofia, característicos de um mau jornalismo.

Quando se estuda filosofia um pouco mais seriamente do que em cursinhos de jornal, aprende-se que a noção de um ser não se adquire inteiramente pelo estudo de sua definição. É preciso conhecer-lhe também as propriedades. E isto, sem descrições e analises, não se pode fazer adequadamente. “Ambientes, Costumes, Civilizações” tende a despertar e orientar à luz do espírito católico o senso de observação e critica de seus leitores. Nisto, é formativo instrutivo: pois evita a formação meramente livresca.

Em termos filosóficos, é o seguinte o defeito da cultura livresca: em todo ser real se nota um aspecto singular e um universal. Ora, a definição só contém o elemento universal. Logo, só com uma definição, nunca se poderá ter um conhecimento completo de um ser.

Não está certo isto?

Esta resposta me irrita. Por um lado qualquer, que não sei explicar, ela até me insulta. Enfim, oportunamente verei como responder. Por ora, guardo o silencio e me declaro ofendido.

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