Há uma realidade esperançosa colocada em surdina ou muito mal contada pela grande imprensa ocidental a propósito das agressões e das invasões praticadas pelo islamismo.
Nossa grande imprensa foca espetacularmente os crimes dos muçulmanos mais obedientes ao Corão.
O efeito é desanimador: cristãos massacrados, seitas islâmicas pacíficas dizimadas e turistas desprevenidos atropelados ou apunhalados até a morte com requintes de barbárie.
Declarações intimidadoras, propostas sádicas, discursos virulentos e promessas de crueldades ainda mais atrozes enchem o noticiário sobre os avanços do Islã.
Os cristãos fogem do Oriente Médio e as terras que viram a expansão da Boa-nova do Evangelho se esvaziam, deixando atrás um deserto povoado de cadáveres e igrejas explodidas ou incendiadas.
A gente diria que é o fim da Cruz de Cristo nessa imensa e histórica região.
Porém, o fato verdadeiro é que nessa região flagelada pela perseguição maometana e encharcada pelo sangue dos mártires, o número de cristãos não faz senão aumentar globalmente. Certos locais estratégicos conhecem até uma expansão insuspeitada. Mas de nada disso fala a nossa imprensa.
A começar pela área nevrálgica do Golfo Persico, encostada nas cidades sagradas do maometanismo.
O quadro dessas tendências surpreendentes apareceu mais uma vez em um novo relatório publicado pela Catholic Near East Welfare Association – CNEWA, associação de direito pontifício e um dos principais pontos de referência mundial sobre as Igrejas de Oriente. Os dados foram comentados pelo site italiano La Nuova Bussola Quotidiana.
O CNEWA estudou a situação dos cristãos em nove países onde ela opera in loco, do Egito até a Síria, de Israel até o Iraque, da Jordânia até o Líbano.
As estatísticas da presença cristã nesses países foram atualizadas em 2017 e comparadas com os resultados de 2010.
O resultado aponta que nos países do Oriente Médio onde a Igreja Católica está presente ininterruptamente desde os tempos apostólicos, os cristãos de todas as denominações somam 14.525.880, apenas 213.780 menos (–1,45%) com relação há sete anos.
A queda é muito inferior do que se imaginava, consideradas a extensão e a ferocidade das guerras na Síria e no Iraque, que provocaram um êxodo maciço, além da inumana “limpeza” étnico-religiosa praticada pelos adeptos mais “sinceros” do Alcorão.
No Egito, os coptas constituem a mais numerosa comunidade cristã do Oriente. De 2010 a 2017 eles aumentaram de 8,1 a 9,4 milhões, acompanhando o ritmo de crescimento vegetativo da população e mantendo a proporção dos cristãos em cerca de 10% do total nacional.
Essa estabilidade se mantém em meio a bombas e incêndios de igrejas, fuzilamento indiscriminado dos fiéis, acrescidos na fase em que a tintura-mãe do fundamentalismo islâmico, a organização dos Irmãos Muçulmanos, participou do governo.
A maior emigração acontece na Síria, devastada por seis anos de guerra. Segundo a CNEWA, a presença dos cristãos diminuiu de 2,2 para 1,2 milhões de pessoas. No Iraque, a queda foi de 1,5 milhões para apenas 250 mil.
Trata-se de comunidades hoje prófugas que poderiam voltar com a paz, mas que tendem a se instalar duradouramente em outros países à medida que passa o tempo.
O caso mais evidente é o da Jordânia. Em boa medida pela afluência de cristãos da Síria e do Iraque, os cristãos constituem um grupo de 350.000 membros.
São mais numerosos que todos os cristãos que habitam presentemente em Israel e na Palestina. Nestes países, aliás, também o número voltou a crescer, contrariando a tendência à diminuição que prevalecia até pouco.
Mas a grande surpresa vem do Golfo Pérsico, onde nem o CNEWA pode estar presente em virtude da intolerante aplicação da Sharia (Lei Islâmica).
O Kuwait, os Emirados Árabes Unidos, a própria Arábia Saudita – “guardiã dos locais santos” Meca e Medina – estão vendo que os trabalhadores cristãos importados para trabalhos servis não só não se pervertem ao Islã, mas fazem prosélitos locais.
Os cristãos filipinos, indianos, sudaneses e eritreus que trabalham em Dubai, Doha ou Abu Dhabi, frequentemente em condições duríssimas, duplicaram em número desde 2010, atingindo 3,8 milhões.
No Kuwait, eles constituem o 17% da população; no Bahrein, 14,5%. Praticam a religião a portas rigorosamente fechadas, para não serem pegos pela polícia religiosa oficial. Não têm licença para construir igrejas, mas o número deles é tão grande, que são cada vez menos invisíveis.
Computando esses cristãos das catacumbas do século XXI, chega-se ao de fato que, desde 2010, o saldo positivo deles na região incrementou-se em quase 1,6 milhões, um crescimento de 9,5%.
Esse aumento compensa e supera com largueza as perdas em outros países
Hoje um cristão de cada cinco no Oriente Médio vive na Península Arábica e no Golfo Pérsico. Trata-se de uma semente aparentemente frágil e precária, mas quando fecundada pela graça do Espírito Santo pode-se prever um futuro maravilhoso.
Foi também uma pobre semente em fuga das perseguições do Sinédrio em Israel, constituída por São Pedro e os primeiros discípulos, que deu origem à árvore gigante da Igreja.
Essa estende a partir de Roma sobre toda a Terra seus braços cheios de folhas, flores e frutos, enfrentando toda espécie de tempestades.