O pesadelo verde pós Covid-19 de Nicolas Hulot

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No recente documento publicado pelo Instituto Plinio Corrêa de Oliveira (A maior operação de engenharia social e de baldeação ideológica da História) as correntes ecologistas radicais são acusadas de se posicionarem como uma das principais beneficiárias da crise econômica e social decorrente do confinamento forçado da população.

Desde o início da aplicação das drásticas medidas de lockdown os verdes proclamaram aos quatro ventos que estava provado ser possível, diante de uma ameaça global, impor medidas rígidas para mudar o comportamento das pessoas, e que seria doravante inconsequente não declarar a “urgência climática” e impor medidas severas para diminuir a produção de CO2.

A acusação lançada pelo Instituto foi amplamente confirmada pelas declarações feitas no dia 6 de maio, ao conhecido jornal de esquerda Le Monde pelo líder ecologista francês Nicolas Hulot.

Para aqueles que não acompanham de perto a política francesa a figura de Nicolas Hulot pode ser desconhecida, mas ele é na França, segundo sondagens de opinião, o homem público com o maior índice de popularidade.

Depois de trabalhar como fotógrafo de imprensa e jornalista, Hulot se tornou uma figura conhecida em todos os lares por seu programa de televisão Ushuaïa, dedicado a esportes radicais e às belas paisagens. Com as simpatias angariadas nesse programa, as parcerias com grandes empresas e o maior canal de televisão, ele lançou a Fundação para a Natureza e o Homem, hoje Fundação Nicolas Hulot, dedicada ao combate à “mudança climática”. Malogrado pré-candidato do Partido Europa Ecologia — os Verdes às eleições presidenciais de 2012, o presidente Macron lhe ofereceu o Ministério da Transição Ecológica e Solidária, cargo que exerceu entre maio de 2017 e agosto de 2018, quando renunciou alegando que a ecologia não era uma prioridade do governo. Sem nenhum cargo político, ele continua sendo, entretanto, uma figura de relevo nos debates em torno das questões do meio ambiente, não escondendo suas ambições para as eleições presidenciais de 2022.

Do alto de sua atalaia, Nicolas Hulot sentiu que o pânico provocado em torno da Covid-19 era o momento propício para se lançar proposições radicais que influenciassem as decisões públicas que configurarão a “nova normalidade” emergente. Isso porque a presente crise “torna aceitáveis propostas que até agora pareciam totalmente inatingíveis”, sendo agora possível “criar um círculo virtuoso entre a vontade cidadã e a faculdade política”.

O título que o Le Monde deu à sua longa entrevista já é muito ilustrativo dessa mudança psicológica do cenário pós-coronavírus: “Nicolas Hulot: ‘O mundo de depois será radicalmente diferente daquele de hoje, e sê-lo-á de bom grado ou pela força’”.

Nicolas Hulot com o Papa Francisco

Como o Papa Francisco, ele sustenta que a crise sanitária provocada pelo coronavírus tem suas raízes nas perturbações do sistema ecológico causadas pelo excesso de produção e consumo. Um revide, em suma. Queixa-se que a crise climática apresenta o “cenário-catástrofe” de uma “crise sistêmica”, a qual, combinada com outras, pode “provocar um caos”, e apesar disso continua sendo tratada com “doses homeopáticas” que não correspondem nem a “um quarto das soluções adotadas contra o coronavírus”.

Pelo contrário, Hulot sustenta que “a sociedade, que aceitou sem pestanejar ser privada de liberdades fundamentais, sonha em poder recuperar a confiança no porvir, pelo que é preciso fazer as coisas em grande escala”. E reitera: “Estamos numa situação radical, eu não me acomodarei com medidas que não sejam radicais. Isso não serviria para nada.”

Para o líder ecologista “o Estado-providência está de volta”, mas propõe que em contrapartida pelas ajudas às empresas para salvá-las da falência se exijam medidas concretas de caráter ecológico.  

Ele também preconiza uma mudança radical no comportamento das pessoas: “Não se poderá mais tomar o avião como antes, nem adquirir um produto que chega do fim do mundo pela Amazon em 24 horas, por exemplo. Aqueles que podem, poderão comprar carros bólidos ou SUV? Espero que não. Haverá no comércio produtos alimentícios de fora da estação? Não. Cumpre que a oferta e o consumo mudem rapidamente.”

Para que haja essa mudança é preciso que “os bens e serviços ecologicamente e socialmente virtuosos” tenham impostos baixos, e aqueles que penalizam “os bens tóxicos” sejam dissuasivos. Propõe ainda lançar “moedas locais” que permitam às coletividades locais ajudar os mais necessitados.

Nicolas Hulot com o chefe tribalista Raoni

A entrevista é acompanhada de um manifesto contendo os “100 princípios para um mundo novo”, todos eles iniciados pelo refrão “chegou o tempo de…”. Eis os mais eloquentes, ordenados por temas, tendo como fundo de quadro o mito do “bom selvagem” e como horizonte a vida tribal autogestionária denunciada por Plinio Corrêa de Oliveira em seu estudo profético Tribalismo indígena: ideal comuno-missionário para o Brasil do século XXI.

A utopia do mundo novo — “Chegou o tempo… de colocarmos juntos as primeiras pedras de um mundo novo” / “de um impulso desenfreado para abrir novas vias” / “de crer que outro mundo é possível” / “de mudar de paradigma”.

Possibilitado por uma baldeação ideológica — “Chegou o tempo… de uma nova forma de pensar” / “de emancipar-se dos dogmas” / “de nos desfazermos dos nossos condicionamentos mentais individuais e coletivos” / “de criar um lobby das consciências”.

Rumando para um estilo de vida frugal — “Chegou o tempo de… nós nos libertarmos dos nossos vícios consumistas” / “da sobriedade” / “de aprender a viver mais simplesmente” / “de considerar o conjunto das crises ecológicas, climáticas, sociais, econômicas e sanitárias como uma só e mesma crise: uma crise do excesso” / “de exonerar os serviços públicos da lei do rendimento”.

Na imitação da vida tribal dos aborígenes — “Chegou o tempo de… reconhecer a humanidade plural” / “de cultivar a diferença” / “de escutar os povos aborígenes” / “de ligar nosso ‘eu’ ao ‘nós’” / “de criar liames” / “da inteligência coletiva”.

Em harmonia com a natureza — “Chegou o tempo de… nós nos reconciliarmos com a natureza” / “de cuidar e reparar a natureza” / “de respeitar a integridade e a variedade daquilo que é vivo” / “de deixar o espaço ao mundo selvagem” / “de tratar os animais no respeito dos seus próprios interesses”.

Não há a menor dúvida de que se a humanidade deixar-se dominar pelo pânico e embalar pelo pesadelo ecologista de Nicolas Hulot, o mundo de amanhã será radicalmente diferente. E, para impedir que isso aconteça, ela deverá lutar!

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