O sentido da vida… ou da morte

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“A verdadeira glória só nasce da dor” – Plínio Corrêa de Oliveira

Certa vez um jovem estudante fez uma redação com o título ”Quero ter um ideal para morrer”. De início fiquei chocado com este título, pois parecia que aquele jovem tinha uma ideia suicida. Contudo, pensando melhor, percebi que ele entendia que existiam ideais mais importantes do que a própria vida pelos quais valem a pena morrer, porém não conseguia explicitar de outra forma.

Este fato me veio à mente quando vi que jovens se matam por causa de um jogo como o Baleia Azul, por exemplo. Assim, me perguntei: por que pessoas se matam?

Dar a própria vida por um ideal nobre como a Pátria, a Honra etc. não é suicídio. Pelo contrário, é um ato de heroísmo. Mas morrer por um jogo na internet… Eu queria entender o motivo que leva um adolescente a essa loucura.

Segundo o psiquiatra Viktor Frankl [i] (foto ao lado), a pessoa tende ao suicídio porque perde o sentido da vida. Ele conta casos de pessoas que sofreram acidentes e tiveram os quatro membros amputados e que são felizes e se dispõem a ajudar outras pessoas. Então ele se perguntou: o que é ser feliz?

O psiquiatra percebeu que quanto mais a pessoa procura a felicidade, menos consegue almejá-la, mais ela se distancia. Isto é muito comum em certas neuroses como, por exemplo, a preocupação exagerada de certos homens com a masculinidade. Quando o homem parar de pensar no prazer, na satisfação, na felicidade etc. esta se instala por si mesma.

Onde está a raiz da felicidade? Dr. Frankl responde, pontualmente: no sofrimento.

Ninguém pode escapar do sofrimento e da dor – disse. Contudo, é possível transformar o sofrimento e a tragédia pessoal num triunfo pessoal, numa realização humana.

“A pessoa não deve agir com interesse próprio, ou para aliviar as tensões e se sentir tranquilo ou em busca do equilíbrio, ou para neutralizar as imposições do superego insatisfeito (…) Ela deve agir, na verdade, por uma causa ou por amor a alguém e não apenas em seu interesse próprio. É isto que cabe ao homem fazer.

“Há pessoas – observa Dr. Frankl – que, mesmo vivendo em condições normais, não encontram um sentido para a vida e acabam por se matar porque vivem frustradas apanhadas num vazio existencial.”[ii]

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O Dr. Frankl não deixa claro porque temos que sofrer para sermos felizes. Somente a Doutrina Católica pode nos explicar. Com o pecado original, fomos desterrados do Paraíso Terrestre e hoje vivemos “neste vale de lágrimas”, como rezamos na “Salve Rainha”.

Cristo del Gran Poder – Sevilha, Espanha

Nosso Senhor Jesus Cristo tinha como realização de sua missão, por assim dizer, a morte na Cruz, a Redenção do gênero humano. Ele sabia, desde o início de sua vida humana, que seria morto na Cruz da forma mais cruel e quando chegou o momento de sua Paixão e Morte, Ele a abraçou e a levou até o fim, até o “Consumatum est!”.

Christianus alter Christus” – o cristão é outro Cristo – dessa forma, a vida só tem sentido quando pegamos a nossa Cruz, como outro Cristo, e a levamos até o fim. O contrário disso é o “vazio existencial” de que fala Frankl.

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[i] Dr.  Viktor Frankl (1905-1997) foi um médico psiquiatra austríaco, fundador da escola de logoterapia que explora o sentido existencial do indivíduo e a dimensão espiritual da existência.

[ii] Entrevista com Viktor Frankl – A descoberta de um sentido no sofrimento – https://www.youtube.com/watch?v=ilRNmwNvuWk

 

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