Os Direitos de Deus

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Nosso-Senhor-ladeado-de-alguns-santos.-Obra-de-Jacopo-di-Meliore

Quero render aqui um especial preito de homenagem Àquele que tudo é, e sem o qual nada nem ninguém existiria. Àquele que, se deixasse de pensar e sustentar o mundo e os homens, estes simplesmente se desfariam.

Entretanto, o dia 10 de dezembro, escolhido pelo orgulho humano libertado de preconceitos religiosos como data comemorativa de seus direitos — os quais, na maioria das vezes, têm significado o espezinhamento puro e simples dos Direitos de Deus — é na realidade a data da festa de Nossa Senhora de Loreto, d’Aquela que, por sua humildade, encontrou graça diante de Deus e cuja casa foi transportada milagrosamente do Oriente por Anjos, encontrando-se hoje na Itália.

Com efeito, Deus é Senhor nosso por direito e por conquista. Por direito, por ser o nosso Criador, o único a nos dar a vida e o único com o direito de tirá-la. E por conquista, por nos ter remido pelo preço de seu preciosíssimo Sangue vertido até à sua última gota por nós na Cruz.

Pois bem, o Criador não nos criou e deixou-nos em seguida à deriva. Para que pudéssemos cumprir a razão de ser de nossa existência — conhecer, amar e servir a Deus e depois gozar da felicidade eterna no Céu —, Ele nos transmitiu os seus preceitos, consubstanciados nos Dez Mandamentos. Trata-se do mais perfeito dos códigos, cuja observância nos traria toda a felicidade possível nesta Terra de exílio.

Mas também, ao nos ensinar no Pai-Nosso “venha a nós o vosso Reino, seja feita a vossa vontade, assim na Terra como no Céu”, Ele quis nos mostrar que os Dez Mandamentos não foram ditados apenas para serem praticados na esfera individual, mas devem regular toda a vida em sociedade, penetrando as leis, as artes, os costumes, a literatura, as instituições do Estado, etc. Assim, ao invés de milhões de leis, de várias dezenas de ministérios, de autarquias, e de quanto mais se queira, todos ineficazes ou quase tanto, tudo funcionaria indizivelmente melhor se os homens fizessem caso do preceituado em somente dez pontos pelo nosso Criador — que é também nosso Pai —, com vistas a alcançar a felicidade terrena e eterna.

Foi o que aconteceu na Idade Média, A doce Primavera da Fé, cujos detratores insistem em chamar de Noite de mil anos, embora vivam visitando as maravilhas surgidas de suas “trevas” e frequentando as suas Universidades em busca de luz…

Com efeito, na Idade Média, a generalidade das pessoas, das instituições e dos Estados procurava se inspirar na doutrina católica, dando origem a uma sociedade teocêntrica, ou seja, que tinha a Deus no centro. Mais tarde, por ocasião do Renascimento, o mundo ocidental se “emancipou”, indo exumar os restos do paganismo com os quais construiria uma sociedade antropocêntrica, cujo auge estamos vivendo com a exaltação dos direitos humanos e o completo olvido dos Direitos de Deus. Quem quiser se aprofundar a respeito, recomendo vivamente a obra-prima Revolução e Contra-Revolução, do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira.

Concluo com estas palavras lapidares da Encíclica Immortale Dei, com as quais o Papa Leão XIII descreveu a Idade Média:

Tempo houve em que a filosofia do Evangelho governava os Estados. Nessa época, a influência da sabedoria cristã e a sua virtude divina penetravam as leis, as instituições, os costumes dos povos, todas as categorias e todas as relações da sociedade civil. Então a religião instituída por Jesus Cristo, solidamente estabelecida no grau de dignidade que lhe é devido, em toda parte era florescente, graças ao favor dos príncipes e à proteção legítima dos magistrados. Então o sacerdócio e o império estavam ligados em si por uma feliz concórdia e pela permuta amistosa de bons ofícios. Organizada assim, a sociedade civil deu frutos superiores a toda expectativa, frutos cuja memória subsiste e subsistirá, consignada como está em inúmeros documentos que artifício algum dos adversários poderá corromper ou obscurecer.

1 COMENTÁRIO

  1. Pois é, fala-se tanto de direitos (dos animais, dos perseguidos políticos, dos idosos, das crianças, etc…) e se esqueceram dos Direitos de Deus e hoje se tem a impressão que por mais que “todos tenham todos os direitos” mas que ao final, esquecendo os direitos de Deus, todos possuem direito nenhum porque todos infringem todos os direitos, capisce? Vivemos o caos jurídico em todas as instituições da família às empresas e do estado.

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