Em 2010 foram descobertos os retratos mais antigos dos Apóstolos São Pedro, São Paulo, São João e Santo André.
Eles estavam numa catacumba recuperada sob um moderno prédio de uma empresa de seguros em Roma.
As imagens datam da segunda metade do século IV e decoram o teto do túmulo de uma aristocrática dama cristã ligado à catacumba de Santa Tecla.
Eles vinham sendo trabalhados pelos restauradores com técnicas laser para queimar acumulações sedimentares seculares de sais e desvendar os originais em todo seu esplendor.
Os rostos dos Apóstolos aparecem em medalhões nos quatro cantos da sala principal.
Eles fazem parte de um conjunto pictórico mais vasto que rodeia uma imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo apresentado como o Bom Pastor, que foi sendo revelado em fases sucessivas.
“Estas são as primeiras imagens dos Apóstolos”, anunciou Fabrizio Bisconti, superintendente das catacumbas, por indicação da Comissão Pontifícia para a Arqueologia Sagrada, citado por Fox News.
As cores predominantes são o ocre, o preto, o verde e o amarelo.
As catacumbas contêm algumas das primeiríssimas provas do culto e devoção aos Apóstolos no nascente cristianismo, explicaram representantes do Vaticano.
Barbara Mazzei, responsável pelo trabalho de restauração, disse que todas as descrições anteriores de São Pedro e São Paulo se encontravam em narrações escritas.
Mas agora temos seus rostos fixados nos quatro cantos da pintura do teto da sala subterrânea, num posicionamento devocional por natureza.
Por isso são os mais antigos ícones religiosos conhecidos até o presente, noticiou oportunamente o jornal “The Dallas Morning News”.
Barbara Mazzei explicou que, em atenção ao ano de São Paulo, comemorado em 2009, foi anunciada primeiramente a descoberta da pintura do Apóstolo das Gentes.
Porém, os especialistas sabiam que uma crosta de carbonato de cálcio cobria mais imagens e que poderiam ser apresentadas a público somente após completar sofisticadas tarefas de limpeza.
Por fim, o momento do extraordinário anúncio chegou.
Apresentando as imagens aos jornalistas, monsenhor Giovanni Carru disse que as catacumbas “são um testemunho eloquente do Cristianismo em suas origens”.
A sala sepulcral da nobre romana católica passou a ser denominada “Cubículo dos Apóstolos” devido aos afrescos ali descobertos.
Já os especialistas a chamam de “O Colégio dos Apóstolos”, representado em torno do Bom Pastor.
Fabrizio Bisconti explicou que nas pinturas das catacumbas pode se contemplar “a gênese, as sementes da iconografia cristã”, desde o simples peixe usado para simbolizar a Cristo até o próprio Cristo ressuscitando a Lázaro.
“Esse foi o tempo em que o culto dos Apóstolos estava nascendo e se desenvolvendo” e a arte das catacumbas não pintava somente os mártires ou cenas bíblicas.
Na mesma sala há afrescos representando o profeta Daniel na cova dos leões, os três Reis Magos entregando presentes ao Menino Jesus, o sacrifício de Isaac por Abraão.
Numa outra parede está representada a nobre dama que teria mandado fazer as pinturas, ornada com joias, véu e um “estilo de penteado de cabelo”, símbolo de categoria social elevada na antiga Roma, acrescentou Bisconti.
Mazzei contou que quando os restauradores ingressaram na câmera mortuária em 2008, todas as paredes apareciam inteiramente brancas, cobertas pela crosta de carbonato de cálcio com 4 a 5 cm de espessura.
O Vaticano, entretanto, possuía documentos atestando que no local havia pinturas nas paredes e isso impulsionou a procura.
No passado os restauradores teriam usado bisturis e escovas de aço para remover a crosta branca, mas havia o perigo de danificar as pinturas procuradas.
O uso do laser resolveu o problema.
Temia-se, porém, que a umidade ambiente e a falta de ar pudesse prejudicar o uso da nova tecnologia.
Os pesquisadores tiveram que avançar cautelosamente, fazendo da iniciativa um “laboratório experimental” do aproveitamento do laser em condições extremas adversas.
A descoberta veio além do mais confirmar que a devoção aos Santos representados em imagens é própria do cristianismo original, devoção desenvolvida nas catacumbas e depois nas igrejas a céu aberto.
Ficou desprovida de fundamento a alegação feita por iconoclastas orientais, muçulmanos, protestantes e “modernistas” hodiernos, segundo a qual o uso e o culto de imagens não correspondem ao cristianismo autêntico e original.
Segundo essas versões anticatólicas e anti-históricas, o culto das imagens seria uma deturpação.
Tal perversão do culto, dizem eles, aconteceu quando os primeiros cristãos saíram das catacumbas e passaram a imitar os cultos pagãos que idolatravam esculturas de pedra, madeira ou pinturas antropomórficas.
O culto das imagens corresponde bem à Igreja desde seus primórdios, sendo merecedor de encômio no espírito da doutrina tradicional bimilenar do Catolicismo.
As catacumbas de Santa Tecla não estão abertas ao público em geral, mas pode se pedir autorização na referida comissão vaticana para visitas em grupo, guiadas por especialistas.
Simplesmente fabuloso!! As fisiomias dos Apóstolos refletem a Face de Jesus que elas contemplaram próximamente.