Os que esperam só ser comidos no fim…

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Churchill e De Gaulle alertaram a Europa do perigo de acreditar num pacifismo míope diante da ameaça da Alemanha nazista. Hoje repete-se o mesmo erro do “pacifismo míope” diante da ameaça do restabelecimento da antiga URSS…
  • Plinio Corrêa de Oliveira
  • Fonte: Revista Catolicismo, Nº 855, Março/2022

Aperspectiva de nova conflagração mundial tornou-se ainda mais sinistra do que as anteriores, em razão dos trágicos progressos que tem feito a arte de matar. Teve isto sobre os homens um efeito catastrófico.

Em lugar de ver no debate de ideias um destro e arejado torneio de erudição e de cultura, no qual as partes contendem para encontrar a verdade, o debate cultural ou técnico passou a ser tido, em nossos dias, como fagulha perigosa, da qual podem surgir controvérsias apaixonadas. E destas, por sua vez podem nascer, possivelmente, confrontações internacionais que resultem na temida guerra.

Tomado de pânico, o pacifista contemporâneo incondicional apostrofa ecumenicamente os polemistas: “Não vos recordais das intransigências de Hitler, de Mussolini, de Stalin”?

Nesta visualização, toda controvérsia deve ser abafada. E quando alguém redargue ao pacifista, “e você não se lembra de homens ainda mais culpados pelas guerras, pois foram símbolos da capitulação e do fracasso, como Chamberlain e Daladier?”, o pacifista muda de assunto.

 Porém vê-se que, no fundo, essa dupla do fracasso corresponde ao seu ideal. E que, nem de longe, lhes ocorre a lembrança de homens como Churchill e De Gaulle, que souberam ser polemistas vigorosos, mas sem fanatismo.

A fórmula mágica do “neochamberlainismo” ou do “neodaladierismo” contemporâneo é o relativismo. Para ele, todas as verdades e todos os erros são relativos. Toda afirmação categórica não é senão respingo de algum fanatismo. A verdade está sempre e unicamente no meio-termo. Isto é, numa acomodação entre todas as opiniões, por mais diversas que sejam, e por mais contraditórias que se apresentem.

Quando as certezas morrem, a atividade intelectiva perde sua meta natural. E a modorra se apodera da opinião pública. A modorra dos pacifistas a todo preço, que Churchill assim definia: “Apaziguador é aquele que alimenta um crocodilo, esperando que este o coma por último”

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Excertos do artigo de Plinio Corrêa de Oliveira, em 11-4-88, para a “Folha de S. Paulo”.

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