Revista Catolicismo, Nº 792, Dezembro/2016
Para restaurar a sua grandeza,
os Estados Unidos devem
voltar-se para Deus
Mais do que uma corrida entre dois candidatos à Casa Branca, a eleição de 2016 refletiu a maré-montante de descontentamento com o tom cada vez mais socialista dos Estados Unidos.
Hoje, graças a Deus, o voto conservador conquistou a Casa Branca, o Senado, a Câmara, além de número recorde de governos estaduais e maiorias nas assembleias legislativas respectivas. Esta realidade trouxe alívio e despertou grandes esperanças. Acima de tudo, os conservadores sentem-se animados com as promessas do Presidente eleito, Donald Trump, que lhes assegurou que não serão esquecidos, mas ouvidos. Chegou a hora de ele cumprir essas promessas. Os eleitores norte-americanos conservadores não devem ser traídos.
Unindo-se às numerosas organizações do movimento conservador e atuando como porta-voz na defesa dos valores morais, a Sociedade Americana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade(TFP), apoiada por seus 200.000 membros em âmbito nacional, vem manifestar através deste manifesto suas esperanças e enumerar suas exigências quanto às medidas a serem tomadas para corrigir o curso da nação americana.
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O que motivou os eleitores menosprezados dos EUA em 8 de novembro foi o desmoronar de uma ordem que tem afetado todos os aspectos da vida. Como se repetiu durante o ciclo eleitoral, todo o sistema está quebrado, sua visão esquerdista e permissiva da sociedade encontra-se em ruínas, e os eleitores procuram desesperadamente soluções.
Sobrecarregado por um excesso de regulamentação e pelo colapso social, o modelo americano, que funcionou por muito tempo, já não funciona mais. Pior, o sistema prejudica os interesses dos cidadãos. Ele não mais acalenta sonhos, mas semeia incertezas e pesadelos, causando estresse, ansiedade e depressão.
Requisitos para um retorno à ordem
É por isso que a solução para a atual crise deve incluir um retorno à ordem que analise em seu conjunto tudo aquilo que deu errado nos EUA, e não apenas algumas peças do quebra-cabeça. Ela deve, sobretudo, tratar das questões morais esquecidas, que os políticos comumente deixam para trás.
Com demasiada frequência, os conservadores têm lutado com unhas e dentes contra aquilo que nãoquerem ver perpetrado no País: aborto, socialismo, transgenerismo, engenharia social nas Forças Armadas. Esta vitória eleitoral oferece a oportunidade para delinear o tipo de ordem que eles querempara os EUA.
Assim, qualquer proposta de retorno à ordem deve incluir os três pontos abaixo:
1. Deve ser uma ordem moral na qual os líderes façam destemidamente todo o possível para avançar a causa da vida, da família tradicional e da moral cristã. Para que a nação prospere, ela precisa retornar ao código moral baseado nos Dez Mandamentos e no direito natural, que fez a grandeza dos EUA. As pessoas já não devem ter medo de afirmá-lo e de confrontar a cultura do politicamente correto, que insiste não existir certo nem errado, apagando toda e qualquer definição. Sem este requisito essencial, os EUA não vão se recuperar.
Na verdade, sem esse retorno à moralidade qualquer tentativa de estimular a economia falhará, uma vez que um sistema econômico não pode prosperar sem estar firmemente alicerçado em uma ética de trabalho, honestidade e confiança. Uma cultura que desconhece freios morais e é obcecada com a intemperança frenética do prazer instantâneo será sempre desequilibrada e, em última análise, falhará. Uma nação que encetar o caminho da destruição moral não pode esperar senão um desastre.
2. Deve ser uma ordem antissocialista baseada na livre iniciativa. Os EUA devem ser libertados do fardo de regulamentações onerosas, altos impostos e programas governamentais gigantescos com soluções “únicas” aplicadas a todos. É hora de encontrar soluções orgânicas baseadas na inventividade do povo americano, no seu amor pela liberdade ordenada, e no seu espírito prático de fazer bem as coisas. É tempo de os líderes se colocarem em todos os níveis da sociedade à altura da situação, apresentando soluções criativas que evitem o governo intervencionista. Não haverá retorno à ordem enquanto os EUA estiverem sufocados sob o jugo da tirania socialista.
3. Deve ser uma ordem na qual Deus seja novamente entronizado. Os EUA sempre foram uma nação confiante na Divina Providência. No entanto, tal confiança se encontra em declínio. E se não estamos do lado de Deus, como poderemos esperar que Ele esteja do nosso lado?
Entronizando novamente Deus
Os conservadores menosprezados, que trabalharam tão arduamente para obter esta vitória, querem um retorno à ordem que devolva aos EUA sua grandeza. Ainda mais importante, desejam construir uma nação moral abençoada por Deus.
Não faz sentido que um país construído sobre princípios cristãos, que derrotou o nazismo e o comunismo ateus, se encontre em uma situação onde monumentos aos Dez Mandamentos, cruzes, presépios e canções de Natal se tornem alvos da cólera laicista.
O politicamente correto vem desde muito tempo dominando, expulsando Deus de seu legítimo lugar na sociedade, e em alguns casos até substituindo-O pelo culto público a Satanás. Os americanos de todas as camadas sociais devem ter a coragem de exercer seu direito de honrar Deus em praça pública. Não devem ter medo de pedir a bênção de Deus e implorar Sua ajuda nestes tempos difíceis. Devem observar e respeitar a Sua Lei levando uma vida de virtude e caridade. Se a América desejar prosperar e tornar-se grande, deve novamente entronizar Deus.
Mudança total
Devemos agora adotar um programa global de mudanças, com ações executivas, legislativas e judiciárias imediatas e urgentes para corrigir o curso da nação. O trabalho a ser feito não engloba apenas mudanças no governo, mas no próprio cerne de nossa cultura. Mais do que exigir que nossos governantes eleitos cumpram suas promessas, a tarefa envolve todo o mundo do movimento conservador: clero, indivíduos, famílias, organizações de base, grupos de reflexão e acadêmicos. Para efetuar esta necessária mudança cumpre mudar a mentalidade de muitos americanos. É um trabalho monumental, que requer uma vontade de lutar maior do que a obstinada oposição dos esquerdistas, cuja agenda levou o País à beira da ruína.
Lutando pela vida
Entre os eleitores menosprezados dos EUA encontram-se aqueles que lutam pelos mais vulneráveis — os nascituros — exigindo que o seu fundamental direito à vida seja respeitado.
Chegou a hora de lavar a honra dos EUA, manchada pelo seu grande pecado contra Deus: [a decisão] Roe v. Wade [que implantou o aborto no País].
Esses eleitores menosprezados esperam que o Presidente eleito, Trump, nomeie juízes inquestionavelmente pró-vida para a Suprema Corte e os tribunais federais, e que a maioria republicana no Senado os confirme. Esses juízes devem seguir nossa tradição jurídica oriunda da Common Law (direito consuetudinário), respeitando a lei superior (divina e natural) que deve pautar as leis do País. Eles devem interpretar a Constituição no sentido em que foi escrita e desejada pelos nossos Pais Fundadores, pondo fim ao ativismo judicial das últimas décadas.
Os eleitores esperam que o governo federal e os estaduais cortem as verbas da Planned Parenthood.
O eleitor pró-vida menosprezado não só espera a proteção da vida dos nascituros, mas também a dos cidadãos, sujeitos à eutanásia e ao suicídio assistido, práticas que devastam a paisagem moral e ameaçam as pessoas mais vulneráveis da sociedade.
Lutando pela família americana
Fazem também parte dos eleitores americanos menosprezados aqueles que defendem as sagradas instituições do casamento e da família.
Chegou a hora de derrubar este segundo pecado imenso contra Deus: Obergefell v. Hodges [decisão legalizando o “casamento” homossexual].
Juntamente com a retificação do matrimônio, os eleitores pró-família menosprezados esperam que o governo Trump revogue a tirânica decisão de Obama impondo políticas pró-homossexuais e transexuais em relação a funcionários e empreiteiros do governo federal, militares, e, acima de tudo, às escolas do País.
Tudo isso está dilacerando as famílias e o País. É chegada a hora de dar um basta. Sem famílias fortes, a América jamais será grande.
Os eleitores pró-família menosprezados esperam que a lei de educação Common Core seja prontamente enterrada, bem como a No Child Left Behind, Every Child Succeeds (que nenhuma criança fique para trás, que todas sejam bem-sucedidas) e uma porção de outras cangas socialistas impedindo uma sólida e saudável educação das crianças norte-americanas.
Lutando por uma América antissocialista
Os eleitores menosprezados da nação rejeitam e exigem a imediata revogação da maré-montante de regulamentação, legislação e benesses socialistas que inibem o desenvolvimento econômico do País e frustram seus esforços de prosperar.
Têm eles dois conjuntos de exigências à liderança política da nação.
Primeiro, exigem a rápida revogação do Obamacare, do Dodd-Frank (o imposto sobre a herança), e os milhares de regulamentos socialistas e decisões executivas que estão paralisando e sufocando a economia. Isto libertará o potencial da nação, criando empregos e estabilizando a economia.
Em segundo lugar, exigem que o governo tenha seu tamanho reduzido aos legítimos limites constitucionais. E não apenas o governo federal, mas também os inchados e hipertrofiados governos estaduais e municipais.
Lutando pelas Forças Armadas e pela Polícia
Os eleitores menosprezados dos EUA exigem a revogação dos cortes automáticos em nosso orçamento de defesa, bem como da política imposta por Obama às nossas Forças Armadas de admitir homossexuais, transgêneros e mulheres em combate.
Se destruirmos o leviatã regulatório socialista e diminuirmos o inchaço do governo, a economia será estimulada ao mesmo tempo em que as despesas públicas e a dívida serão reduzidas a níveis administráveis.
Os eleitores exigem Forças Armadas reforçadas e um governo que as apoie em sua missão de defender a nação contra toda e qualquer ameaça. Isso inclui a Rússia rediviva, a China e os islamistas, que prometem destruir os EUA e a civilização cristã ocidental.
Eles estão alarmados com os assassinatos de policiais e com a anarquia que começa a pipocar em todo o País. Anseiam por um retorno ao Estado de direito e a uma sociedade na qual a lei e a ordem sejam apreciadas e se imponham.
Lutando pela soberania e por uma política externa pró-americana
O respeito às suas fronteiras é para uma nação o equivalente à propriedade privada para uma família.
Os eleitores menosprezados dos EUA exigem que suas fronteiras sejam respeitadas e que se ponha fim às “cidades-santuário”, que não passam de uma zombaria anárquica de nossas leis de imigração. Exigem o fim da farsa eleitoral através da qual os não cidadãos são admitidos a votar.
Eles exigem uma inversão completa da política externa desastrosa de Obama, inclusive o acordo com o Irã, a normalização de relações com a Cuba marxista de Castro (a ilha-prisão) e o Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas.
Exigem que os EUA tranquilizem imediatamente seus aliados tradicionais no sentido de que a nação permanecerá sempre fiel à sua palavra de honra e está pronta para defendê-los em caso de guerra.
Alertam contra uma confiança equivocada e sem fundamento na cooperação com a Rússia nacionalista insurgente e a China comunista e insincera. E exortam para que sejam tomadas medidas cautelosas e prudentes a fim de evitar o perigo de um crescente autoritarismo, como o que recentemente se manifestou na Turquia islamista.
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Às vésperas da inauguração da nova administração Trump, são essas as exigências de milhões de eleitores americanos menosprezados, a cuja voz a TFP se une.
Que Deus conceda sabedoria, prudência, temperança, justiça e coragem ao Presidente eleito e a todos os nossos governantes vitoriosos na eleição.
Queira a Mãe de Deus proteger e favorecer todos os norte-americanos fiéis aos Dez Mandamentos, que trabalham na gigantesca reconstrução a ser feita, na gratificante labuta de tornar os EUA “uma nação sob o império de Deus”.
15 de Novembro de 2016
The American TFP