Por que a direita conservadora preocupa tanto as esquerdas e o falso Centrão?

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O falecimento do escritor e filósofo, Olavo de Carvalho, provocou nas Redes Sociais as esperadas reações: da esquerda, os insultos de sempre e o desejo de que ele tenha ido para o inferno; na direita conservadora pesar e orações; no falso Centrão, aquela posição kerenskyana de sempre, aproveitar ocasiões para denegrir um lado e favorecer a sua bem amada esquerda.

Rezemos pelo eterno descanso de sua alma.

Olavo de Carvalho: morte de escritor é ‘grande revés’ para o bolsonarismo, diz pesquisador alemão” é o título da entrevista da BBC que passamos a comentar.

A esse propósito, a BBC entrevista o pesquisador alemão Georg Wink, brasilianista que dirige o Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Copenhague (Dinamarca) e ex professor e pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).”

Sintomático artigo da BBC

Pergunta: “Qual será então o impacto da morte de Olavo para o movimento bolsonarista?

“É um grande revés para o bolsonarismo porque ele dependia totalmente de Olavo, que não estava exagerando ao dizer que o que possibilitou o fortalecimento da nova direita e a eleição de Bolsonaro foi a guerra cultural de formiguinha que ele vinha fazendo desde meados dos anos 1990”, afirma o pesquisador alemão Georg Wink, brasilianista que dirige o Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Copenhague (Dinamarca) e foi professor e pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Há uma distinção muito clara entre o bolsonarismo e o conservadorismo brasileiro. Poderia se dizer que, dentre as várias facetas do conservadorismo, há também o bolsonarismo. O Conservadorismo é o gênero.

Se houver revés, esse não afetará o Conservadorismo, cujas raízes são muito mais profundas.

A reação que se produziu no Brasil tem como fundamento um retorno aos Valores Morais.

Continua o artigo: “Para especialistas, Olavo conseguiu tanto fomentar o surgimento da nova direita brasileira nas últimas duas décadas quanto fornecer suas bases ideológicas.”

Também aqui o articulista simplifica e minimiza a direita brasileira. Houve, é certo, um despertar, um ressurgimento. O que é bem diferente de surgimento. E o próprio prof. Olavo vai se aproximando desse núcleo ideológico que são os Valores Morais dados pelo Catolicismo.

“Para ele, a morte de Olavo muda completamente o cenário porque essa linhagem de pensamento no Brasil, de teor cristão e reacionário, sempre dependeu de um porta-voz, como Plínio Salgado e o integralismo (movimento popular brasileiro com ligações com o fascismo) que praticamente se desfez com sua morte. Outro nome associado por Wink a essa corrente é Plínio de Oliveira Correa [Corrêa de Oliveira], fundador da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP).

Ainda uma imprecisão sobre a idolatria dos “líderes“. “Todos os “entraineurs” de massas sabem muito bem que, se uma multidão é capaz de um entusiasmo igual a X, por um determinado ideal, ela é capaz de um entusiasmo igual a X MAIS MIL, se esse ideal se concretiza em um homem apontado, por uma propaganda sagaz, como o salvador do País.”

Assim, de fato, um autêntico líder multiplica o poder de ação das bases. No caso concreto do conservadorismo brasileiro trata-se, primordialmente, de um ressurgimento profundo nas bases.

E a ausência de lideranças na esquerda? Como observou um jornal francês “Lula é uma estrela que fez o seu curso”.

“A morte de Olavo enfraquece bastante a representação e a mobilização do movimento olavista. Mas por outro lado as ideias continuam e basta aparecer um novo líder ideológico que elas voltam. Só uma liderança torna as ideias agudas para introduzi-las no debate político.” https://www.bbc.com/portuguese/brasil-60132468

Aqui o Prof. Wink distingue muito bem entre conservadorismo e olavismo.

É precisamente assim: “as ideias continuam”, o conservadorismo é enraizado e não depende de um líder.

Por isso, reconhece o Prof. Wink “mas por outro lado as ideias continuam…”

Conclusão: o conservadorismo brasileiro é muito mais amplo do que o simples bolsonarismo; aquele vem de muitas décadas e é o aflorar de tendências profundas, da formação cristã do povo brasileiro. O temor das esquerdas e do falso Centrão: morre um líder a chama continua.

A entrevista do Prof. Georg Wink, da universidade de Copenhague, aborda outros aspectos que conviria tratar. Ficam para outra ocasião. Sua posição é mais clara na Entrevista à RFI Brasil.

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Entrevista à RFI

“Em entrevista à RFI Brasil, o especialista (Prof. Georg Wink), que termina nesse momento um livro sobre o assunto, lembra que os grupos fundamentalistas católicos não são novos. Eles seguem os passos da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, entidade criada nos anos 1960 por Plínio Correia de Oliveira, e que se baseava na defesa do catolicismo tradicional, em oposição ao catolicismo com engajamento social.”

“Wink ressalta que os novos conservadores também não se distinguem muito de seus pares no passado. “A direita saiu do armário, mas não vejo muita novidade. A ‘nova direita’ é baseada no mesmo legado conservador, como nos últimos 100 anos”, resume.”

O pensamento do prof. Wink está simplificado: os princípios da Lei Natural são perenes, não há o que modificar. A roupagem deles nos foi apresentada de modo inovador e vivo pelo Prof. Plinio. Leia-se, por exemplo, Revolução e Contra Revolução, sua obra mestra.

“No entanto, o professor explica que ao estudarem os grupos religiosos e os fenômenos sociais e políticos anexos no Brasil, os cientistas se concentram essencialmente nos pentecostais, cada vez mais numerosos no país, deixando de lado os católicos. “Eu acho que isso pode levar para um caminho errado, pois existe um núcleo de católicos conservadores que mantém e preserva o legado de ideias “tvpistas” (de Tradição, Família e Propriedade)”, afirma.” (1)

Perfeito. A matriz do conservadorismo é o pensamento católico. E, no pensamento católico, Tradição, Família e Propriedade é o referencial. Também o prof. Benjamin Cowan, em seu recente livro Moral Majorities across the America chega à mesma conclusão: a matriz do movimento conservador nasceu no Brasil e tem sua origem na figura do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira.

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Um brasilianista, norteamericano coloca “pingo nos ís”

Comentando recente livro publicado nos EUA, escreveu o Sr. Julio Loredo: “A ação anti-progressista de Plinio Corrêa de Oliveira, segundo [Benjamin] Cowan, começou nos anos trinta com a constituição do Grupo Legionário, continuou com sua oposição ao neomodernismo dentro da Ação Católica nos anos quarenta, e com a fundação do movimento catolicismo nos anos 50.

Na época dos anos 60, o trabalho antimodernista de Plínio “repercutiu no Brasil [e também] teve repercussões internacionais significativas que ajudaram a moldar e sustentar a reação católica global à modernização e à secularização.”[3]Quando o Dr. Plínio chegou a Roma em 1962, portanto, ele já tinha ideias muito claras e um plano de batalha perfeitamente desenhado, ao contrário de muitos outros conservadores que “foram pegos de surpresa pela virada progressista do Conselho”[4]. Na verdade, explica Cowan, “a TFP antecipou a orientação do Concílio, e começou a se organizar antes dele começar.”[5] O arquivo privado do Monsenhor Sigaud contém o relato das reuniões com Plinio Corrêa de Oliveira para preparar o plano de oposição ao ataque progressista no Concílio, antes de ir para a Cidade Eterna.”

A luta contra o progressismo, conduzida com acerto e eficácia pelo Prof. Plinio e a TFP, — durante mais de meio século — mostra que o “canal estratégico” se situava na América Latina. https://ipco.org.br/acao-de-dr-plinio-na-america-latina-canal-estrategico-na-luta-contra-o-progressismo/

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A reação conservadora no Brasil é muito profunda, vasta e poderosa. Ela não começou apenas há duas décadas. Para usar uma palavra do jargão progressista só falta à esse conservadorismo tomar “consciência” de sua força e partir para a conquista e realização de seus ideais nos vários campos da atividade humana.

A fim de alimentar essa esperança o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira mantém o estandarte dos Valores Morais, da regeneração da civilização cristã, que é o fundamento sólido do conservadorismo.

Olavo de Carvalho: morte de escritor é ‘grande revés’ para o bolsonarismo, diz pesquisador alemão — nos parece tipicamente um título para gerar desânimo. A morte não é um revés, é uma perda.

Os líderes não são a “causa” do conservadorismo, são uma expressão deste, um altofalante do que ocorre nas capilaridades de todo o território nacional: essa é a razão mais profunda de toda a campanha midiática contra o Brasil profundo, o Brasil real, o Brasil conservador e anticomunista.

Conclusão: o conservadorismo brasileiro é muito mais amplo do que o simples bolsonarismo; aquele vem de muitas décadas e é o aflorar de tendências profundas, da formação cristã do povo brasileiro. O temor das esquerdas e do falso Centrão: morre um líder a chama continua.

“Esse ainda será um grande País!”

Nossa Senhora Aparecida proteja a Terra de Santa Cruz.

(1) https://www.rfi.fr/br/podcasts/rfi-convida/20210517-cat%C3%B3licos-influenciam-elites-do-brasil-e-neopentecostais-s%C3%A3o-pe%C3%B5es-no-xadrez-da-nova-direita-diz-especialista

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