Por que não adotar o “antigo normal” de Sócrates?

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Estátua de Sócrates (470 a.C. – 399 a.C) na Academia de Atenas

Durante esta quarentena que vai se prolongando, além da indispensável oração e do trabalho, um dos meus passatempos são os livros. Sem querer ser erudito, sempre tive muita vontade de conhecer o pensamento de alguns filósofos gregos. A ocasião para isso me foi proporcionada por um religioso, que me obsequiou muitos de seus livros, entre os quais alguns desses filósofos. Comecei por Sófocles e Platão.

Sobre Sófocles, o meu inesquecível mestre Plinio Corrêa de Oliveira comentou certa vez que era um gênio, pois conseguia traduzir para o povo em geral, teatralmente e de outras formas acessíveis, aquilo que os filósofos elucubravam. Numa aula, para caracterizar a habilidade desse pensador, o Prof. Plinio chegou a criar o neologismo ‘sofoclizar’.

Sentindo-me meio ‘sofoclizado’, passei a ler Platão — discípulo de Sócrates, cujos diálogos escreveu, por considerá-lo o mais sábio e mais justo dos homens —, e pude perceber quanta coisa boa o grande Santo Agostinho havia haurido da sua filosofia. Na Carta 7, por exemplo, afirma: “Os males não cessarão para os humanos antes que a raça dos puros e autênticos filósofos chegue ao poder, ou antes que os chefes das cidades, por uma divina graça, ponham-se a filosofar verdadeiramente.

Sempre tive no subconsciente que Sócrates, talvez em razão das calúnias que lhe eram feitas, tivesse sido condenado à morte por corromper a juventude. Mas, segundo Platão, a tal corrupção da juventude não era senão o fato de que ele contrariava os deuses atenienses, os quais, por sua vez, eram uma espécie de cúmplices dos pecados que grassavam em Atenas.

Platão aduzia que Sócrates foi condenado por ter praticamente chegado à conclusão de que só poderia existir um Deus verdadeiro, negando, portanto, a pluralidade dos deuses existentes ao seu redor. E foi além, pois o pensamento monoteísta o conduziu a crer na existência da alma, que a morte era o rompimento da alma com o corpo. Deduziu daí uma série de conclusões envolvendo a moral e a ética, o que o levou a viver como pensava e a combater os tiranos corruptos então detentores do poder.

Não querendo entrar na Ágora, sobretudo permanecer nela com discussões infindas, passo diretamente para um ponto que me interessa ressaltar hoje. Certa vez alguém perguntou a Sócrates como proceder para que o povo voltasse a ser feliz, ao que prontamente ele respondeu: “Volte a fazer aquilo que fazia quando era feliz!” Simples, não?

Nesse tremendo caos em que nos encontramos, vem-se repetindo à exaustão que a humanidade irá entrar num “novo normal”. Mas, afinal, o que é isso? Que tipo de coelho sairá da cartola do prestidigitador? Seria uma sociedade utópica, igualitária, em que os ricos ‘opressores’ dessem tudo aos pobres e passassem todos a viver numa igualdade completa, numa libertinagem total, sem Deus, sem ordem, sem moral, onde fosse proibido proibir? 

Os ecologistas radicais, por exemplo, que pregam o fim da sociedade de consumo começam a dizer que em razão do Covid-19 os canais de Veneza ficaram mais limpos, a Baía da Guanabara e o Rio Tietê menos poluídos, o ar mais puro, as florestas mais verdes, as flores mais coloridas e o canto dos pássaros mais alegre etc. Haja paciência! Por que eles não interrogam os políticos de esquerda, seus irmãos siameses, sobre o que fizeram com os milhões de reais que desviaram, em vez de empregá-los na melhoria do meio ambiente?

Vamos nos ater, contudo, mais ao campo sócio econômico relacionado à agropecuária brasileira. Para isso, comecemos por analisar o significado da palavra normal.  Etimologicamente, é o que segue a norma. Mas segundo que critérios tais normas foram feitas nos últimos, digamos, cinco ou dez mil anos? Grosso modo, podemos afirmar que elas foram pautadas pela lei divina, pela lei natural, referendada depois pela lei positiva. Quanto à lei natural, ela é bem definida por São Paulo como a lei de Deus posta no coração dos homens.

Ora, o “novo normal” agora preconizado seria o quê? — Ao que tudo indica, a etapa final do processo revolucionário, como tratado pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em seu livro Revolução e Contra-Revolução. De um “novo normal” a outro essa Revolução abandonou a civilização cristã medieval e vem conduzindo a humanidade, por meios ora graduais e pacíficos, ora abertos e brutais, rumo a uma sociedade igualitária, ateia e tribal, sem tradição, família nem propriedade, controlada por mecanismos de controle facial e chips subcutâneos instalados no cérebro das pessoas.

O vírus proveniente da China vem para favorecer esse desígnio, causando danos a milhões de pessoas com o surgimento de problemas financeiros, morais e psicológicos de toda ordem. Com efeito, seu âmbito vai muito além dos horizontes de um Xi Jinping, pois visa abarcar a sociedade mundial como um todo. 

Quem promove mais esse grande passo rumo ao caos — em oposição à ordem cristã medieval — são os pósteros espirituais dos grandes revolucionários da História, tais como Lutero, Voltaire, Danton, Marat, Lenine, entre potentados, presentes na alta burguesia comunistóide, coadjuvados por parte da estrutura dominante do Vaticano, da alta intelectualidade e de expoentes da pseudo cultura presentes em muitas universidades. Esses são os verdadeiros agentes dessa manobra sorrateira. A China não passa de um palco em que é apresentado o teatrinho de onde as marionetes olham feio para os débeis expectadores.

O grande Papa São Pio X [foto ao lado] escreveu muito bem: “A Civilização não mais está para ser inventada, nem a Cidade nova para ser construída. Ela existiu, ela existe: é a Civilização cristã, é a Cidade católica. Trata-se apenas de instaurá-la e de restaurá-la sem cessar sobre os fundamentos naturais e divinos contra os ataques renascentes da utopia malsã, da revolta e da impiedade”.

Segundo economistas, o anunciado “novo normal” pós-pandemia encontrará um PIB 15% menor em âmbito mundial. Para especialistas do Bank of America, a economia brasileira deverá encolher 7,7%. (Valor, 23-6-20). Fake-óbitos ou não, no Brasil já ultrapassamos 60 mil mortes. De fato, uma tragédia irreparável, pois quem partiu para a eternidade não pode regressar ao nosso convívio. No entanto, nós já tivemos epidemias que mataram milhões de pessoas, sem contar as guerras.

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Pretendo tratar a partir daqui apenas do agronegócio, locomotiva de nossa economia, que além de produzir comida farta e barata para a população, ainda alimenta mais de um bilhão e meio de pessoas mundo afora. Teremos outra safra recorde de 250 milhões de toneladas de grãos. As exportações gerarão saldo positivo em torno de 100 bilhões de dólares. Nos quatro primeiros meses de pandemia o agronegócio não parou, juntamente com os valorosos caminhoneiros e transportadores, e bateu recorde de exportações.

O valor bruto da produção (VBP) — cálculo das riquezas que não existiam, mas que foram semeadas, cresceram, deram frutos e foram colhidas — renderá aos nossos cofres mais de 700 bilhões de reais, irrigando de modo acentuado a nossa economia. É bem verdade que,em razão da pandemia, o Governo deverá gastar entre 750 bilhões e 1 trilhão de reais com despesas extras. Mas a valorização do dólar ante o real trouxe ao Tesouro um ganho cambial de mais de 500 bilhões de reais.

O brasileiro ainda conseguiu tirar algum bem da situação em que se encontrava, e no mês de maio passado a poupança da população cresceu 38 bilhões de reais. As pessoas ficaram presas em casa, mas guardaram dinheiro na poupança. A dívida pública diminuiu quase 140 bilhões de reais (O Estado de S. Paulo, 9-6-20). Ela ainda é grande, mas precisa ser calculada em porcentagem do PIB, como mandam os economistas. Em muitos países essa taxa ultrapassa o dobro de nosso porcentual. Se governadores e políticos aloprados não frearem o ritmo da nossa economia, ela se recuperará organicamente.

O corpo social é muitas vezes comparado ao corpo humano. Os catastrofistas previam 1 milhão de mortos no Brasil, enquanto o governador de São Paulo previu 277 mil óbitos no Estado. Mas as pessoas foram infectadas, criaram resistência contra o vírus e estão voltando à vida do dia a dia anterior. No corpo social, a propriedade e a iniciativa privada são tão fortes que basta os governos não atrapalharem para elas voltarem logo aos patamares anteriores.

Depois desse alento, volto ao nosso Sócrates, mas sem recuar 2.300 anos! Apenas até meados do século passado, quando a incidência fiscal sobre os brasileiros era de apenas 10%. Não faltavam empregos, não havia fome e se andava nas ruas com tranquilidade. De lá para cá, à medida que o Estado foi se socializando, a carga tributária aumentando, muitos políticos se aproveitando do dinheiro fácil em detrimento da população cada vez mais escorchada.

Comecem a fazer como a ex-presidente da Croácia, Kolinda Grabbar [foto ao lado]. Ela diminuiu 50% do ordenado de todos os dirigentes políticos e do funcionalismo público, que auferiam exorbitâncias bem acima de um patamar razoável; vendeu cinco jatinhos de administrações anteriores e mais de 30 automóveis Mercedes Benz, herança maldita dos dirigentes comunistas que dominavam seu país.

Portanto, basta diminuir tamanho do Estado e a carga tributária para que as indústrias que foram para a China voltem para o Brasil. Aliando-as ao agronegócio mais pujante do mundo, seremos sem dúvida umas das primeiras potências mundiais, conforme desígnio da Providência Divina, que deseja para nós um progresso espiritual ainda muito maior do que o material.

Que Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, vele por nós, a fim de que, com essa confiança que se identifica com certeza, possamos seguir a receita de Sócrates, e voltarmos novamente a ser felizes…

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