Transcrevemos comentários do Prof. Plinio sobre as classes sociais na Idade Média. A esquerda gosta de dizer que a Nobreza era a primeira classe e que oprimia os trabalhadores.
Vejamos a verdade histórica. O Clero era a primeira classe na Idade Média
Em primeiro lugar, o Clero. É uma coisa evidente para um país católico que o Clero sendo a classe, a bem dizer, instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo pelo Sacramento da Ordem e, sendo os membros do Clero sagrados e incumbidos na Terra de uma missão divina, eles devem constituir a primeira classe social. Primeira classe social por honra, porque a unção sacerdotal confere à pessoa do padre uma preeminência humana. O padre está constituído acima dos homens para ser um traço de união entre os homens e Deus. Por esta razão, ele é titular do respeito particular dos homens como representante de Deus na Terra, como uma personificação da própria religião. Esta condição de sacerdote se soma ao fato de que a sua função na Terra é a função mais importante para o próprio Estado. O homem da Idade Média entendia que a razão de ser do Estado não era a de ser uma grande cooperativa de caráter financeiro.
Lemos hoje os jornais e vemos do que tratam todos os governos do mundo: em última análise, tratam de dinheiro. Decreto a respeito da importação e exportação, finanças para favorecer, fontes de economias para suscitar, concorrências com países estrangeiros, etc. O grosso dos assuntos de que se trata hoje são os assuntos econômicos. Esta concepção é materialista e não está muito longe da concepção marxista.
O Estado não existe apenas para matar o apetite de todos. Até se poder dizer que não é esta, quase não é esta a função do Estado. A função principal do Estado consiste em promover uma vida virtuosa dos cidadãos de maneira a levá-los à salvação eterna. A função essencial do Estado é promover o bem.
Por isto, o Estado funciona na sua ordem própria como uma espécie de elemento complementar da Igreja. A Igreja ensina, governa, santifica as almas; o Estado dispõe a vida terrena de maneira que tenha todas as facilidades possíveis para que a vida terrena preencha a finalidade para que ela existe que é a salvação eterna. Mas se isto é assim compreendemos que dentro do Estado nenhuma classe tem direito a mais preeminência do que aquela classe que representa exatamente o elemento promotor e propulsor da salvação eterna dos homens, que vem a ser a classe sacerdotal.
Esta posição se acentuava pela seguinte circunstância: as condições de vida do padre são aquelas que mais favorecem a virtude. São condições de vida que conduzem naturalmente ao saber. E a classe sacerdotal, por sua natureza, além de ser uma classe incumbida de uma missão divina, é uma classe que é propensa a constituir uma elite na virtude e no saber. Constitui, portanto, uma espécie de elemento de uma ordem para a orientação da vida social.
Como esta classe arcava com obrigações muito pesadas — antes de tudo, a obrigação de renunciar a fazer carreira, a fazer fortuna, para se dedicar inteiramente aos interesses da Igreja —, como o sacerdote renuncia até ao prazer legítimo de constituir família para se dedicar completamente ao serviço de Deus; como o sacerdote é obrigado a ficar no confessionário, ouvindo todo o mundo que ali vem expor seus problemas, para aconselhar, absolver, corrigir, reprimir, é uma coisa evidente que o sacerdote é o elemento mais sacrificado; tanto maior é a recompensa. Por causa disto, esta classe cuja função é de uma importância primordial, tendo também de arcar com sacrifícios de uma importância capital, tinha também uma posição privilegiada dentro do corpo social.