Porque a desigualdade na Criação é um bem (I)

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      A esquerda insiste na ideia de igualdade a propósito de tudo. Por exemplo, as cotas introduzidas nas universidades seriam uma forma de atingir a igualdade.

     Reproduzimos abaixo os comentários do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, sobre esse atualíssimo tema, baseados nos ensinamentos de São Tomás explanando os princípios e a doutrina da Contra Revolução (*). Alicerces sólidos para a formação da juventude e edificação de um Brasil em oposição às garras da esquerda. (subtítulos nossos).

    “Santo Tomás pergunta se convinha que houvesse várias criaturas, em vez de haver uma criatura só.

A desigualdade é um bem na Criação

     “Teríamos, depois, uma segunda pergunta: havendo várias criaturas, o que seria melhor: que fossem todas iguais ou todas desiguais entre si?

    “A esta pergunta Santo Tomás dá a resposta seguinte: a desigualdade é um bem. Analisando as respostas que (São Tomás) dá, veremos que ele só diz que Deus fez a desigualdade no universo para que a desigualdade fosse uma perfeição no universo; mas, pelas respostas que ele dá, percebe-se que quanto maior o número de desigualdades, maior a perfeição que um determinado conjunto de coisas tem. A desigualdade figura como um bem em si na Criação. E esse bem em si existindo também nas obras dos homens, é melhor do que não existir. A desigualdade em si mesma é uma perfeição.

     “De que maneira Santo Tomás prova isto?

               O universo deve ser semelhante a Deus. Relação Causa-efeito

      “Primeiro ele mostra que a desigualdade na Criação é um bem, considerando Deus como causa e o universo como efeito. Nesta relação de causa e efeito mostra que esta relação é mais perfeita havendo seres desiguais, do que sendo todos os seres iguais. Toma ele como ponto de partida um pressuposto: a criação deve ser semelhante a Deus.

     “Quem age, tende a plasmar sua semelhança no efeito, na medida em que o efeito comporta. Por exemplo, consideremos um professor. Tende ele a plasmar sua semelhança no efeito, que é o aluno. Tende a dar ao aluno um conhecimento, que é semelhança do conhecimento dele. E a aula será boa, isto é, a causa será eficiente, na medida em que esse efeito for semelhante à causa, ou seja, na medida em que o conhecimento adquirido pelo aluno for semelhante ao professor.

      “Outro exemplo: um artesão e sua obra. Concebe ele uma determinada obra. Será ela perfeita na medida em que corresponder à imagem concebida pelo artesão. Também um músico e sua composição, um engenheiro e a casa que faz. O músico tem um determinado plano de harmonia e ele compõe uma música para exprimir aquilo que lhe está no espírito. A música será tanto melhor, quanto melhor ela for a expressão da harmonia que está na cabeça do músico.

      “Enfim, a ideia é de que sempre que uma causa age bem, o efeito é parecido com a causa. Quanto mais perfeita é a causa, tanto mais o efeito é parecido com ela. Quanto melhor o professor, tanto melhor o efeito; quanto melhor o músico, tanto mais perfeita a harmonia, etc.

Conclusão:

      “Deus sendo perfeitíssimo, convinha que o universo fosse perfeitíssimo. Perfeitíssimo não querendo dizer que tenha a maior perfeição possível, mas que tenha um alto grau de perfeição. Para o universo ter esse alto grau de perfeição, naturalmente era preciso que o universo fosse muito parecido com Deus, porque a perfeição do efeito está em sua semelhança com a causa.

      “Fica provado, portanto, que a perfeição do universo consiste em se parecer com Deus. As criaturas não podem ter toda a semelhança com Deus, mas apenas refletir alguma perfeição do Criador”. Portanto, a desigualdade é um bem em si mesma.

     Voltaremos ao tema.

https://www.pliniocorreadeoliveira.info/DIS_1957_antiigualitarismo09.htm

1 COMENTÁRIO

  1. De fato, as desigualdades naturais são boas e as desigualdades entre as hierarquias humanas também. No entanto, isso não significa que toda desigualdade entre os homens é querida por Deus ou que a redução delas ou, em alguns casos, sua eliminação, se benéficas para a sociedade como um todo, são pecaminosas.

    A escravidão é uma desigualdade perversa que não encontra mais lugar em nosso mundo, e a Igreja tem papel central no fim desta instituição maligna. A igreja elevou os antigos escravos a servidão feudal, que é um estado de maior dignidade. E a Igreja promoveu a Rerum Novarum pensando sobretudo na exploração dos trabalhadores que por vezes faziam jornadas de 15 horas por dia, sem férias ou fins de semana.

    Algumas desigualdades de renda advém de práticas econômicas muito questionáveis do ponto de vista técnico e também ético, como usura e especulação. Hoje estima-se (Chang, 2009) que pelo menos 80% das movimentações de ativos financeiros como ações e derivativos são puramente especulativos, constituem muitas vezes ganhos enormes sem incremento da produtividade e, hoje, possívelmente são responsáveis não só por muitas crises mas também pela aceleração do coeficiente de Gini em muitos países.

    Não é necessário querer abolir as classes sociais ou a estatização dos meios de produção para combater tais coisas. E quando CRISTÃOS se omitem a denunciar esses males, logo ocupam o espaço os socialistas que vocês tanto temem.

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