O Instituto Plinio Corrêa de Oliveira realizou no dia 22 de agosto, no auditório do Clube Homs, na capital paulista, mais uma de suas concorridas reuniões, desta feita para ouvir o Prof. Ibsen Noronha, da Universidade de Coimbra.
Apresentou-o o Engº Adolpho Lindenberg, presidente da entidade, destacando a afinidade de pensamento do conferencista com o IPCO, sua formação na UnB, obra e títulos — professor de História do Direito Português, História do Direito Romano e Administração Pública na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra — e o relevante fato de ser o primeiro brasileiro a lecionar na histórica Faculdade.
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O Prof. Ibsen iniciou sua exposição com um preito de gratidão ao Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, de quem havia recebido valiosa orientação para seus estudos, particularmente sobre a noção de Cristandade e sobre como ver e entender o mundo luso.
E afirmou que “pensar a vocação dos povos numa época marcada pela tentativa feroz de diluir todas as formas de diferenças num caldeirão global é, de si, uma ousadia”. Recordando a célebre distinção entre povo e massa, feita pelo Papa Pio XII e indagando o que vem a ser uma civilização, particularmente a civilização cristã, sustentou que a vocação comum a Portugal e ao Brasil foi, e continua sendo, ajudar a edificar esta última. O caráter providencial dessa vocação se faz patente pela desproporção entre os meios empenhados e os efeitos alcançados.
Refutando uma visão economicista da gesta lusitana, enumerou testemunhos históricos acerca dos objetivos nacionais portugueses, imbuídos sempre da noção do “serviço de Deus”, como condicionava o rei D. João I para empreender a conquista de Ceuta. Citou a esse propósito o historiador sul-africano Sidney Welsh e a inglesa Elaine Sanceau, insuspeitos porque não católicos. Quanto ao Brasil destacou, entre outros, D. João III, que determinava no Regimento do Primeiro Governador-Geral: “Eu, El Rei, faço saber a vós, Tomé de Sousa, fidalgo de minha casa, que, em quanto serviço de Deus e meu… a principal coisa que me moveu a mandar povoar as ditas terras do Brasil foi para que a gente dela se convertesse à nossa santa Fé católica”.
O embebimento do Brasil nascente por essa transcendente visão de mundo transparece claramente no célebre Triunfo Eucharístico celebrado em Ouro Preto em 1733 para a inauguração da nova Matriz de Nossa Senhora do Pilar e narrado por Simão Ferreira Machado: “Excede as povoações de toda a América este opulento Emisfério das Minas, onde avulta, mais que as riquezas, o fausto dos Templos, e a preciosidade dos Altares. A nobilíssima Villa Rica, mais que esfera da opulência, he teatro da Religião; develhe Portugal grandiosos auxílios, e quantiosos redditos: sem dúvida os mayores a Coroa do Monarca; a América a gloria, e afluência das riquezas, que lhe reparte; todo o Mundo o copioso, e fino ouro, que recebeu em seus Reynos; mas sobre tudo deve Portugal ao Brasil, e todo o Mundo, hum continuado, e de presente novo exemplo de Christandade”.
Concluiu o Prof. Ibsen: “A ideia de construção de Cristandade aparece cristalina nessa passagem do Triunfo. Portugal e Brasil, nesta obra, são irmãos de vocação!”
A exposição ensejou muitas perguntas do público, respondidas com brilho e precisão pelo conferencista, após o que um coquetel propiciou animado convívio entre os numerosos presentes.
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Estimado Edson,
Não se tratou apenas de uma conferencia, e sim uma aula MAGNA proferida pelo prof. Ibsen Noronha, que nos enche de orgulho, como brasileiros, poder contar com este compatriota lecionando em uma das mais respeitáveis instituições de ensino no mundo. Parabéns ao prof. Ibsen e ao Instituto Plinio Correia de Oliveira.